Via RBA -
Programas
que preveem aquisição de alimentos oriundos do modelo familiar podem sair
prejudicados apos denúncias de esquema de corrupção; Apeoesp defende CPI.
“É da natureza do 'tucanato' todas as formas
possíveis de fazer uma arrecadação financeira com corrupção em todos os
programas. No metrô de São Paulo, em todos os programas de privatização e, em
todos outros programas. Nenhum foi apurado”, diz João Paulo Rodrigues,
coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em
entrevista à Rádio Brasil Atual, ele lembra o esquema de corrupção
envolvendo merendas das escolas da rede pública estadual de São Paulo e
políticos do PSDB.
O MST teme que esse escândalo seja utilizado
para os interesses do agronegócio, prejudicando a agricultura familiar no
estado. Atualmente, existem programas estaduais, como o Alimentação Escolar,
que prevê o uso de até 35% da verba para a compra de alimentos oriundos do
modelo familiar. “Precisamos separar e defender os programas sociais, em nível
estadual e federal, de compra de alimentos”, disse Rodrigues.
“Há uma pressão muito grande, em especial
por setores do grande capital que atuam na agricultura, para acabar com esses
programas, pois eles beneficiam o pequeno agricultor. Então, as acusações devem
servir para pegar os culpados que se utilizaram desses programas para a
corrupção, e não acabar com eles”, defende o coordenador.
A Cooperativa Orgânica de Agricultura
Familiar (Coaf) é a principal investigada no escândalo da merenda, que envolve
diretamente o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez
(PSDB). A Coaf recebeu, apenas em 2015, R$ 11,2 bilhões da Secretaria da
Educação, pela venda de suco de laranja para escolas. A cooperativa ainda é
acusada de fraudar contratos de merenda e financiamentos públicos, com
pagamento de propinas de até 10% para políticos tucanos.
Para a presidenta do Sindicado dos
Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel de
Azevedo Noronha, a Bebel, o alto custo dos contratos é incondizente com a má
qualidade das merendas. “Fazem estes contratos bilionários com merenda de baixa
qualidade. Devemos fazer uma grande luta em torno desta questão."
A Apeoesp propõe a instauração de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia para investigar o esquema que
envolve nomes do núcleo político do governador tucano Geraldo Alckmin. Até o
momento, a abertura da CPI conta com 19 assinaturas, sendo que são necessárias
32. Assinaram, por enquanto, os 15 deputados do PT e dois do Psol, do lado da
oposição, além de um parlamentar do Solidariedade e do próprio acusado,
Fernando Capez.
Para o líder do PT na Casa, Geraldo Cruz, a
assinatura de Capez abre caminho para instaurar de fato a CPI. “O
posicionamento do Capez coloca uma situação difícil para os deputados que não
querem assinar. Afinal, quem está sendo acusado assina. Por que os outros
não?”, questiona. “Vamos tentar convencer outros deputados, e também, conversar
com movimentos sociais para fazer esta movimentação para instaurar a CPI.”



