ALCYR CAVALCANTI -
“Ora, eu cansei de ir ao estádio ver o Corinthians jogar. Nunca tivemos problemas de andar a pé. Anda a pé, vai descalço, vai de bicicleta, vai de jumento. A gente está preocupado em ter metrô para ir até dentro do estádio? Mas que babaquice é essa??”, disse o ex-presidente Lula.
“Ora, eu cansei de ir ao estádio ver o Corinthians jogar. Nunca tivemos problemas de andar a pé. Anda a pé, vai descalço, vai de bicicleta, vai de jumento. A gente está preocupado em ter metrô para ir até dentro do estádio? Mas que babaquice é essa??”, disse o ex-presidente Lula.
A vitória incontestável da seleção brasileira na Copa das Confederações trouxe uma alegria merecida, embora fugaz, a um povo que tem sido constantemente explorado em todos os níveis pelos sucessivos governantes que tem como meta principal se perpetuar no poder. A Copa 2014 já começou no noticiário e principalmente na imensa propaganda que tem sido despejada diariamente através dos jornais e da televisão. O futebol é o esporte das massas, paixão a nível planetário capaz de produzir mortes em serie, mas também capaz de trazer a paz entre nações, interrompendo conflitos como na guerra entre Honduras e El Salvador, mediando o conflito Israel X Palestina e sendo capaz de efetuar jogos em que iranianos e estadunidenses trocaram flores antes da disputa esportiva, onde o futebol ficou acima de tudo. A paixão do futebol explorada por todos os governantes de qualquer matiz politico ou religioso poderia ter sido usada como máquina de propaganda para um suporte politico, porém deveria trazer como contrapartida a melhoria em toda a cidade, deixando para todos nós um legado positivo em transportes, saúde, educação, frentes de trabalho. Em nosso caso não foi.
O Padrão FIFA
A Federação Internacional de Futebol-FIFA estabeleceu um padrão para as competições internacionais realizadas de quatro e quatro anos, o “Padrão FIFA”. Estádios são construídos em um pré-determinado modelo estabelecido à maneira de um “show business” onde prevalece o negócio, o lucro máximo conforme as leis do capital. Dentro dessa lógica o povo, a grande massa fica do lado de fora, a quilômetros de distancia conforme o ditado popular “batendo palma pra doido dançar”. A FIFA estabelece um quase estado dentro dos locais da competição com regras extremamente rígidas que interessa a ela, mas não interessa aos milhões de torcedores do esporte mais popular do mundo. Produtos locais são proibidos, bebidas não são permitidas dentro de um grande circulo em volta das arenas-padrão. Não podemos negar a beleza do “Novo Maracanã” mas também devemos indagar porque uma redução no estádio de 180 mil pessoas para apenas 78 mil? Porque os preços astronômicos padrão europeu, mas que ficam muito distantes da imensa população, acostumada ao churrasco improvisado e da cervejinha bem gelada?. Porque o povo vai ficar proibido de assistir aos treinamentos na Granja Comary?
O Legado da Copa e a “Babaquice”
O brasileiro tem como habito deixar para resolver as coisas na ultima hora, um legado cultural de nossos ancestrais. Mas desta vez nossos governantes deixaram as prometidas melhorias que viriam como um legado para a imensa população nas doze cidades sede, para um futuro incerto. O sistema de transportes nas grandes cidades é péssimo, o transporte de massa (trens e metrô) é relegado ad infinitum para favorecer os empresários donos de empresas de ônibus que financiam as campanhas eleitorais, e cobram os acordos feitos pelos políticos durante o período pré-eleitoral. O metrô carioca embora limitado e deficiente é o menos pior dos transportes da cidade que outrora foi maravilhosa. Cá pra nós presidente Lula o metrozinho carioca embora tenha tido seu projeto inicial modificado, e inexplicavelmente funciona em linha reta e não na chamada malha viária é a única maneira de andar na cidade de São Sebastião, principalmente com as obras inconclusas inventadas pelo prefeito Eduardo Paes, que vai deixar um triste legado para todos nós. Fica uma sugestão para o governador Pezão e para o prefeito Eduardo Paes: “Venham de São Gonçalo, saiam às 7h da manhã com destino Barra da Tijuca, não venham de helicóptero, mas em transporte coletivo, e tragam um relógio para cronometrar o tempo”. Esse é o trajeto que milhares, talvez mais de um milhão de brasileirinhos percorra diariamente para ganhar o honesto pão de cada dia, e quem sabe vestir a camisa amarelinha e torcer pela nossa seleção, apesar de vocês.