HELIO FERNANDES –
Numa CPI exclusiva, (não para a Petrobras, mas para o PT e o
PMDB) O ex-presidente Gabrielli falou e falhou seguidamente. De 10,30 às 13,45 (cronometrados
pelo presidente e não pelo relator), este se conformou com a atuação como
coadjuvante.
E nessas 3 horas e 15 minutos, silêncio total, quando
permitiram que lesse alguma coisa. Fiquemos portanto na participação do
ex-presidente, que perdeu excelente oportunidade de dar o esclarecimento que o
país todo esperava.
Como a Petrobras não
precisa de defesa, defendeu Dona Dilma
Em alguns momentos deu a impressão de que faria revelação ou
revelações. Inicialmente gastou quase 36 minutos, para citar o óbvio,
vastamente utilizado por outros: “Na época parecia um bom negócio, depois não
foi, hoje, seria certamente”.
Mas como a questão só pode ser examinada no seu tempo, não
adiantou dizer: “O lucro de Pasadena hoje é de 5 bilhões”, acrescentando bisonhamente,
“5 bilhões, muito dinheiro”.
Falsamente engraçado
Parecia que ia dizer alguma coisa importante, afirmou: “Dois
dias depois da assinatura do contrato, (não se lembrava das datas, esqueceu o
que interessava) já estávamos rompidos definitivamente”. Mas em vez de dar as
razões, utilizou a pilheria, a brincadeira sem graça, até mesmo a sacanagem.
Comparou a briga entre Petrobras-Astra a um casamento que
logo, logo, se viu que não deu certo. Textual: “Então tratamos de ver quem
ficava com os bens, com a posse das crianças, era um divórcio”. Numa outra
comparação, falou: “Era um jogo de futebol, só que escalamos os times na
segunda feira, mas o jogo havia sido realizado antes, no sábado”.
As perguntas em
bloco, sem respostas, favorecem o depoente
José Sergio Gabrielli, ria muito, dava a impressão de que
gostava do espetáculo. Um fato incontestável: ele conhece realmente a Petrobras,
a refinaria de Pasadena. E ainda mais e melhor, a nova tecnologia descoberta
nos EUA, de “tirarem gás e petróleo do xisto ou da pedra”.
Levou o assunto para o Texas, perto de Pasadena,
deliberadamente, por que tinha certeza de que “todos ficariam extasiados com
sua aula sobre o assunto”. O plenário não se manifestava, nem contra nem a
favor.
Quem deu demonstrações de “perplexidade com tanta
genialidade oleosa”, foi o presidente Vital do Rego.
Ao encerrar a sessão, fez
tais elogios ao depoente, que ele ficou constrangido, embora satisfeitíssimo.
Ficou divagando, citando fatos sem se lembrar. Então, em vez
de responder, perguntava. Por exemplo: ao falar do preço do barril por dia e
somar por ano: “Alguém aí tem maquininha para mostrar o preço total?”. Waldir
Raupp, presidente do PMDB, fez as contas, mandou para ele, que leu, rindo.
Outras perguntas
Apelou para a “arquibancada”, perdão, para o plenário,
várias vezes, sempre com o refrão monótono e disparatado: “Alguém conhece o
assunto, não sei nada sobre isso”. Quando desceu do alto onde se colocou, e
tratava de assuntos de interesse público, esquecia.
Não se lembrava do nome dos conselheiros, tentou citar
alguns. Não passou de três, depois de consultar vasta papelada, Perguntou se
alguém sabia, ninguém respondia.
A defesa de Dona
Dilma
Como já contestou afirmações da presidente, (hoje da
República, antes do Conselho da Petro), disse textualmente: “O esquema de
funcionamento da administração da Petrobras, é muito complicado. Eu mesmo não sabia
de muita coisa, quando passava por mim, já estava tudo resolvido”.
E o Conselho de Administração, nem precisa decidir, quando
tomam conhecimento, para examinar, nem precisa.
Concluindo: “E nunca é realizada votação”.
