IGOR MENDES -
Com muitas, certamente. A primeira, que salta
aos olhos, é a afirmação de que representam a mudança, feita pelos candidatos
que lideram as pesquisas. Vejam só, até mesmo Dilma, concorrendo para realizar
o quarto mandato petista, diz representar o ensejo de mudança das ruas...Na
verdade, Dilma, Marina e Aécio são, todos eles, a situação. Não há oposição
–para além da retórica e uma ou outra medida cosmética. O fato de que os
principais “doadores” das campanhas milionárias sejam rigorosamente os mesmos
comprova o que dizemos, com uma exatidão matemática.
Aécio Neves escancara o seu direitismo
fazendo da redução da maioridade penal refrão de campanha. Mas não foi o
governo Dilma e sua base aliada que puseram em marcha, no Congresso Nacional, a
lei antiterrorismo, mais draconiana em vários aspectos que a Lei de Segurança
Nacional do regime militar? Na década petista os arquivos da repressão política
permaneceram trancafiados e a infame lei de anistia não foi tocada. Nesse sentido
também se pronunciou Marina Silva, a qual, aliás, já declarou guerra ao aborto
–na verdade, guerra às mulheres. A “nova política” de Marina, na realidade, é
tão velha quanto a vassourinha de Jânio Quadros, da qual nos separam longos
cinqüenta e tantos anos.
Todos dizem que a economia vai “voltar a
crescer”, e acrescentam, com “distribuição de renda”. Delfim Neto, Papa
econômico do regime militar, foi resgatado juntamente com o seu bolo de triste
memória. Pois bem, como crescerá a economia? Crescerá (na verdade tudo indica
que não crescerá) exportando bens primários e instalando indústrias
transnacionais, para cá atraídas pelos baixos salários pagos aos nossos
trabalhadores e abundância de recursos naturais –além de outras benesses como
isenção de pagamento de impostos e empréstimos de pai pra filho dos bancos
ditos públicos. E uma economia que “cresça” apoiada em tais pilares não pode
fazer mais que eternizar a miséria e a concentração de renda.
Quanto aos candidatos da “esquerda” também
contribuem com a mentira institucional, legitimando essa farsa eleitoral e
fazendo crer à população que nesse jogo de cartas marcadas há espaço para
pluralidade e dissensões. Prometendo o fim da exploração capitalista com o voto
nas suas legendas, rivalizam realmente com os principais candidatos no quesito
enganação. E os trabalhadores, que pela dura experiência do seu cotidiano de
apertos sabem que as coisas não são assim tão simples, não lhes dão ouvidos nem
votos.
Apesar das mentiras, o rechaço às eleições
cresce incessantemente e com ele, o que é mais importante, a consciência de que
as grandes e verdadeiras mudanças não virão das urnas. Porque afinal, como diz
a sabedoria popular, pode-se enganar muitos por muito tempo, mas não se pode
enganar todos todo o tempo.