ROBERTO MONTEIRO PINHO -
As constantes e
repetidas vaias, sejam sonoras ou silenciosas, só não ganham da taxa de
rejeição da presidenta Dilma Rousseff, que entre os três nomes que disputam a ponta
da sucessão, é disparada a que soma o maior percentual de rejeição nas
pesquisas de opinião. Quanto mais a presidente se expõe publicamente, mais ela
cai nas pesquisas de intenção de votos. Os estrategistas do PT Boquinha se
debruçam nas planilhas do tempo de TV destinado aos partidos, o chamado
“horário gratuito”, para no curso da campanha na TV, poder aumentar o
percentual das pesquisas de votos, que apontam a pré-candidata Dilma, no
patamar de risco, com 34% do Datafolha e 40% do Ibope.
Volto aqui para
falar novamente da rejeição as candidaturas. Começando por São Paulo, entre os
três principais pré-candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT)
é a mais rejeitada pelos eleitores, justamente onde está maior colégio
eleitoral do Brasil. Senão vejamos: Pesquisa Datafolha divulgada no dia 9 de
junho revela que 61% dos entrevistados não votariam na petista “de jeito
nenhum”. Tanto Aécio Neves (PSDB) quanto Eduardo Campos (PSB) venceria Dilma em
um confronto no segundo turno, considerando apenas os votos de São Paulo. Aécio
alcança 46% da preferência do eleitorado contra 34% de Dilma. Em outro cenário,
Campos aparece com 43% e Dilma mantém os 34%.
Para disfarçar (se
é que conseguiu?) a comandanta Rousseff fez seu pronunciamento em cadeia de rádio
e televisão na noite do dia 10 de junho (terça-feira), para não falar nesta
quinta-feira (dia 12 de junho) durante a cerimônia de abertura da Copa do
Mundo, em São Paulo. Bem lembrado no ano passado, na abertura da Copa das
Confederações, em Brasília, mesmo tendo a aquela altura 60% de aprovação do seu
governo, a presidenta recebeu uma sonora e continua vaia, ao ser anunciada e
ter a imagem exposta no telão. Hoje com as duas últimas pesquisas de 34%
Datafolha e 40% do Ibope, o PT boquinha desaconselhou que a comandanta evitasse
a exposição pública.
O PT
“boquinha" a exemplo de outras eleições, veio no quadro regional mostrar
outra face, a do fisiologismo, fechando, por exemplo, com o Partido
Progressista (PP) PP do deputado federal Paulo Maluf o apoio da legenda à
candidatura do PT e do ex-ministro Alexandre Padilha ao governo de São
Paulo. Assim com a aliança entre as duas siglas, Padilha passa a ter o
maior tempo de TV entre os pré-candidatos ao governo de São Paulo, agora somando
o total estimado de sete minutos e meio por programa político de televisão. A
costura do apoio aconteceu no encontro do ex-presidente Lula com Maluf, quando
foi selada a união do PT e PP em torno da candidata a reeleição Dilma Rousseff.
Horário gratuito
dos partidos e debates pode fulminar a reeleição da comandanta
Com a maior fatia
do horário gratuito da propaganda eleitoral na TV, o PT e a aliança, terá 10
minutos e 44 segundos. Mas o que dizer de uma candidatura que em público não
tem boa colhida? Afinal, até quando o PT boquinha vai conseguir segurar a onda
de rejeição da presidenta? Por outro é provável que nos “debates entre os
candidatos” em redes de televisão a presidente Dilma Rousseff decida não
comparecer.
Nas avaliações, a partir das
planilhas das pesquisas, mesmo aquelas em que a comandanta indicava ampla
preferência do eleitor, nas cidades com menos de 20 mil habitantes, aonde não
chegam jornais, poucos estão conectados às redes sociais e as noticias só
chegam à minoria da minoria, mas que apesar de tudo, somados os votos que
poderiam ser da comandanta Rousseff, esses não suplantam as diferenças de
margem dos outros candidatos juntos, eis que somados os votos, ela perderia.
Ocorre que na tentativa de
reduzir a vantagem do tempo televisivo da propaganda partidária da campanha
reeleitoral da presidente Dilma Rousseff, o pré-candidato do PSDB ao Planalto,
senador Aécio Neves, aposta na aproximação com seis partidos nanicos: PTN, PTC,
PT do B, PMN, PSL e PEN. A investida poderá render cerca de 20 segundos a mais
para o tucano, que, no atual cenário, conta com 3 minutos e 42 segundos a
partir do apoio do tradicional aliado DEM e do Solidariedade (SDD), legenda
ligada à central Força Sindical.
No segundo turno tudo se
iguala, os candidatos tem exatamente o mesmo percentual de tempo
Confirmados os apoios de
PMDB, PDT, PR, PTB, PC do B, PSD, PRB e PROS, a candidata dos “boquinhas”, a
petista Dilma Rousseff terá 10 minutos e 44 segundos de programa eleitoral
gratuito. Se o PP também aderir ao projeto da presidente – e esta é a tendência
no atual cenário -, Dilma ganhará mais 1 minuto e 16 segundos.
O pré-candidato do PSB à
Presidência, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, conta atualmente com
1 minuto e 55 segundos de tempo de TV, a partir dos apoios do PPS, do PHS e do
PRP. Ou seja, poderá ter dificuldades quando o horário eleitoral começar no
rádio e na TV, no dia 19 de agosto. No segundo turno tudo se iguala, os
candidatos tem exatamente o mesmo percentual de tempo, ai pode acontecer à
derrocada da comandanta.
Por outro sobra espaço para
um rearranjo das alianças, já que um grupo do PMDB defende a neutralidade do
partido. Ou seja, a sigla não cederia seus minutos de TV para ninguém. Aécio
também busca o PSD do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, primeiro partido
a anunciar apoio ao projeto reeleitoral petista. O xadrez dos acordos poderá
ser jogado até o fim de junho, quando ocorrerão as convenções partidárias.
O senador Ciro Nogueira (PI),
presidente nacional da legenda PP, está nos planos de Aécio e se conquistar com
o tucano, acrescentará pouco mais de 1 minuto no horário gratuito. Aécio tentou
reverter à tendência de apoio a petista Dilma escalando a senadora gaúcha Ana
Amélia, o presidente de honra do PP, Francisco Dornelles, e o governador de
Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, para pressionarem Ciro Nogueira a pelo
menos manter a neutralidade do partido, o que reduziria o tempo de TV de Dilma.
Aécio ainda não desistiu
dos grandes partidos, mas tenta, paralelamente, garantir os segundos dos
nanicos. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), passou então a
ajudar o pré-candidato tucano ao Planalto. Hoje Aécio negocia com seis siglas.
Os presidentes desses partidos são próximos de Alckmin e o apoiam no Estado.