Por VANESSA MARTINA SILVA - Vai Opera Mundi -
“Uma ameaça não usual e extraordinária à segurança nacional dos
Estados Unidos”. Essa foi a definição dada pelo presidente
norte-americano, Barack Obama, à Venezuela, governada por Nicolás
Maduro. A declaração, proferida nesta segunda-feira (09/03), precedeu o
anúncio de sanções econômicas a sete venezuelanos.
Obama
declarou a existência de uma “emergência nacional” e manifestou
preocupação com relação à suposta violação de direitos humanos na
Venezuela após os protestos violentos realizados no ano passado e que
mataram 43 pessoas, além de deixar milhares de detidos.
A
declaração de “emergência nacional” permite que o presidente aplique
sanções além do que fora aprovado pelo Congresso. Parlamentares já
haviam aprovado em 10 de dezembro do ano passado sanções a 56 oficiais e
Obama as ratificou em 18 de dezembro, mas somente hoje foram anunciados
os nomes dos afetados.
“Oficiais venezuelanos passados e
presentes que violaram os direitos humanos de cidadãos venezuelanos e
estão envolvidos em atos de corrupção pública não serão bem-vindos aqui e
nós temos agora as ferramentas para bloquear seus ativos e uso do
sistema financeiro norte-americano”, disse o porta-voz da Casa Branca
Josh Earnest, em um comunicado.
“Estamos profundamente
preocupados com a escalada do governo venezuelano contra seus
adversários políticos. Os problemas venezuelanos não podem ser
resolvidos com a criminalização da dissidência”, acrescentou Earnest,
que também pediu a libertação de políticos detidos por suposto
envolvimento em um golpe de Estado contra o presidente Maduro.
As
pessoas sancionadas pertencem ao alto escalão da segurança e justiça do
governo Maduro e terão os bens e investimentos nos EUA bloqueados, além
da entrada proibida no país. Cidadãos norte-americanos também podem ser
proibidos de fazer negócios com eles. De acordo com um alto funcionário
norte-americano, em declarações à agência Reuters, o setor petroleiro
não será afetado pelas medidas. Os Estados Unidos são o principal
comprador do petróleo venezuelano. O setor industrial também não sentirá
o impacto da sanção.
Os Estados Unidos mantêm sanções contra 19
países, entre eles Rússia, Ucrânia e Síria. Apenas dois deles são
americanos: Cuba e Venezuela.
Repercussão
No Twitter, a
chanceler do país, Delcy Rodríguez, informou que o encarregado de
negócios nos Estados Unidos, Maximilien Arveláiz, foi chamado
“imediatamente” para consultas.
O anúncio dá também em meio a uma
disputa entre EUA e Venezuela com relação ao tamanho do corpo
diplomático que cada país pode ter. Maduro ordenou na semana passada a
redução da quantidade de funcionários da embaixada dos EUA em Caracas de
100 para os mesmos 17 que seu governo mantém em Washington.
Já
Ricardo Patiño, chanceler do Equador, disse que a Unasul (União das
Nações Sul-Americanas) não permitirá a “intervenção estrangeira” na
Venezuela, nem um “golpe de Estado” no país.
Mais cedo, o
secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, fez um chamado para que
Venezuela e Estados Unidos se aproximem por considerar que esta seria a
única saída para a crise na Venezuela.