A “república dos banqueiros”, mais conhecido como Brasil, está a poucos dias da “Copa das Copas”, e mesmo com 12 estádios dados de bandeja para alimentar a corrupção e negócios eleitoreiros, nossos “dedicados e honestos” empreiteiros ignoram todos os prazos firmados com a organização do megaevento. Nunca se viu tanta corrupção, desorganização e descompromisso na história das Copas como nessa de 2014. Essa “gente” se julga intocável, e talvez realmente seja. Nada menos que dois terços da receita do PMDB em 2013 foi “doada” pelo maior grupo transnacional privado do Brasil, a Odebrecht.
Na
nossa “economia de mercado” burguesa, a empreiteira Norberto Odebrecht, em três
parcelas, mandou R$ 11 milhões para os cofrinhos peemedebistas. Revelado na
prestação de contas do partido à Justiça Eleitoral, o valor chamou a atenção
porque supera, em muito, os R$ 6,1 milhões (ou R$ 7,5 milhões em números
corrigidos pela inflação) doados na campanha de 2010. A segunda maior
contribuição de empreiteiras para o PMDB foi de “apenas” R$ 500 milhões da
Andrade Gutierrez (que tem antigas e fortíssimas relações com Wellington
Moreira Franco, hoje “ministro” da Aviação). Não bastasse o nefasto
financiamento privado de campanhas eleitorais, (uma das aberrações
‘democráticas’ mais conhecidas na “república dos banqueiros”, ou seria
“república das empreiteiras”), também existe esse financiamento privado para os
“partidos” políticos.
Falar
em reforma política (VERDADEIRA) no Brasil é algo inimaginável, os partidos
hegemônicos NUNCA farão NADA. Esse estreito laço do PMDB com os maiores
fazedores de obras públicas confirma por que o partido será o grande fiel na
balança da campanha eleitoral deste ano. Taticamente, o partido ensaia uma
providencial traição, caso se confirmem as possibilidades concretas de derrota
do PT (cuja precária hegemonia depende dos peemedebistas). Por isso, alguns
caciques do partido já costeiam o alambrado para pular a cerca em favor de
Aécio Neves, no momento oportuno, claro.
Os
maiores ‘boquinhas’ da política são peemedebistas. Líderes, como o
vice-presidente da República (?), Michel Temer, apenas teatralizam o apoio aos
petistas. A pobre “gerentona” Dilma Rousseff não será uma noiva abandonada no
altar. Será a companheira traída quando a lua de mel for cancelada pela
falência de votos (mesmo sob risco de fraude eleitoral, no dogmático processo
eletrônico que não pode ser contestado via recontagem de votos impressos).
Nesse
frágil jogo de interesses da governabilidade, mentiras e aparências, o chefão
Lula, grande sogrão que patrocina o conflituoso matrimônio entre infiéis, tem
duas cartas na manga para conter a debandada do PMDB. Trata-se do risco de mega
escândalos, como os da Petrobras, na Eletrobras ou nos Correios, atingirem o
PMDB (o que forçaria o partido a não abandonar os petistas). O risco de todos
morrerem afogados é altíssimo.
Outra cartada de Lula é que, tanto quanto o PMDB, ele também tem grande prestígio junto aos dirigentes da Odebrecht. Se valer a lógica do manda quem pode (porque tem grana para financiar o partido) e obedece quem tem juízo, Lula tem poder de convencimento de sobra para manter os peemedebistas no seu barco. O problema (ou solução!) é estarem todos juntos na hora da fatal pancada contra o iceberg da História.
Outra cartada de Lula é que, tanto quanto o PMDB, ele também tem grande prestígio junto aos dirigentes da Odebrecht. Se valer a lógica do manda quem pode (porque tem grana para financiar o partido) e obedece quem tem juízo, Lula tem poder de convencimento de sobra para manter os peemedebistas no seu barco. O problema (ou solução!) é estarem todos juntos na hora da fatal pancada contra o iceberg da História.
