CARLOS CHAGAS -
Não
há hipótese de Executivo e Legislativo continuarem em conflito até o fim do
ano. Nem até o fim do mês, quanto mais ao final dos mandatos de seus titulares,
daqui a três anos e cinco meses. Muito antes disso o país estará posto em
frangalhos, com um Poder engolindo o outro como na velha piada em que de noite
um cidadão colocou dois grilos numa caixa de fósforos, imaginando que na manhã
seguinte estaria vazia, já que um comeria o outro. Ignora-se apenas que
segmento nacional restará por último, depois da canibalização dos demais.
Militares? Igreja Católica e Igrejas Pentecostais? Empresariado ou centrais
sindicais? Crime organizado, com os traficantes à frente? Agronegócio ou
latifúndio? Ministério Público, Judiciário ou Polícia Federal? Multinacionais
ou intelectualidade universitária?
Quem
quiser que opine, mas pela primeira vez desde a chegada dos portugueses, com
breve e limitado interregno dos holandeses, a unidade nacional encontra-se em
xeque. Para sorte nossa, jamais tivemos governadores tão medíocres e
incompetentes, caso contrário a secessão estaria na rua, muito antes da
sucessão.
A
Federação faz tempo tornou-se uma ficção, na medida da fraqueza dos Estados,
mas como a União se esfacela, sobrará o quê? Um aglomerado de forças incapazes
de atuar em uníssono. No máximo, cada município se tornará independente, com
moeda própria, passaporte e forças armadas.
O
triste nessa história de horror é não haver saída nem milagres. Desapareceram
os salvadores da pátria, que só conturbariam o processo se aparecessem agora.
Sequer sobrou o Lula, última das desesperanças a mergulhar nas profundezas. Das
promessas imaginadas e imaginárias, ninguém emerge.
DEVOLUÇÕES
FAJUTAS
Dos lados da Operação Lava Jato delatores prometem devolver à Petrobras
247 milhões de reais roubados da empresa. Outros bandidos já teriam entregue
296 milhões. Esse gesto deveria servir para agravar suas penas, pois se
roubaram tanto, muito mais continuará em poder de amigos e familiares. O ideal
para o poder publico seria confiscar-lhes todo o patrimônio, até os chinelos.



