CARLOS CHAGAS -
Decidiu o Procurador Geral da República não denunciar ninguém junto
ao Supremo Tribunal Federal, mas apenas pedir a abertura de inquérito
para os suspeitos de envolvimento no escândalo da Petrobras que são
parlamentares. Os que já foram e não são mais serão julgados pelo juiz
Sérgio Moro, na primeira instância da justiça Federal do Paraná.
Aguarda-se para a próxima semana a iniciativa de Rodrigo Janot, bem
como a imediata resposta do relator dos processos, ministro Teori
Zavascki, da mais alta corte nacional de justiça, determinando a
abertura dos inquéritos.
Antes, havia deputados e senadores à beira de um ataque de nervos.
Agora, muitos já se encontram em tratamento, certos de integrar a lista
do Procurador. Não dá para relacionar quais, menos para evitar acusações
falsas, mais por conta da possibilidade de omissões.
Preveem-se julgamentos demorados, abrindo-se a cada um dos
participantes da lista amplo direito de defesa. Haverá investigação
particularizada em cada caso. Os parlamentares continuarão desempenhando
suas funções, mas será difícil atuarem como se nada tivesse acontecido.
Não foi apreciada, até hoje, a emenda constitucional de autoria do
ex-senador e agora deputado Jarbas Vasconcelos, que determina a imediata
perda de mandato para quem tiver sido condenado pelo Supremo. Sendo
assim, os possíveis sentenciados a penas de prisão, se não renunciarem,
passarão pelos Conselhos de Ética e, depois, pela votação em plenário.
Estará em aberto a esdrúxula situação de um deles ter sua prisão
decretada pelo Supremo mas continuar deputado ou senador, ainda que sem
poder exercer o mandato na cadeia.
Em suma, jamais o último capítulo, mas certamente um dos mais
emocionantes dessa novela de horror estará sendo encenado a partir,
provavelmente, da terça-feira. Quanto às ameaças à integridade física de
Rodrigo Janot, haverá que aguardar as diligências da Polícia Federal,
mesmo parecendo impossível terem partido de algum parlamentar.
MELHOR ABRIR O LEQUE
A Câmara dos Deputados recusou seguir o exemplo do Senado, que
designou uma comissão de senadores para viajarem à Venezuela, examinando
supostas lesões aos direitos humanos praticadas naquele país. Parece
melhor evitar que a moda pegue, pois já havia gente candidatando-se a
voar para a Arábia Saudita e adjacências.