12.9.14

COM QUANTAS MENTIRAS SE FAZ UMA ELEIÇÃO?

IGOR MENDES -
Com muitas, certamente. A primeira, que salta aos olhos, é a afirmação de que representam a mudança, feita pelos candidatos que lideram as pesquisas. Vejam só, até mesmo Dilma, concorrendo para realizar o quarto mandato petista, diz representar o ensejo de mudança das ruas...Na verdade, Dilma, Marina e Aécio são, todos eles, a situação. Não há oposição –para além da retórica e uma ou outra medida cosmética. O fato de que os principais “doadores” das campanhas milionárias sejam rigorosamente os mesmos comprova o que dizemos, com uma exatidão matemática.
Aécio Neves escancara o seu direitismo fazendo da redução da maioridade penal refrão de campanha. Mas não foi o governo Dilma e sua base aliada que puseram em marcha, no Congresso Nacional, a lei antiterrorismo, mais draconiana em vários aspectos que a Lei de Segurança Nacional do regime militar? Na década petista os arquivos da repressão política permaneceram trancafiados e a infame lei de anistia não foi tocada. Nesse sentido também se pronunciou Marina Silva, a qual, aliás, já declarou guerra ao aborto –na verdade, guerra às mulheres. A “nova política” de Marina, na realidade, é tão velha quanto a vassourinha de Jânio Quadros, da qual nos separam longos cinqüenta e tantos anos.
Todos dizem que a economia vai “voltar a crescer”, e acrescentam, com “distribuição de renda”. Delfim Neto, Papa econômico do regime militar, foi resgatado juntamente com o seu bolo de triste memória. Pois bem, como crescerá a economia? Crescerá (na verdade tudo indica que não crescerá) exportando bens primários e instalando indústrias transnacionais, para cá atraídas pelos baixos salários pagos aos nossos trabalhadores e abundância de recursos naturais –além de outras benesses como isenção de pagamento de impostos e empréstimos de pai pra filho dos bancos ditos públicos. E uma economia que “cresça” apoiada em tais pilares não pode fazer mais que eternizar a miséria e a concentração de renda.
Quanto aos candidatos da “esquerda” também contribuem com a mentira institucional, legitimando essa farsa eleitoral e fazendo crer à população que nesse jogo de cartas marcadas há espaço para pluralidade e dissensões. Prometendo o fim da exploração capitalista com o voto nas suas legendas, rivalizam realmente com os principais candidatos no quesito enganação. E os trabalhadores, que pela dura experiência do seu cotidiano de apertos sabem que as coisas não são assim tão simples, não lhes dão ouvidos nem votos. 
Apesar das mentiras, o rechaço às eleições cresce incessantemente e com ele, o que é mais importante, a consciência de que as grandes e verdadeiras mudanças não virão das urnas. Porque afinal, como diz a sabedoria popular, pode-se enganar muitos por muito tempo, mas não se pode enganar todos todo o tempo.