Babaquice carimbada
Nesses
tempos de babaquice, a notícia mais importante nos foi dada depois do jantar
festivo da nata dos cronistas esportivos com a Presidente, no Palácio da
Alvorada, pelo jornalista Renato Maurício Prado.
Textual:
“Dilma Rousseff já completou seu álbum de figurinhas da Copa... Já pensou se ela conseguir
concluir, com a mesma velocidade e competência, as obras que seu desgoverno
começa, mas nunca acaba?”. Genial!
AS INJUSTIÇAS DA COPA NO BRASIL
Em recente comunicado, a Articulação Nacional dos
Comitês Populares da Copa (ANCOP), coletivo que reúne de modo particular as populações mais
pobres, atingidas pelas injustiças geradas pela Copa do Mundo de 2014, afirmou
que a Lei Geral da Copa é INCONSTITUCIONAL e autoritária.
Com essa lei não resta dúvidas, fica
escancarado que o Estado (Autoritário de Direito) funciona a serviço das corporações e das empreiteiras.
Abaixo um pequeno resumo do comunicado, e das dimensões do sofrimento do nosso
povo, potencializados pelos dois megaeventos mais badalados do planeta, a Copa e as Olimpíadas.
Moradia
A
Copa intensificou aumento dos despejos e remoções violentas nas cidades
brasileiras. Duzentos e cinquenta mil pessoas com suas famílias estão sendo
desestruturadas, levadas para longe de seus lugares de origem, causando
impactos na saúde, na educação, no transporte público, além da violência física
e psicológica. Tem gente com depressão, se endividando, esperando por soluções
que nunca chegam. São vítimas da especulação imobiliária que expulsa os pobres
das áreas do seu interesse.
Histórias semelhantes de violências contra
populações ocorrem em todo o território brasileiro. Não pedimos essa Copa da
Fifa. Mais do que barrar a Copa, queremos barrar os despejos e remoções no
Brasil. Nossa luta é antes, durante e depois da Copa, para que nenhuma família
brasileira sofra a violência e humilhação de um despejo ou remoção forçada.
Decidimos sair deste encontro com uma grande união para barrar os despejos e
remoções no Brasil. Sairemos juntos daqui numa articulação permanente, e assim
estaremos mais fortes. Por um Brasil sem despejos! Brasil sem remoção! Respeito
ao cidadão!
Trabalhadores e
trabalhadoras ambulantes, catadores e da construção civil
Defendemos
e valorizamos os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras ambulantes vítimas
das arbitrariedades da Fifa e do governo, como a imposição da Lei Geral da Copa
que proíbe o comércio de produtos nas proximidades dos estádios. Enfrentamos a
repressão por parte das prefeituras municipais que estão “higienizando” as
cidades licitando para que grandes empresas controlem as ruas. A Lei Geral da
Copa estabelece zonas de exclusão de 2 quilômetros no entorno das áreas da
Fifa, estádios e áreas oficiais de torcedores com telões, onde apenas os
patrocinadores oficiais poderão comercializar. É necessário fortalecer canais
de comunicação para denunciar os casos de impedimento de trabalho e violações
ao direito dos ambulantes. Também propomos um boicote aos patrocinadores da
Copa, em solidariedade aos ambulantes.
Denunciamos também que as prefeituras tem
dificultado o trabalho de catadores e catadoras de resíduos sólidos nas
cidades-sede da Copa. Na construção civil a velocidade da execução das obras
produziu 8 mortes nas arenas da Copa e mais 3 em outros estádios, e uma
infinidade de acidentes graves. Exigimos que se intensifique o controle sobre a
segurança dos operários nos canteiros de obra e a garantia plena de seus
direitos trabalhistas, como o direito à greve.
