DANIEL MAZOLA -
A maioria que começou a torcer pelo time do Felipão ontem,
não está satisfeita com o time da “gerentona” Dilma Rousseff no
Planalto-Alvorada. Como já se esperava, não com tantos manifestantes, afinal
futebol no Brasil é uma “religião” e desmobiliza qualquer reivindicação,
ocorreram Atos organizados e convocados por diversas entidades, coletivos e
organizações no primeiro dia da Copa do Mundo por todo o Brasil.
As manifestações aconteceram de norte a sul, nas principais
cidades, em quase todas as capitais. Em alguns municípios, como no Rio de
Janeiro, foram duas grandes manifestações com coordenações diferentes.
O Estado Autoritário fez diversas prisões arbitrárias e outros foram feridos,
incluindo 4 jornalistas (uma da CNN) manifestantes e membros de diversos
coletivos que filmavam ou fotografavam a ação da polícia. Entre eles, 3
integrantes do Coletivo Mariachi, dois no Rio de Janeiro (ambos
encaminhados para a 17º DP), e 1 em Belo Horizonte no início da tarde, por
estar portando 1 máscara de proteção e 1 agasalho. Na parte da tarde uma
integrante da Mídia Ninja foi detida enquanto transmitia o ato. Ela permanece
na 6º DRPC em Belo Horizonte, juntamente com mais 11 pessoas.
Alegria em campo, violências nas ruas. A falha do lateral
Marcelo no jogo de estreia foi um símbolo irônico da situação que vivemos.
Trazer a Copa para o Brasil foi um gol contra. Durante os preparativos para a
abertura da Copa, a Polícia Militar mais uma vez deu um show de repressão
contra manifestantes com sua truculência habitual, principalmente no Rio de
Janeiro e São Paulo.
Ato reúne 4 mil no Rio de Janeiro e termina com repressão
Convocado e organizado pelo Comitê Popular Rio da Copa e
Olimpíadas, o ato Nossa Copa é na Rua, teve concentração que começou às 10 da
manhã na Candelária. Ao meio dia cerca de 4 mil pessoas começaram a caminhar no
sentido Cinelândia.
Esse ato se juntou a outro convocado pela Plenária dos
Comandos de Greve das Categorias em Luta. O protesto contra as injustiças da
Copa também acabou sendo estimulado pela greve dos Aeroviários, exibindo muitas
faixas e bandeiras, os manifestantes denunciaram: a concessão do Maracanã, as
remoções na cidade e a repressão contra os trabalhadores. Eles fecharam
totalmente as duas pistas da Avenida Rio Branco, de onde seguiram depois para
os Arcos da Lapa.
O protesto contou com a presença de ativistas e militantes da
Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), comandos de greve dos servidores da
cultura, das universidades e colégios federais, do SINASEFE, do SEPE, da
FALE-RIO, do SINDIPETRO, ANEL-RJ e de outras entidades. Além deles,
militantes do PSOL, PCB e PSTU também participaram com suas colunas.
PM reprime com violência e dispersa manifestantes
O ato seguiu tranquilo até a chegada aos Arcos da Lapa.
Quando se encaminhava para o final, policiais próximos ao carro-de-som
detiveram um manifestante, dando início à uma grande confusão muito truculenta.
Cercada por parte da manifestação a PM reagiu violentamente e dispersou a
multidão a base de spray de pimenta e bombas de efeito moral.
Apesar da ação violenta da Polícia Militar, que ocupou quase
toda a região dos Arcos da Lapa, uma parte dos manifestantes continuou
pacificamente embaixo dos Arcos e o restante se dispersou
organizadamente. A ação repressora dos governos com certeza será um das
marcas da “Copa das Copas”. Imagens de manifestantes sendo agredidos e de
jornalistas machucados vão correr o mundo. Mas o movimento popular,
sindical e estudantil não se deixarão intimidar e seguirão nas ruas até a
finalíssima na Arena Maracanã.
Diversas pessoas ocuparam as ruas do Rio com muita animação e
puxando diversos cantos
♫♪"Ô balancê balancê/
escuta o que eu vou te dizer/ Copa das Greves Brasil vai perder/ E o mundo
inteiro vai ver". "Se você pensa que essa Copa é nossa/ Essa Copa não
é nossa não/ Essa Copa é dos Empresários, da FIFA e do Patrão".
"Olelê olalá/ A Rocinha quer saber onde o Amarildo está".♫♪
Panfletos de diversos movimentos foram sendo distribuídos
durante o ato: professores, tarifa zero, feministas, mídia democrática, contra
a violência policial, etc. A manifestação também contou com o apoio dos
motoristas de ônibus e passageiros que ficaram parados no sentido oposto da
Avenida Rio Branco.
PM-RJ: uma câmera na mão, e um cassetete na (sua) cabeça
Durante o jogo de estreia da seleção, outra manifestação
ocorreu, desta vez em Copacabana, na Zona Sul, organizada pela Frente
Independente Popular (FIP-RJ). Cerca de 600 pessoas protestaram.
Às 16h33, ocorria a concentração do ato “NÃO VAI TER COPA!
FIFA GO HOME!” na Praça Cardeal Arco Verde, na esquina da rua Barata Ribeiro
com a Rodolfo Dantas. Eram centenas de manifestantes e um policiamento intenso.
A Força Nacional também estava por lá.
