8.2.14

LUTA DE CLASSES: DOIS PROJETOS DE PARTIDO EM DISPUTA ABERTA

Via Insurgência -
NOTA - O IV Congresso do PSOL, realizado em Luziânia, representou um grave retrocesso para o partido, no sentido da sua afirmação como um projeto plural, independente, socialista, à altura da nova conjuntura do país e dos desafios da reorganização do movimento de massas. A indicação da pré-candidatura do senador Randolfe Rodrigues à presidência da República e a legitimação de delegados eleitos em plenárias com fraudes e intimidações foram expressões máximas deste retrocesso político e moral imposto ao PSOL neste Congresso.
Cabe um profundo questionamento às decisões tomadas, não apenas pelo comprometimento da democracia, mas também por seu conteúdo político. O sentimento de que a pré-candidatura de Randolfe não representa a maioria da militância é legítimo, tanto por parte dos delegados necessários para viabilizá-la ter sido eleita com expedientes escusos, quanto por não representar as novas gerações e suas aspirações, que se expressaram nas ruas de junho. Ela não está à altura de representar o significado e razão de ser do PSOL em toda a sua história: a de um partido anticapitalista e socialista amplo, de oposição de esquerda. Randolfe não nos representa!
Este retrocesso nos permite chegar às seguintes conclusões:
1) O PSOL está cindido entre dois projetos inconciliáveis. O que obteve leve maioria no Congresso é um projeto de colaboração de classes e institucional, que vai apostar suas fichas para fazer o PSOL trilhar o caminho da institucionalidade para chegar ao poder. Ou seja, é uma repetição caricata do que terminou sendo a trajetória do PT e uma negação do projeto original psolista.
2) A luta pelo PSOL não está encerrada e nem esgotada. É uma luta de médio prazo, pois serão a luta de classes, a intensidade dos ascensos das ruas, bem como o enfrentamento interno ao partido que prossegue, que darão a palavra final sobre o que será o PSOL. Esta luta será, e já é, uma luta duríssima, mas também cheia de possibilidades. Em 2014, a esquerda partidária deve se reagrupar e ganhar as ruas, para defender com seu peso e suas campanhas a concepção de partido que estamos disputando.
3) Consideramos que até a convenção do partido Randolfe é apenas um pré-candidato. Mantemos a defesa da realização de uma Conferência Eleitoral a ser realizada sem os vícios do Congresso, que reabra o debate da indicação do partido à candidaturade presidente da República. Este fórum deverá também decidir o perfil programático e de alianças do partido. Uma Conferência Eleitoral é um direito democrático da militância psolista. E considerando as circunstâncias do Congresso, não é possível outro mecanismo para construir a legitimidade de uma candidatura.
4) Colocamos o nome do companheiro Renato Roseno à disposição dos setores do partido que se propõem a continuar a luta por uma candidatura que represente a conjuntura aberta em junho e as posições de esquerda do partido.
5) Mantemos a defesa do Bloco de Esquerda como espaço estratégico de unidade das forças de esquerda no partido, necessário para a luta pela afirmação do PSOL como partido de oposição de esquerda programática e socialista, mesmo se uma parte das companheiras e companheiros que o compõem optarem por apoiar a pré-candidatura Randolfe.
6) Afirmaremos de forma muito clara nos espaços do partido, nas ruas e nas lutas sociais, um perfil de programa de esquerda para a disputa eleitoral.
7) Atuaremos ativamente para que os setoriais do partido se contraponham a todos os posicionamentos da candidatura Randolfe Rodrigues que neguem o acúmulo partidário.
8) Estimularemos a aprovação de moções e resoluções de defesa da Conferência Eleitoral por diretórios do partido, nos moldes do que foi feito no Paraná e no Ceará, levando em conta o contexto específico de cada estado ou município.
Brasil, 02 de fevereiro de 2014.
Coordenação Nacional da Insurgência