MIRANDA SÁ -
Tuitando, trago repetidamente duas sentenças: um pensamento de Platão
e um comentário de Oscar Wilde. Platão orienta meu posicionamento
político: “A vida sem questionamentos não merece ser vivida”; e Wilde
reprova a rudeza, o chulo e o grosseiro, ao manifestar: “Nenhum crime é
vulgar, mas toda vulgaridade é um crime".
Sobre a vulgaridade, li uma interessante expressão do jornalista
italiano Pitigrilli, que fez furor nos anos pós-guerra com crônicas
diárias em quase todos os jornais do mundo. Para ele “existem duas
vulgaridades, a exterior e a interior. A primeira se corrige ou não se
corrige; a segunda se esconde por meio da educação”…
Eu diria que ambas as características podem ser corrigidas, sim, pela
educação, sociabilização e civismo. E se não forem eliminadas desse
modo, então devem ser consideradas crime, e condenadas.
Jamais será vulgar quem adota o ditado popular “faz favor e muito
obrigado não custam dinheiro”; e externa civilidade ao se dar “bom dia”,
“boa tarde”, “boa noite”; cedendo lugar nos coletivos aos necessitados;
e dando ao outro, o tratamento que gostaria de receber.
Há, sem dúvida, complexidade nas características particulares,
físicas e psíquicas, por isso pesco na cultura popular com o jargão “em
cada cabeça uma sentença”. Há, por exemplo, necessidade de legislação
para certos comportamentos, como o hábito de fumar. Uma pessoa educada
jamais acenderia um cigarro em interiores ou soltaria a fumaça sobre
mesas num restaurante… Só os trogloditas do século 21.
Antes da ruptura do progresso com a ascensão dos pelegos ao poder, o
Brasil se desenvolvia culturalmente; mas recuou no tempo com a eleição
do apedeuta Lula da Silva, sem instrução e sem modos. Anteriormente
sentíamos que as pessoas educavam-se se afastando da vulgaridade,
independente de classe social, cor, filosofia de vida ou credo
religioso. Hoje estão presentes os antagonismos estimulados pelo
PT-governo jogando negros contra brancos, desconfianças religiosas,
discriminações políticas e o estribilho da impunidade.
Impera entre nós o trogloditismo meio animal. O lado animalesco
carrega a falta de inteligência e o lado humano é dominado pelo
personalismo, atrevimento e desprezo pelo coletivo. Os homens de
Neanderthal do século 21 encarnam o exemplo mais-que-perfeito da
vulgaridade.
Esta minha colocação deve-se a uma leitura antiga, de mais de 40
anos, dos fragmentos do diário de N. S. Rubachov, prisioneiro político
sob o stalinismo: “Os macacos devem ter rido a valer quando o homem de
Neanderthal apareceu pela primeira vez sobre a Terra”:
“Civilizadíssimos, os macacos pulavam graciosamente de ramo em ramo; o
homem de Neanderthal era desajeitado e andava colado no chão. Os
macacos, saciados e pacíficos viviam numa atmosfera de jovialidade
artificiosa e requintada; o homem de Neanderthal pisava no mundo
pesadamente, distribuindo cajadadas a torto e a direito".
Os macacos divertiam-se olhando-o do alto das árvores e ficavam
horrorizados por que enquanto comiam frutos e plantas tenras, o homem de
Neanderthal devorava carne crua, matava animais e até seus semelhantes.
Era rude, cruel e primava pela ausência de toda e qualquer dignidade
animal.
“Os últimos sobreviventes da espécie dos chipanzés ainda torcem o nariz, muito enjoados, quando vêem um ser humano.”
Relembrando isto, sinto-me como um macaco, testemunhando a arrogância
e o ar de superioridade dos homens de Neanderthal que pontificam na
vida pública, com espírito vulgar, pesado, desprezível e condenável.
Pergunto-me que autoridade eles teem no Brasil de tantos intelectuais
ilustres e das grandes figuras políticas do passado.
Sempre me desperta a curiosidade de ver o que pensam e fazem os novos
homens de Neanderthal que ocupam o poder no Brasil. Nas suas últimas
façanhas vejo quanto lhes falta de senso moral e como se desviam dos
princípios da ética. É este comportamento pré-histórico se assistiu no
programa da presidente Dilma em redes de rádio e televisão: Mentiu
despudoradamente sobre a Copa dos Roubos, coerente com as precedentes
manifestações contrárias à verdade do seu partido.
Uma semana antes, tivemos também a investida antediluviana do líder
do PT, Vicentinho, contra a cultura, apresentando um projeto que proíbe a
importação de livros de procedência estrangeira, impedindo o
esclarecimento do povo na tentativa lulo-petista de implantar não apenas
a ditadura política que almeja, mas igualmente a ditadura da
ignorância.
Assim, temos o incontestável atestado de como são vulgares os homens
de Neanderthal que presidem nosso pobre País! Eles nos obrigam, como a
elite que somos, a macaquear nas redes sociais contra sua criminosa
vulgaridade.