Afinal o final: “Eu
não sabia de nada”
Apelou para a lição que aprendeu com o mestre e amigo maior.
Amanhã, vai depor o então diretor Internacional, Nestor Cerveró, jogado para
fora de campo por Gabrielli. Se continuar assim, a CPI deixará de ser notícia.
Na quinta feira da próxima semana, volta Dona Graça.
Tem que desempatar
Já deixei bem claro aqui: ela fez dois depoimentos, um
CONTRA o negócio, o outro mais ou menos a FAVOR. Agora, é o terceiro, para que
lado se encaminhará? É presidente da Petrobras, mas para ela, o importante é
fazer como Gabrielli, defender Dona Dilma.
Agora não será demitida. Mas Dona Dilma, reeleita, como será
o último mandato, pode “utilizar” o tempo para acertar as contas.
E para isso nada melhor do que demitir Dona Graça.
Gabrielli, segundo informes levados a ela, “Já perdeu a eleição para governador
da Bahia”.
“Rubens Paiva não é
desaparecido, ele foi assassinado pela ditadura”
Quem pronunciou essa frase incontestável, inquestionável,
irrefutável e irrevogável, foi Vera Paiva. Filha do deputado barbaramente
massacrado depois de ser torturado no CISA, (da Aeronáutica), foi levado para o
Doi-Codi, onde acabaram com o que restava de sua vida.
Vera e os irmãos, então menininhos e queridos por Rubens e
Eunice (a mãe), levaram esses 43 anos sofrendo não só a ausência, mas também o
desconhecimento do que acontecera com seu corpo.
Morto sabiam que
estava, mas o que fazer nesse tempo?
A farsa da “fuga de Rubens”, (tão meu amigo íntimo, e das
famílias, a dele e a minha que nem preciso publicar o sobrenome), a
“perseguição pelo Alto da Boavista num Volkswagen”, todas as mentiras foram
denunciadas e agora finalmente desmascaradas.
Ministério Público
denuncia cinco militares que participaram do assassinato de um homem doce e
pacífico. Começam a fazer JUSTIÇA
O libelo da filha de Rubens Paiva a respeito dos assassinos
de seu pai, coincidiu com a manifestação do Ministério Público Federal. Na denúncia
que chegou à 4ª Vara Federal Criminal, está dito textualmente: “A morte
(assassinato) de Rubens Paiva, por ser um crime de lesa-humanidade, não prescreveu
nem foi perdoado, pela Lei da Anistia de 1979”.
A mesma base dos
criminosos e assassinos do Riocentro
Não podia ser outro o entendimento. Um dos criminosos que
tentavam prorrogar a ditadura, declarou: “Eu só posso ser indiciado e acusado
com base em Lei Nacional”. Além de assassino sem remorso e sem arrependimento,
idiota.
Está tentando escapar por uma porta que está fechada. Foi
aberta pela Juíza Ana Paula, por causa da óbvia comparação das decisões do
Tribunal DA Haia e dos julgamentos de Nuremberg. (Citados por este repórter).
E agora sem qualquer dúvida, será seguida no caso dos
assassinos de Rubens Paiva.
PS – Ontem, o
Globo publica excelente foto com Rubens Paiva, Eunice e os filhos. Que beleza
de família. Os criminosos serão condenados na certa. Pelo menos 30 anos pelo
assassinato. E outros 30 por fazer sofrer e destruir uma família como essa.
Em 48 horas, o
Ministro Zavascki ANULA decisão do Ministro Zavascki
Surpreendentemente, o Ministro do Supremo, mandou soltar os
13 cidadãos presos como consequência da operação “lava jato”. Não só libertou
os prisioneiros mas anulou todos os processos, ações, investigações, providências
do Ministério Público.
O juiz Federal do
Paraná, que cuidava do caso, e o Ministério Público também do Paraná, pediram
explicações ao Ministro. Motivo: sua decisão, além de surpreendente, era
confusa e praticamente inexplicável.
