10.9.14

A FARSA DA HISTORIA DO BRASIL. A INDEPENDÊNCIA, ABOLIÇÃO E A REPÚBLICA, TUDO ENTRE ASPAS CHEGAMOS Á “DELAÇÃO PREMIADA”. ESPERAMOS QUE SEM ASPAS E SEM IMPUNIDADE

HELIO FERNANDES

Incautos, ingênuos, informados ao contrário, festejaram o sete de setembro, a fraude da independência. Não devem esquecer de abrir champanhe para a fraude da abolição, a fraude da República, a fraude da democracia, conspurcada por 125 anos de ditadores com ligeiras interrupções.

Os empresário principalmente da “Casa Grande e Senzala” (Gilberto Freire), os senhores dos escravos, quase todos usineiros, ganharam 9 meses de “prorrogação”, com a Lei do Ventre Livre”,onde a Princesa Isabel assinou enquanto o pai se divertia na Europa.

O Sete de Setembro transferiu para Portugal, com um brasileiro de “menoridade”, toda a fortuna que Cabral havia descoberto por acaso. Como não éramos independentes, ficamos na mesma situação, escravos da exploração portuguesa, da forma ultrajante como os outros de pele negra, que eles mesmos importaram, exploraram enriqueceram.

Foi a primeira derrota daquela belíssima geração, que um ano depois perderia a República, exatamente no momento em que acreditavam na vitoria, no progresso, na conquista. Foram surrupiados por dois marechais cavalarianos, que mal podiam subir no cavalo.

Já envelhecidos, incompetentes, sem credibilidade, abriram caminho para o domínio dos militares. Por causa de Floriano e Deodoro, a República nasceu militar, militarista e militarizada e jamais usou roupa civil.

Como consequência estamos completando 125 anos da fraude da democracia, Não saímos do lugar, o que está na bandeira, “Ordem e Progresso”, é uma iniquidade. Deviam colocar pelas mãos dos próprios militares, “Desordem e Retrocesso”. Pelo menos seria mais coerente.

Façam as contas. Desperdiçamos 41 anos da “republica velha”. 15 anos da primeira ditadura. 10 anos de 45 a 55 quando o ditador foi derrubado, deixou a “vida  para entrar na história”. Mas depois o Brasil continuou no mesmo desencontro com suas aspirações. Fomos sempre o “país do futuro”, só que esse não chega nunca.

Em 1956 veio Juscelino que governou o tempo inteiro, nos bastidores as coisas eram diferentes. Depois de JK, os sete meses do “trefego peralta”, (Janio Quadros) que queria mais poderes mas trouxe poderes apenas para os generais. Sem falar nos tumultuados tempos de João Goulart. Todos falsos e incompetentes. 

Agora, a realidade: a delação premiada 

Somando tudo, chegamos a 98 anos, se contarmos pelo alto. Assim dos 125 anos sobram naturalmente 27. E se colocarmos o impeachment, a redução do mandato operada por FHC, que tinha certeza que perderia para Lula, No Poder, rasgou a Constituição, comprou a reeleição. Não pode ser incluído em nenhum mensalão, pagou a vista.

Agora surgiu esse diretor da Petrobras, que movimentou 10 bilhões como diretor de abastecimento da Petrobras. Nem precisava ser esclarecido, para saber que no Brasil, ninguém movimenta 10 bilhões da maior empresa do Brasil, sem ter que jogar uma parte por aqueles janelões da Avenida Chile.

Há mais de 50 anos, Ademar de Barros, interventor e governador de São Paulo, consagrou o “rouba mas faz”. Morreu de morte natural, enquanto o cofre com dinheiro que deixou para a amante, (“doutor Rui”) entrou na história. Pela verdade, e pela mentira dos que se rotularam como autores, e participantes do roubo, estavam bem longe. 

Paulo Roberto Costa: quem sabe faz a hora 

Foi diretor da Petrobras. Ficou de 2004 a 2012, num dos cargos mais cobiçados, desejados e mais prodígios em facilidades, e ninguém soube de nada? Oito anos acumulando fortunas, tendo como chefe na Casa Civil e no Conselho da própria Petrobrás, quem pode acreditar que ela não saiba de nada, e ainda tentou se absolver pela tangente e pela contradição:"Só assinei a autorização para a compra (o grande escândalo destes tempos escandalosos) de Pasadena, textual: "Porque o relatório era falso e sem informação". 

Devia ter sofrido o impeachment ou a renuncia para não ser punida, como aconteceu com Nixon em 1974. Sua afirmação e participação no escândalo de Pasadena, não precisava nem precisa de investigação. A declaração de Dona Dilma é a mais perfeita e completa c-o-n-f-i-s-s-ã-o. 

Paulo Roberto tem que estar coberto de provas e documentos 

Antes de fazer a proposta da "delação premiada", tentou conversar de todas as formas, inclusive com sua antiga chefe, para ver se conseguia se livrar, sem atingir, implicar ou envolver ninguém. Não quiseram recebê-lo, foi ignorado de todos os modos.

Assim só lhe restou o caminho que tomou. Seu advogado começou a conversar (é obrigação do advogado defender e inocentar seu cliente) com as pessoas certas, encontrou receptividade.

Mas com a ressalva-exigência: "Queremos ver as provas". Resposta do advogado: "Mostro cópias, constatarão que não estamos nos arriscando nem fingindo ou mentindo". Gostaram, consultaram superiores, aceitaram.

E começaram os depoimentos. que está sendo "vazado" (desculpem pela palavra, é obrigatória), é o mínimo dos mínimos. Por enquanto, todos os 42 nomes citados, são os rotineiros da corrupção.

Nessa relação enorme de nomes, só uma surpresa:  "Eduardo Campos. Já contei que Paulo Roberto e o advogado examinaram cuidadosamente vantagens e desvantagens de incluir o antigo candidato, atingido pela tragédia. Decidiram que não podiam excluir seu nome, duas vezes vítima do avião. Pelo desastre do acidente, e o fato do avião "pertencer" a laranjas.

PS- Para terminar, por hoje, por hoje. Não consegui saber o limite das acusações feitas por Paulo Roberto. O que me insinuaram sem afirmar: ele deixaria para o fim, nomes mais graduados e tidos como inatingíveis.

PS2- Faltam apenas 23 dias para a eleição, o pânico é geral, afetando principalmente as duas mulheres candidatas. Se forem atingidas daqui para a frente, terão pouco tempo para a defesa.

PS3- Dentro de 20 dias acaba o horário eleitoral. Já perguntei: quem terá coragem de enfrentar o assunto na televisão? Dona Dilma em 12 minutos, Dona Marina em 2. Aécio está tão longe , que não pode nem aproveitar o episódio.

PS4- É possível que de um momento para outro, de improviso, Marina ou Dilma, decidam ir à televisão, me apanhando na contramão. É o jogo jornalístico.

PS5- De qualquer maneira, leviandade e irresponsabilidade, admitir que o ex-diretor de Petrobras por oito anos, ter proposto a "delação premiada", sem documentos ou documentos falsos.

PS6- Se fizessem isso, não ganharia coisa alguma, a pena que receberia se ficasse em silêncio seria dobrada, no mínimo, se o depoimento fosse uma farsa.

PS7- De hoje até a eleição, os votos de Dilma ou Marina podem vir ou sumir da prisão onde está o ex-diretor e não das pesquisas ou das urnas.

PS8- Renan, Henrique Eduardo e o ministro Lobão, não foram ao palanque do Sete de Setembro. Passaram recibo nas denuncias do diretor da Petrobras.