21.5.14

Caos paulistano afasta parceiros Alckmin-Haddad

Via 247 e Agência Brasil - 

Governador diz que "greve de motoristas de ônibus é assunto municipal"; Geraldo Alckmin respondeu, dessa maneira, a posição da administração do prefeito Fernando Haddad, que apontou falta de ação da Polícia Militar como responsável por boa parte do caos em São Paulo em razão do movimento; "Se um policial vê que tem um ônibus atravessado numa avenida, ninguém precisa pedir para ele agir, porque ele tem obrigação de ir lá resolver aquilo", disse secretário municipal de Transportes; "A polícia age com certa passividade diante disso", completou Jilmar Tatto; "Policial não dirige ônibus", replicou secretário estadual de Comunicação, Marcio Aith; depois de fecharem uma série de parcerias, Alckmin e Haddad nunca estiveram tão distantes como agora; na noite desta quarta (21), rodoviários anunciaram fim da greve.


Amigos amigos, greves políticas à parte. Esse parece ser o entendimento tanto do prefeito Fernando Haddad como do governador Geraldo Alckmin. Nesta quarta-feira 21, com todas as letras Alckmin procurou deixar no colo de Haddad a responsabilidade pela superação da greve dos motoristas de ônibus. O movimento fechou 9 grandes terminais, garagens de coletivos nas zonas norte e oeste e provocou caos no trânsito, no metrô e nos trens, com engarrafamentos e super lotação.

- Essa greve é um assunto municipal, desviou-se, friamente, o governador.

Mais cedo, falando em nome do prefeito, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, afirmou que boa parte da responsabilidade pelos transtornos sofridos na cidade se deu em razão da postura da Polícia Militar, comandada, em última instância, por Alckmin.

- Essas categorias são muitas vezes violentas, lembrou ele. "Mas a polícia age com certa passividade".
Um novo troco foi dado, mais tarde, em entrevista ao âncora José Luiz Datena, da rede Bandeirantes, pelo secretário de Comunicação do Estado, Marcio Aith.

- Policial não dirige ônibus, alfinetou.

A greve dos motoristas de ônibus foi considerada, por Haddad, como um movimento de "guerrilha" contra a cidade. O sindicato da categoria aprovou, em assembleia com cerca de 3 mil motoristas e cobradores, o reajuste de 10% nos salários oferecido pelo sindicato patronal. Mas uma ala dissidente, comandada pelo sindicalista Edivaldo Santiago, resolveu não acatar a decisão.

Desde ontem, então, grupos de sindicalistas ligados a ele passaram a fechar garagens e terminais de ônibus à força, usando até mesmo armas de fogo para fazer pressão. Ônibus foram esvaziados e atravessados no meio de grandes avenidas, com o objetivo de provocar o caos, o que acabou, efetivamente, acontecendo.

Até a greve, Alckmin e Haddad cultivavam boas relações administrativas. Ambos firmaram uma série de convênio de cooperação entre Estado e Prefeitura no ano passado. No entanto, a avaliação da administração municipal em relação à passividade da polícia sobre o movimento azedou o entendimento. O prefeito não quer sofrer desgaste político com a situação provocada – e o governador muito menos. Às portas da eleição presidencial, em outubro, a tendência é a de que cada vez mais eles se entendam menos. 

Motoristas de ônibus em SP decidem voltar ao trabalho nesta quinta-feira 

Via Agência Brasil - Após quase três horas de reunião, o grupo de motoristas e cobradores de ônibus que liderou a paralisação na cidade decidiu voltar ao trabalho a partir da meia-noite de hoje (21). O encontro ocorreu na Superintendência Regional do Ministério do Trabalho, com a presença dos advogados dos sindicatos patronais e representantes da prefeitura e dos trabalhadores.

Segundo o superintendente do ministério, Luiz Antônio Medeiros, ele irá amanhã (22), junto com os trabalhadores, pedir ao prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que converse com os empresários para que reabram as negociações salariais. “A nossa ideia é buscar uma solução rápida para a greve, levando em conta os interesses dos trabalhadores”, disse o superintendente, acrescentando que as empresas deveriam retomar as negociações com a categoria.

O advogado dos sindicatos patronais, Antônio Roberto Pavani Junior, disse que uma liminar, conseguida pelas empresas, garante o funcionamento de 65% das linhas de ônibus da cidade. De acordo com ele, uma audiência foi agendada para o início da tarde de amanhã no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para julgar o movimento grevista.

“Nós entendemos que as negociações já ocorreram. Foram aprovadas em assembleia. Em virtude disso, não aceitamos esse tipo de movimento, senão você não tem segurança nenhuma. Você aprova uma assembleia do sindicato e amanhã outra facção vem com outro entendimento”, disse o advogado.

Os representantes dos grevistas disseram que não há divergências com o sindicato. Segundo eles, grande parte da categoria não pôde comparecer à assembleia para apreciar a proposta aprovada.

O motorista da Viação Gato Preto, Paulo Martins do Santos, um dos representantes dos trabalhadores, disse que a categoria pode voltar a parar. “O que ofereceram para gente é muito pouco e não sou eu que estou dizendo. É o povo lá fora. Se não reabrirem as negociações, nós voltamos a parar”.

O cobrador Valtércio da Silva, da Viação Sambaíba, reiterou o apoio ao sindicato e disposição para buscar melhor negociação. “Retornaremos ao serviço a partir de amanhã. Não estamos contra nosso sindicato. Nossa reivindicação é contra os empresários”.

O presidente do sindicato da categoria, Valdevan de Jesus Santos, negou falha de comunicação com a categoria e nas negociações e disse que durante a conversa as divergências foram sanadas.