CARLOS CHAGAS -
Só
hoje conheceremos os percentuais de audiência do debate da noite de
ontem entre os presidenciáveis, na TV-Bandeirantes. Com certeza as
novelas ganharam, como ficou demonstrado segunda-feira no debate entre
os candidatos a governador de São Paulo, no SBT. Foram registrados 2.9 %
de telespectadores que assistiram o programa, levando a emissora a cair
da posição de vice-liderança para a quarta colocação.
Caso
não sobrevenham inusitados, os debates seguirão o mesmo caminho.
Primeiro porque são chatos, depois porque o eleitorado não se ligou na
disputa sucessória. Como também pelo mais recente fenômeno político dos
tempos atuais, o desprezo dedicado pelo cidadão comum aos seus pseudo
representantes que, faz muito, nada representam.
Não
há tesão pela eleição, como diria Paulo Scaf. Persiste o sentimento de
revolta expresso nas ruas pela população, há pouco mais de um ano. Mesmo
com o súbito ingresso de Marina Silva na corrida, já ocupando a
pole-position, pouca coisa foi modificada. Dilma, Aécio e Marina
exprimem, para o eleitor, o mesmo conjunto de promessas amorfas,
insossas e inodoras. Até os beneficiados pelo bolsa-familia ou pelo
“minha casa, minha vida” dão de ombros para a troca de diatribes entre
os pretendentes ao palácio do Planalto.
Parece
encerrado o ciclo da participação popular no processo de escolha de
seus governantes. Há que ser inventada outra forma de seleção dos
responsáveis pela condução dos negócios públicos. Não dá para fazer
vestibular ou concurso de provas e de títulos entre eles, como também
parece impossível, graças a Deus, voltarmos ao tempos em que os
alto-comandos militares se reuniam e decidiam sobre quem seria o
general-presidente de plantão. O problema é que assim a equação não se
resolve mais: campanhas e debates ultrapassaram os limites das atenções
gerais. E da paciência nacional.