ANDRÉ BARROS -
Ontem, dia 26 de agosto de 2014, foi condenada uma única pessoa por
conta da manifestação de um milhão na Avenida Presidente Vargas (2013), e
veio a ser justamente alguém que sequer participou da mesma. O Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro manteve a sentença, que condenou Rafael em
regime fechado, reduzindo somente em 4 meses a pena.
Tentei entrar no julgamento, mas fizeram uma sessão secreta em que
puderam entrar alguns advogados que estavam na procuração. Nem a mãe do
Rafael conseguiu assistir ao julgamento de seu filho. Um verdadeiro
absurdo, pois os segredos de Justiça existem para proteger a privacidade
das partes, como nos casos que envolvem direito de família.
Os julgamentos são públicos, pois a sociedade tem o direito de saber
se os juízes estão ou não fazendo Justiça. No caso do Rafael, a Justiça,
envergonhada de sua própria decisão, se escondeu, já que não havia
qualquer razão para o julgamento ocorrer em segredo. Quando o Poder
Judiciário resolve julgar um caso como este de forma secreta, acaba
confessando que não está fazendo Justiça.
O Rio de Janeiro teve a maior população escravizada do planeta. Hoje,
livre do açoite da senzala, a miséria da favela é mantida a balas de
verdade, que atingem crianças no horário e dentro da sala de aula, como
aconteceu recentemente na Cidade de Deus. O Poder Judiciário desta
cidade de raízes monarquistas e escravocratas praticamente só condena
jovens, negros e pobres.
Fica para a história da multidão que tomou a Avenida Presidente
Vargas em 2013 que o único condenado da manifestação é negro, jovem e
pobre. Julguem: será que neste caso os juízes fizeram Justiça?