17h50: O ato caminhava pela orla de Copacabana, gritos como:
"Aldeia Resiste", "Fifa go home" e "Não vai ter
Copa" eram puxados. Houve pequenas correrias, mas o ato seguiu ocupando as
ruas lindamente. A Polícia acompanhou pelos lados.
Nesse momento chegou a informação que um manifestante
conhecido como 'seu Jorge' acabava de ser detido e levado para dentro de um
ônibus na Cardeal Arco Verde, onde foi revistado sem acompanhamento de
advogados. Estava sendo acusado de posse de artefato explosivo.
Advogados do DDH participaram com o objetivo de sempre,
ajudar juridicamente nas prisões arbitrárias. Por fim a manifestação chegou no
Forte de Copacabana e todos foram embora, pelo menos por hora.
Combatividade e Resistência marcaram o início da farra da Fifa
em SP
A luta começou cedo ontem na região das estações Carrão e
Tatuapé do metrô da capital paulista. No entanto, antes mesmo de seu início, o
aparato repressivo às ordens do Velho Estado reacionário e da Fifa já estavam
posicionados para intimidar a revolta do povo.
Além de efetuar revistas aleatórias em manifestantes e até em
jornalistas, a PM estava com um efetivo jamais visto em todas as estações ao
longo da linha 3 vermelha - linha que atende o trajeto.
Enquanto iniciavam uma bela concentração, manifestantes
começaram a ser encurralados por dezenas policiais da tropa de Choque e força
tática, até que começaram a ser brutalmente reprimidos com bombas de gás e
efeito 'moral'. Na ocasião, a população que passava pela estação Carrão
questionava a razão de tamanha truculência e, outros da janelas dos prédios,
balançavam toalhas brancas em repúdio à repressão.
Uma nova concentração logo foi realizada a poucas quadras.
Milhares se unificaram e passaram a ocupar a rua onde se localiza o Sindicato dos
Metroviários. Movimentos populares e juventude combatente seguiram unidos por
cerca de 40 minutos até serem novamente encurraladas pelo Choque. Barricadas
foram erguidas e a resistência se manteve organizada. Para evitar coisa pior,
parte do ato seguiu nas dependências do sindicato, mas muitos combatentes,
entre vários idosos, seguiam firmes ocupando a via, mesmo com o disparar de
bombas.
Os manifestantes se dirigiram à estação Tatuapé onde foi
realizado um 'catracaço'. As forças de repressão logo trataram de proteger o
lucro do transporte e isolaram a estação, causando seu fechamento e
prejudicando pessoas em busca de transporte. O Shopping 'Tatuapé', ao lado,
também foi fechado. Arbitrariedades e prisões em carros pretos sem identificação
foram ocorrendo.
Vaias e o melhor da Abertura
Além das vaias que ecoaram pela Arena Itaquerão, para Dilma e
Blatter, merecidamente, o único momento que realmente valia a pena, foi cortado
pela mídia televisiva, e colocado para escanteio.
Do original "chute de meio de campo", "evento
principal", o resultado foi um segundo de exibição ao vivo, jogado para
escanteio de campo. Foram mais de 30 anos de dedicação de Miguel Nicolelis e
sua equipe no projeto Walk Again para serem desmerecidos pela ganância
de uma corporação especializada em “vender circo”, manipular e dominar.
Parabéns Nicolelis e à sua equipe, pelo maravilhoso progresso
que forneceu a humanidade! Vocês são a esperança de milhares de pessoas, e merecem
todo o nosso respeito, tempo e valorização!
A ficha vai cair?
A grande pergunta do momento é: Será que o ufanismo
futebolístico, pintado de verde amarelo, fará muita gente esquecer que o Brasil
está no vermelho (político e econômico)? Se o time do Felipão perder, tudo pode
mudar, e o processo do fim de Dona Dilma deve rapidamente se precipitar, com o
descontentamento popular saindo do controle, para desespero dos poderosos de
plantão.
Enquanto a confusão não começa, o Brasil é mergulhado, midiaticamente,
no clima do patriotismo de chuteiras. Mas a conjuntura não mudará em função
desta torcida ou distorcida. Se a Copa do Mundo será nossa, mês que vem
saberemos. Por enquanto, ostentamos o destroféu da Insensatez eleitoreira e
desadministrativa e precisamos nos livrar, depressa dessa Taça.
Fenômeno de casaca
Espremido em um paletó dois números menores que seu manequim,
Ronaldo Nazário é o emblema perfeito desse modelo decadente e tristemente
afetado de cobertura que a Globo impôs ao futebol brasileiro.
Ao lado de Galvão Bueno, cuja verborragia há muito
ultrapassou os limites do ridículo, Ronaldo virou um profeta de platitudes, a
comentar o verde do gramado e a luz do luar.
Logo ele, tão “envergonhado” dos atrasos da Copa, acabou
obrigado, como obediente funcionário em seu uniforme engomado, a participar da
alegre festa cívica da Globo.
Esta, celebrada com tantos sorrisos plásticos e clichês
ufanistas que faz até a gente pensar se toda a aquela tropa levemente histérica
não estaria, na verdade, perdendo a razão. E nós, vidrados na telinha, fazendo
papel de babacas.
Se no Brasil tivesse lei de meios, como na Argentina, o nosso
país iria ter transmissão da Copa do Mundo pela TV Pública e você não
precisaria pagar para NÃO ouvir os jogos da seleção sendo narrados pelo Galvão
Bueno (ladeado de “comentaristas” “coxinhas”) pela enésima vez.
*Com informações dos Coletivos RioNaRua e da Agência de
Notícias Alternativas.