13.6.14

GOL CONTRA NA ABERTURA DA COPA NO BRASIL: DILMA E BLATTER XINGADOS, NEYMAR E OSCAR APLAUDIDOS. VIOLÊNCIA, ZUEIRA E REPRESSÃO NAS RUAS

DANIEL MAZOLA -
 
A maioria que começou a torcer pelo time do Felipão ontem, não está satisfeita com o time da “gerentona” Dilma Rousseff no Planalto-Alvorada. Como já se esperava, não com tantos manifestantes, afinal futebol no Brasil é uma “religião” e desmobiliza qualquer reivindicação, ocorreram Atos organizados e convocados por diversas entidades, coletivos e organizações no primeiro dia da Copa do Mundo por todo o Brasil.

As manifestações aconteceram de norte a sul, nas principais cidades, em quase todas as capitais. Em alguns municípios, como no Rio de Janeiro, foram duas grandes manifestações com coordenações diferentes.

O Estado Autoritário fez diversas prisões arbitrárias e outros foram feridos, incluindo 4 jornalistas (uma da CNN) manifestantes e membros de diversos coletivos que filmavam ou fotografavam a ação da polícia. Entre eles, 3 integrantes do Coletivo Mariachi, dois no Rio de Janeiro (ambos encaminhados para a 17º DP), e 1 em Belo Horizonte no início da tarde, por estar portando 1 máscara de proteção e 1 agasalho. Na parte da tarde uma integrante da Mídia Ninja foi detida enquanto transmitia o ato. Ela permanece na 6º DRPC em Belo Horizonte, juntamente com mais 11 pessoas. 

Alegria em campo, violências nas ruas. A falha do lateral Marcelo no jogo de estreia foi um símbolo irônico da situação que vivemos. Trazer a Copa para o Brasil foi um gol contra. Durante os preparativos para a abertura da Copa, a Polícia Militar mais uma vez deu um show de repressão contra manifestantes com sua truculência habitual, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. 

Ato reúne 4 mil no Rio de Janeiro e termina com repressão 

Convocado e organizado pelo Comitê Popular Rio da Copa e Olimpíadas, o ato Nossa Copa é na Rua, teve concentração que começou às 10 da manhã na Candelária. Ao meio dia cerca de 4 mil pessoas começaram a caminhar no sentido Cinelândia. 

Esse ato se juntou a outro convocado pela Plenária dos Comandos de Greve das Categorias em Luta. O protesto contra as injustiças da Copa também acabou sendo estimulado pela greve dos Aeroviários, exibindo muitas faixas e bandeiras, os manifestantes denunciaram: a concessão do Maracanã, as remoções na cidade e a repressão contra os trabalhadores. Eles fecharam totalmente as duas pistas da Avenida Rio Branco, de onde seguiram depois para os Arcos da Lapa.

O protesto contou com a presença de ativistas e militantes da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), comandos de greve dos servidores da cultura, das universidades e colégios federais, do SINASEFE, do SEPE, da FALE-RIO, do SINDIPETRO, ANEL-RJ e de outras entidades. Além deles, militantes do PSOL, PCB e PSTU também participaram com suas colunas.

PM reprime com violência e dispersa manifestantes 

O ato seguiu tranquilo até a chegada aos Arcos da Lapa. Quando se encaminhava para o final, policiais próximos ao carro-de-som detiveram um manifestante, dando início à uma grande confusão muito truculenta. Cercada por parte da manifestação a PM reagiu violentamente e dispersou a multidão a base de spray de pimenta e bombas de efeito moral.

Apesar da ação violenta da Polícia Militar, que ocupou quase toda a região dos Arcos da Lapa, uma parte dos manifestantes continuou pacificamente embaixo dos Arcos e o restante se dispersou organizadamente. A ação repressora dos governos com certeza será um das marcas da “Copa das Copas”. Imagens de manifestantes sendo agredidos e de jornalistas machucados vão correr o mundo. Mas o movimento popular, sindical e estudantil não se deixarão intimidar e seguirão nas ruas até a finalíssima na Arena Maracanã. 

Diversas pessoas ocuparam as ruas do Rio com muita animação e puxando diversos cantos

♪"Ô balancê balancê/ escuta o que eu vou te dizer/ Copa das Greves Brasil vai perder/ E o mundo inteiro vai ver". "Se você pensa que essa Copa é nossa/ Essa Copa não é nossa não/ Essa Copa é dos Empresários, da FIFA e do Patrão". "Olelê olalá/ A Rocinha quer saber onde o Amarildo está". 

Panfletos de diversos movimentos foram sendo distribuídos durante o ato: professores, tarifa zero, feministas, mídia democrática, contra a violência policial, etc. A manifestação também contou com o apoio dos motoristas de ônibus e passageiros que ficaram parados no sentido oposto da Avenida Rio Branco.

PM-RJ: uma câmera na mão, e um cassetete na (sua) cabeça 

Durante o jogo de estreia da seleção, outra manifestação ocorreu, desta vez em Copacabana, na Zona Sul, organizada pela Frente Independente Popular (FIP-RJ). Cerca de 600 pessoas protestaram.

Às 16h33, ocorria a concentração do ato “NÃO VAI TER COPA! FIFA GO HOME!” na Praça Cardeal Arco Verde, na esquina da rua Barata Ribeiro com a Rodolfo Dantas. Eram centenas de manifestantes e um policiamento intenso. A Força Nacional também estava por lá.

