Por RICARDO KOTSCHO - Via blog do autor -
Meu comentário na véspera da abertura dos trabalhos terminava assim:
"Para o PT, o melhor que pode acontecer em Salvador é não acontecer nada".
E foi exatamente o que se viu nos três dias do 5º Congresso Nacional do PT, em Salvador, na Bahia.
Terminou tudo em zero a zero.
Com a direção partidária e o governo petista igualmente
enfraquecidos, não havia clima para grandes mudanças, muito menos
confrontos.
Para animar os debates, foram discutidas propostas de recriação da
CPMF e rompimento da aliança com o PMDB, mas nada disso entrou no
documento final chamado "Carta de Salvador".
As críticas ao ajuste fiscal do ministro Joaquim Levy e à política de
alianças, que agitaram o clima antes do encontro, ficaram restritas aos
grupos mais radicais. Nem a proibição do financaimento empresarial de
campanhas, uma decisão que a executiva do partido já havia adotado, foi
incluída nas resoluções do 5º Congresso.
No ano em que completou 35 anos de fundação e 12 no poder central, o
PT sai de Salvador com os mesmos problemas e sem uma definição sobre os
rumos a seguir a partir das eleições municipais do próximo ano.
A presidente Dilma centrou sua fala de 50 minutos em explicar as
atuais dificuldades na área economica, que garantiu serem passageiras, e
elencou pontos de uma agenda positiva como o programa de concessões e o
plano safra.
Lula, por sua vez, surpreendeu ao ler um discurso, em vez de falar de
improviso, como costuma fazer, repetindo críticas à imprensa e aos que
querem criminalizar o partido, pregando uma volta às origens.
Passada a régua, pouco sobrou para reanimar a militância. Parece que
todos concordaram num ponto: ainda virão tempos difíceis pela frente e é
melhor não fazer marola.



