Via A Nova Democracia -
"Esquece tudo que você já viu... vamos fazer a melhor eleição do
Brasil”. É assim que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a facção do
velho e podre Estado brasileiro encarregada de montar a farsa eleitoral a
cada dois anos, está gastando o dinheiro público em propaganda de rádio
e TV para tentar mais uma vez enganar o eleitorado, desta feita
induzindo-o a uma completa amnésia.
A QUEM INTERESSA O ESQUECIMENTO
As classes dominantes brasileiras,
serviçais do imperialismo, principalmente ianque, promovem a cada dois
anos uma grotesca farsa, através da qual buscam difundir no seio do povo
a ilusão de que vivemos numa democracia, onde o povo elege seus
representantes para gerir os destinos do país, dos estados e municípios.
Durante o processo eleitoral são gastos
rios de dinheiro em propagandas mistificadoras, além das mais variadas
formas de suborno e chantagem. Ao assumirem os postos de mando da
República aproveitam para, em primeiro lugar, assegurar a política de
subjugação nacional, garantindo os privilégios do imperialismo no país,
para, em seguida, promoverem a mais inescrupulosa transferência de
recursos do povo para meia dúzia de saqueadores da nação, através dos
instrumentos por eles criados para este fim como renúncia ou incentivo
fiscal, financiamentos a perder de vista, anistias de dívidas, tudo isto
sacramentado através de “idôneas” instituições como BNDES, Banco do
Brasil, Caixa Econômica Federal e outras.
Beneficiadas por estes espúrios
processos, as oligarquias querem que o povo esqueça suas maracutaias e
acredite que eles vão fazer “a melhor eleição do Brasil”. Para quem,
cara pálida?
CONVÉM NÃO ESQUECER
Apesar dos arautos das classes
dominantes tentarem impingir ao povo a cultura do esquecimento, da
subserviência e da acomodação, não é isto que vem acontecendo em nosso
país, como tão bem deixaram claro os protestos da juventude a partir de
junho do ano passado, das greves que eclodem a cada mês e das revoltas
que explodem todo dia nos bairros pobres e favelas dos grandes centros e
pelo interior do país afora.
Não há como o povo esquecer que a
miséria e as desgraças de que padece têm origem ou causa no sistema de
exploração e opressão dessa velha ordem e nos desmandos praticados por
todos estes politiqueiros pertencentes as mais variadas siglas, as quais
em um ou outro momento tiveram sua oportunidade de gerenciar o velho
Estado.
Se focalizarmos apenas os últimos
cinquenta anos convém não esquecer que foram estas mesmas classes
dominantes de grandes burgueses e latifundiários, que em conluio com o
imperialismo, deram o golpe militar que infelicitou, por mais de vinte
anos, a vida da nação ao assegurar a dominação imperialista semicolonial
do país e a vigência da exploração semifeudal das massas, aprofundando a
reprodução deste capitalismo burocrático que aí está.
Convém não esquecer que a transição do
regime militar para a democracia burguesa se deu em torno da figura
canhestra de um José Sarney, destacada liderança civil do regime
militar. Com a derrota das “Diretas já”, Sarney foi eleito, como vice do
conservador Tancredo Neves, num colégio eleitoral reduzido ao Congresso
Nacional, tornando-se presidente da república em razão da morte do
titular no dia da posse. Se com Tancredo na presidência, nem a mais
mínima alteração da natureza de classe dominante do Estado representava,
com Sarney a passagem do gerenciamento militar aos civis ficou
assegurado, sem quaisquer abalos.
Convém não esquecer que esta “esquerda”
de fancaria, que ora gerencia o velho Estado, é a mesma que fez o acordo
de paz com os milicos, representado na lei de anistia a qual eles
protegem até os dias de hoje, assegurando a impunidade dos criminosos do
regime militar-fascista: torturadores e assassinos, executores e
mandantes.
Convém não esquecer que estes mesmos
personagens e partidos, ocupantes do presente cenário político nacional,
aprovaram leis de privatização e desnacionalização do patrimônio
nacional, aprofundando mais ainda a condição semicolonial do Brasil.
Convém não esquecer que estes políticos e
suas siglas, a serviço das classes dominantes, aprovaram a lei de
simulacro de reforma agrária a qual possibilitou o aumento da
concentração da terra no Brasil e deu asas ao “agronegócio” responsável
pela monocultura de exportação com gado, soja, milho, laranja, álcool,
algodão e destruição desbragada do meio ambiente. Política agrária que
criminaliza a luta dos camponeses pobres pela terra e restringe a
produção de alimentos para os trabalhadores do campo e da cidade.
Convém não esquecer que são estes mesmos
políticos saídos da farsa eleitoral e por ela legitimados, renova a
cada dois anos, os responsáveis pela política financeira de pilhagem,
que entrega anualmente cerca de 40% da arrecadação nacional para os
bancos nacionais e internacionais, sob a forma de pagamento de juros e
serviços das dívidas externa e interna em detrimento de investimentos na
saúde, na educação, na moradia e no transporte público do povo
brasileiro.
Convém não esquecer que estes mesmos
políticos representantes das classes dominantes e do imperialismo têm
assegurado de forma permanente o genocídio indígena em nosso país ao não
respeitarem seus territórios e sua cultura.
Convém não esquecer que a militarização
da sociedade e a criminalizaçãodo povo pobre é a política destas classes
dominantes, amparadas em leis aprovadas por seus representantes no
parlamento, para tentar impedir o levante popular em busca do
atendimento de suas justas reivindicações.
FARSA PARA LEGITIMAR EXPLORAÇÃO E OPRESSÃO
Este breve levantamento das ações
praticadas pelos políticos dos vários partidos, a serviço das classes
dominantes lacaias do imperialismo, principalmente ianque, mostra
perfeitamente a que serve tais eleições. Elas são fundamentais para que,
sob o apanágio de uma “democracia” que só serve a uma meia dúzia e que
recebe o pomposo título de “Estado Democrático de Direito”, o povo seja
submetido a toda essa exploração responsável pela inexistência de
mudanças básicas em sua vida.
PREPARAR AS CONDIÇÕES PARA A REVOLUÇÃO
Denunciar
o caráter destas eleições e as tentativas de empulhação deste
apodrecido Estado de manter as massas na camisa-de-força da farsa
eleitoral é só o início da grande tarefa que esta realidade nos cobra.
Aumentar o nível de mobilização, politização e organização das massas no
sentido de formar as linhas de forças para a Revolução de Nova
Democracia para que nosso povo possa vivenciar uma nova política, uma
nova economia e uma nova cultura.
Finalmente, convém não esquecer que para
se fazer uma revolução, o requisito fundamental é a existência de um
verdadeiro partido revolucionário e na época atual: o partido
revolucionário proletário. Partido que seja diferente e contrário a todo
este rebotalho de siglas que compõem o Partido Único da traição
nacional.
*Texto de Fausto Arruda.