Comunicação e Cultura
A
comunicação é um direito humano, desrespeitado pela mídia hegemônica e pelo
Estado. O oligopólio dos meios de comunicação invisibiliza e tenta calar as
lutas populares. Os mesmos que detêm o poder político e econômico, utilizam a
mídia para fomentar uma sociedade mercantilizada, excludente, cheia de
preconceitos e opressões. Reforçando o extermínio da população negra com a
criminalização da pobreza e a esteriotipação da mesma. Enquanto as reais
consequências da Copa da Fifa no Brasil são ocultadas.
Reivindicamos a democratização dos meios de
comunicação, a partir da revisão do marco regulatório da mídia, incluindo uma
revisão da atual regulação das rádios comunitárias para que de fato a
comunicação seja um direito humano, que vocalize a realidade do povo brasileiro
e que seja diversa, popular e emancipadora. Defendemos o respeito aos
midiativistas e à imprensa popular e independente.
Mulheres
As
violações históricas sofridas pelas mulheres são acirradas com a Copa.
Denunciamos o aumento da exploração sexual e do tráfico de mulheres, o
acirramento da mercantilização do corpo feminino - exposto como disponível em
diversas campanhas publicitárias, como a da Adidas, tornando-as mais
vulneráveis a estupros e assédios de diversas ordens. Atingindo
majoritariamente à mulher negra, através da precarização do trabalho e
estereótipos mantidos pela mídia e todos os aparatos institucionais.
Pessoas em situação de prostituição também são alvo
da violência do Estado, que se intensifica no período da Copa do Mundo com a
higienização forçada das ruas, principalmente nas cidades-sede. Ademais, as
experiências das Copas da África do Sul e da Alemanha demonstram que os
megaeventos mercantilizam as vidas e os corpos das mulheres. O Brasil não pode
fazer parte da rota! As mulheres trabalhadoras continuam a ser exploradas e
mesmo nas falas críticas às péssimas condições de trabalho, as companheiras são
invisibilizadas. Continuaremos na luta por melhores serviços públicos e equipamentos
urbanos de qualidade – políticas universais de mobilidade, saúde, moradia e
educação são pautas feministas e merecem total atenção.
Diversidade Sexual
Pretendemos
também estreitar os laços com os movimentos LGBTT, para somar espaços na luta
pelo respeito à diversidade sexual antes, durante e depois da Copa.
Desmilitarização
A
repressão do Estado às manifestações populares que questionaram a Copa
intensificou o caráter de militarização da segurança pública pautada na
identificação dos movimentos sociais como “inimigos internos”. Isto contribuiu
também para dar mais força ao processo histórico de extermínio da juventude
negra e da periferia pela polícia. A juventude deve ser respeitados em seu
direito a se manifestar. O Brasil está vivendo uma escalada autoritária, onde
governo e Congresso buscam criminalizar movimentos sociais. Devemos promover
lutas contra as leis antiterrorista e anti-manifestações. Defender a anistia
dos processados e uma Campanha Nacional pela desmilitarização da Polícia Militar
e desarmamento das Guardas Municipais.
O povo palestino foi atingido diretamente pela Copa
do Mundo no Brasil, uma vez que há um fluxo importante de financiamento saídos
dos cofres públicos para o complexo industrial-militar israelense, sustentando a
política do genocídio e o apartheid contra os palestinos.
Comunidades Tradicionais
Entendemos
que as injustiças aplicadas aos povos originários e tradicionais se agravam com
os megaeventos. O projeto de desenvolvimento trazido com esses eventos impede a
demarcação e titulação de nossas terras. O número de lideranças das comunidades
tradicionais que estão sendo exterminadas e a intensificação dos conflitos
entre indígenas e ruralistas são exemplos disso. A mesma situação enfrenta
os/as pescadores/as de áreas extrativistas de pesca que perdem seus territórios
de vida ameaçados pela especulação imobiliárias, hotéis, construção de portos,
etc.