A intuição do
ex-diretor Paulo Roberto Costa
Enquanto a perplexidade não se esvaía e surgia a realidade
pessoal, jurídica, legítima e já em vigor, o ex-diretor da Petrobras, “sentiu”
ou “intuiu” o que ia acontecer. Então seu advogado já estava lá, (saíram
carinhosamente abraçados) o jatinho também, meia hora depois ele já voava para
o Rio de Janeiro, onde mora.
A Liberdade não vale
mais, todos, menos 1, continuam presos
Recebendo a contestação ou o pedido de informação da Justiça
Federal e do Ministério Público do Paraná, o Ministro do Supremo, outra vez de
forma surpreendente, modifica a própria decisão que estava completando apenas
dois dias. Anula tudo, “os prisioneiros presos, continuam prisioneiros presos”,
menos o ex-diretor da Petrobras.
Paulo Roberto Costa,
nominalmente em liberdade
Na segunda decisão que tornava sem efeito a primeira, o
ministro do Supremo excluía do processo e lógico da prisão, o ex-diretor. A
Justiça e o Ministério Público, alertavam: “Vários presos podem fugir, têm
recursos fantásticos depositados no exterior”.
Todos sabiam a quem a
Justiça do Paraná se referia
Lógico, um é Paulo Roberto Costa, o outro é o doleiro,
famoso e altamente prestigioso e prestigiado, Alberto Youssef. Como a
libertação do Youssef foi anulada, só “quem pode fugir”, é Paulo Roberto Costa.
Que teve mantida a ordem de liberdade, e se aproveitou imediatamente.
Por que não prendê-lo
novamente?
Com todos os Poderes de que dispõe, e já que determinou a
permanência de 11 presos na cadeia, por que não mandou que o ex-diretor da
Petrobras, fosse preso novamente? Seria facílimo, ele viajou para o Rio sem
fazer mistério sobre seu destino.
Mas como nessa reviravolta tudo é surpreendente, o Ministro
do Supremo ressaltou, ressalvou, registrou com nome e sobrenome: o ex-diretor
da Petrobras, Paulo Roberto Costa, continua em liberdade.
Depondo na CPI da
Petrobras, ontem, o ex-diretor é citado
O ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, falou horas
sobre a empresa que presidiu. (Examino seu depoimento em outro local, o que
interessa aqui, é Paulo Roberto). Perguntado “conhecia o senhor Paulo Roberto
Costa?”, respondeu de forma equivocada, excluído o equívoco, mostra a
importância do ex-diretor.
“Controlava todo o
refino e toda a distribuição do petróleo”
Textual: “Em 55 reuniões da Diretoria da Petrobras, só
encontrei uma vez com ex-Diretor de Refino e distribuição de petróleo da
empresa”. Faz uma parada, conclui: “E assim mesmo na Dinamarca, por
COINCIDÊNCIA”.
“Ele viajava a trabalho, e eu ia participar de reuniões com
diretores da Astra, para ver se chegávamos a um acordo”. Gabrielli foi
presidente da Petrobras durante 7 anos, saiu em 2012. (Atas fornecidas por ele).
Paulo Roberto Costa ficou todo esse tempo, foi demitido dos
cargos quando surgiram as denúncias de corrupção. Agora só é chamado de
“ex-diretor”. Em LIBERDADE.
Mas é difícil aceitar, difícil não, IMPOSSÍVEL, que dois
personagens tão importantes, em quase 8 anos, só tenham se encontrado UMA VEZ,
e logo na Dinamarca?
PS – Conheço
muito o edifício da Petrobras, já disse aqui várias vezes: É horroroso e cheio
de “elevadores privativos”, dezenas deles. Por isso, podem ter se
desencontrado.
PS2 – Durante 46
anos fui repórter, colunista, editorialista e diretor da Tribuna da Imprensa.
(De 1962, quando assumi, até 1º de dezembro de 2008, quando tive que
interromper a circulação).
PS3 –
A Petros ficava a 100 ou 200 metros do jornal. Por falta de estacionamento,
quase sempre ia a pé pela Avenida Chile, indo ou voltando do centro. E entrava
no edifício, estava atrás de notícia, encontrar personalidades por acaso.