14.6.15

PELO FIM DO ESTADO ASSASSINO

FRANCISCO CHAVES - 


"Nessa viagem pela América do Sul, nós representantes da Caravana 43 América do Sul, agradecemos ao povo de Córdoba, de Rosário e de Buenos Aires, na Argentina. Agradecemos ao povo de Montevidéu, no Uruguai. Agradecemos aos povos de São Paulo, de Porto Alegre e do Rio de Janeiro, no Brasil. Peço que sigam apoiando esse mapa desde Ayotzinapa,onde iniciou-se nossa caravana, e aqui onde a nossa representação culmina nessa cidade brasileira com a exigência do aparecimento de nossos 43 irmãos levados vivos.Queremos a presença total de nossos companheiros levados vivos, queremos eles vivos e livres.

Em nossa viagem pela América do Sul, vivemos as dores de outros povos latino americanos, queremos justiça para os crimes cometidos contra o povo argentino, ao povo uruguaio e as vítimas da ditadura brasileira. Chega de crimes cometidos pelo Estado Assassino. Queremos justiça aos nossos companheiros feridos em 27 de setembro. Que sigamos pedindo justiça contra todos esses crimes de Estado ocorridos no México e em outras regiões dessa latino américa." Francisco Sánchez Nava, 21 anos, filho de camponeses e estudante sobrevivente ao ataque.

A Caravana 43 América do Sul passou por Córdoba, Rosário e Buenos Aires, na Argentina. Montevidéu, no Uruguai . São Paulo e Porto Alegre, antes chegar ao Rio de Janeiro. Nela viajam parentes dos estudantes desaparecidos e um estudante sobrevivente ao ataque de Ayotzinapa.
Na sexta passada, às 17 horas, na Cinelândia, a Caravana 43 América do Sul encerou sua passagem em território brasileiro, estavam na praça Floriano Peixoto - Hilda Legideno Vargas, mãe de Jorge Antonio Tizapa Legideno, normalista desaparecido com 21 anos de idade, originário de Huamantia, Tlaxicala - o casal Hilda Hernández Rivera e Mário César Gonzáles Contreras, mãe e pai do normalista César Manuel González Hernández, originário de Tlxila Guerrero e desaparecido com 20 anos de idade - e Francisco Sánchez Nava, 21 anos, filho de camponeses e estudante sobrevivente ao ataque.

Todas as participações da Caravana 43 América do Sul foram voltadas pelas denúncias contra os crimes cometidos pelo Estado mexicano, eles exigem que todos os responsáveis por essas ações criminosas chegam julgados, não só os que cometeram diretamente as ações, mas, principalmente os mandantes, políticos e governantes, também sejam levados à justiça; tanto a justiça formal quanto a justiça popular, a justiça das lutas populares, a justiça dos movimentos.

A delegação da Caravana 43 que fechou no Rio de Janeiro sua programação na América do Sul, com os discursos de seus integrantes, com a participação solidária de grupos do Rio de Janeiro que ajudaram a construir essa caravana.

Em nossa cidade a Caravana foi organizada pelo Coletivo de Apoio aos estudantes da Escola Normal de Ayotzinapa no Rio de Janeiro que contribuiu com todos os seus esforços para que a passagem da Caravana 43 no Rio de Janeiro. Eles passaram um dia inteiro na Favela da Maré, um encontro muito forte, de grande aprendizado humano com moradores de favelas, familiares das vítimas do Estado e da sua força policial e do exército brasileiro, que oprimem e diariamente os moradores da favela da Maré, onde adquiriram um vínculo de solidariedade mútua.Eles também estiveram no dia 11 de junho com diversos grupos e etnias indígenas, não só do Rio de Janeiro como de outros estados, que com eles estiveram para prestarem sua solidariedade.

No dia 12 de junho, pela manhã, fizeram a entrega no Consulado do México, situado na rua Machado de Assis, no Catete, para entregarem um manifesto assinado por diversas organizações do Rio, que abordava em seu conteúdo todas as exigências que ao longo da Caravana foram manifestadas pelos numerosos movimentos da América do Sul, que organizaram as atividades da Caravana 43. Durante a tarde, na UERJ, houve um debate inspirado no exemplo do ensino de várias décadas da Escola Normal Rural Raul Isidro Burgos e das outras escolas normais rurais mexicanas, que praticam uma educação popular, uma educação totalmente comprometida e ligada aos movimentos de base, e por ser educação tão transformadora que levou Ayotzinapa a se tornar um alvo do terrorismo de Estado.