Vivemos hoje um contexto urbano, onde as lutas das
cidades ganham muito mais pauta, mas entendemos que a mesma força que tira o
direito à moradia é a que não deixa demarcar os territórios. Repudiamos a PEC
215/00 e outros mecanismos que visam impedir novas demarcações e titulações e
abrem precedente para a revisão dos territórios já legalizados. Para enfrentar
esta violência, os povos se organizam em mobilização nacional como forma
de resistência, numa agenda de luta conjunta que culminará no Encontro Nacional
Indígena e Quilombola, entre 25 e 29 de maio, em Brasília. Pela soberania dos
povos aos territórios!
Megaeventos e a
financeirização da Natureza
A
Copa de 2014 está sendo apresentada como copa sustentável, gol verde, parques
da copa, copa orgânica, carbono zero, enfim, uma maquiagem verde que busca
invisibilizar as violações de direitos, colocando a compensação como fato
consumado e validando a economia verde e a mercantilização da natureza como
mais uma falsa solução. Haja visto a quantidade de árvores que estão cortadas
nas cidades da Copa, defendemos a campanha “Quantas copas por uma Copa? Nem
mais uma árvore cortada!”
Crianças e adolescentes
Crianças
e adolescentes estarão em situação de extrema vulnerabilidade durante a Copa em
virtude das férias escolares, associadas à ausência de políticas públicas.
Destaca-se a desvirtuação do papel do esporte, que passa por um duplo processo
de elitização. Primeiro, como mercadoria pouco acessível, com ingressos e
produtos caros. Segundo, como prática restrita a espaços privados e a setores
privilegiados da sociedade. Neste contexto, as grandes máfias da exploração e
do tráfico de pessoas poderão atuar com muita facilidade. É necessário e
urgente criar campanhas de combate à exploração sexual e ao tráfico de pessoas
nas escolas da rede pública, rede hoteleira, proximidades dos estádios e nas
regiões turísticas. Deve ser incluída a capacitação dos profissionais do
turismo e da rede hoteleira, o fortalecimento e ampliação das políticas de
promoção dos direitos das mulheres e crianças e adolescentes. Não à redução da
idade penal.
Mobilidade Urbana
Diante
do cenário de modelo mercadológico de gestão da cidade, é fundamental
reconhecer a bandeira da Tarifa Zero e da PEC 90 (transporte como direito
social) como passos para se criar condições para efetivação do direito à cidade
e da participação popular na gestão das cidades. Combatemos o modelo de
mobilidade urbana que privilegia o transporte rodoviário em detrimento do
transporte de massa, ciclovias, etc. Combatemos também a privatização das
cidades e de seus espaços públicos como praças, ruas, etc.
População de Rua
População de Rua
A
organização da Copa do Mundo tem uma política social para a população de rua:
abandono das políticas integradas, fechamento de equipamentos de assistência
social (albergues e abrigos) e o aumento da violência e repressão das forças da
segurança pública (Guarda Civil, Polícia Militar, etc.). O intuito é expulsar e
coibir a população de rua das regiões centrais das cidades-sede da Copa do
Mundo, gerando clima de insegurança e medo do que pode ocorrer antes, durante e
depois dos jogos. Pelo fim do recolhimento e internação compulsórios.
Copa das Mobilizações
Diante de todo este cenário de violações e demandas
concretas das comunidades e populações atingidas, é necessário fazer desta a
Copa das Mobilizações. Não queremos a violência do Estado, mas a garantia e o
fortalecimento dos direitos. Estar nas ruas durante a Copa do Mundo é um ato de
fortalecimento da democracia e de avanço de um novo modelo de país que avance
na participação direta do povo e na construção de políticas públicas efetivas
em favor da justiça e igualdade social. Conclamamos a população a fazer desta a
Copa das Mobilizações, mostrando ao mundo a força e a alegria do povo
brasileiro em luta!
“Copa sem povo! Tô na rua de novo!”.
Só a luta
transforma!! #copapraquem