17h50: O ato caminhava pela orla de Copacabana, gritos como: "Aldeia Resiste", "Fifa go home" e "Não vai ter Copa" eram puxados. Houve pequenas correrias, mas o ato seguiu ocupando as ruas lindamente. A Polícia acompanhou pelos lados.

Nesse momento chegou a informação que um manifestante conhecido como 'seu Jorge' acabava de ser detido e levado para dentro de um ônibus na Cardeal Arco Verde, onde foi revistado sem acompanhamento de advogados. Estava sendo acusado de posse de artefato explosivo.

Advogados do DDH participaram com o objetivo de sempre, ajudar juridicamente nas prisões arbitrárias. Por fim a manifestação chegou no Forte de Copacabana e todos foram embora, pelo menos por hora. 

Combatividade e Resistência marcaram o início da farra da Fifa em SP 

A luta começou cedo ontem na região das estações Carrão e Tatuapé do metrô da capital paulista. No entanto, antes mesmo de seu início, o aparato repressivo às ordens do Velho Estado reacionário e da Fifa já estavam posicionados para intimidar a revolta do povo. 

Além de efetuar revistas aleatórias em manifestantes e até em jornalistas, a PM estava com um efetivo jamais visto em todas as estações ao longo da linha 3 vermelha - linha que atende o trajeto. 

Enquanto iniciavam uma bela concentração, manifestantes começaram a ser encurralados por dezenas policiais da tropa de Choque e força tática, até que começaram a ser brutalmente reprimidos com bombas de gás e efeito 'moral'. Na ocasião, a população que passava pela estação Carrão questionava a razão de tamanha truculência e, outros da janelas dos prédios, balançavam toalhas brancas em repúdio à repressão.

Uma nova concentração logo foi realizada a poucas quadras. Milhares se unificaram e passaram a ocupar a rua onde se localiza o Sindicato dos Metroviários. Movimentos populares e juventude combatente seguiram unidos por cerca de 40 minutos até serem novamente encurraladas pelo Choque. Barricadas foram erguidas e a resistência se manteve organizada. Para evitar coisa pior, parte do ato seguiu nas dependências do sindicato, mas muitos combatentes, entre vários idosos, seguiam firmes ocupando a via, mesmo com o disparar de bombas.
Os manifestantes se dirigiram à estação Tatuapé onde foi realizado um 'catracaço'. As forças de repressão logo trataram de proteger o lucro do transporte e isolaram a estação, causando seu fechamento e prejudicando pessoas em busca de transporte. O Shopping 'Tatuapé', ao lado, também foi fechado. Arbitrariedades e prisões em carros pretos sem identificação foram ocorrendo.
Vaias e o melhor da Abertura 

Além das vaias que ecoaram pela Arena Itaquerão, para Dilma e Blatter, merecidamente, o único momento que realmente valia a pena, foi cortado pela mídia televisiva, e colocado para escanteio.

Do original "chute de meio de campo", "evento principal", o resultado foi um segundo de exibição ao vivo, jogado para escanteio de campo. Foram mais de 30 anos de dedicação de Miguel Nicolelis e sua equipe no projeto Walk Again para serem desmerecidos pela ganância de uma corporação especializada em “vender circo”, manipular e dominar.

Parabéns Nicolelis e à sua equipe, pelo maravilhoso progresso que forneceu a humanidade! Vocês são a esperança de milhares de pessoas, e merecem todo o nosso respeito, tempo e valorização! 

A ficha vai cair? 

A grande pergunta do momento é: Será que o ufanismo futebolístico, pintado de verde amarelo, fará muita gente esquecer que o Brasil está no vermelho (político e econômico)? Se o time do Felipão perder, tudo pode mudar, e o processo do fim de Dona Dilma deve rapidamente se precipitar, com o descontentamento popular saindo do controle, para desespero dos poderosos de plantão.

Enquanto a confusão não começa, o Brasil é mergulhado, midiaticamente, no clima do patriotismo de chuteiras. Mas a conjuntura não mudará em função desta torcida ou distorcida. Se a Copa do Mundo será nossa, mês que vem saberemos. Por enquanto, ostentamos o destroféu da Insensatez eleitoreira e desadministrativa e precisamos nos livrar, depressa dessa Taça. 

Fenômeno de casaca 

Espremido em um paletó dois números menores que seu manequim, Ronaldo Nazário é o emblema perfeito desse modelo decadente e tristemente afetado de cobertura que a Globo impôs ao futebol brasileiro.

Ao lado de Galvão Bueno, cuja verborragia há muito ultrapassou os limites do ridículo, Ronaldo virou um profeta de platitudes, a comentar o verde do gramado e a luz do luar.

Logo ele, tão “envergonhado” dos atrasos da Copa, acabou obrigado, como obediente funcionário em seu uniforme engomado, a participar da alegre festa cívica da Globo.

Esta, celebrada com tantos sorrisos plásticos e clichês ufanistas que faz até a gente pensar se toda a aquela tropa levemente histérica não estaria, na verdade, perdendo a razão. E nós, vidrados na telinha, fazendo papel de babacas.

Se no Brasil tivesse lei de meios, como na Argentina, o nosso país iria ter transmissão da Copa do Mundo pela TV Pública e você não precisaria pagar para NÃO ouvir os jogos da seleção sendo narrados pelo Galvão Bueno (ladeado de “comentaristas” “coxinhas”) pela enésima vez.

*Com informações dos Coletivos RioNaRua e da Agência de Notícias Alternativas.