HELIO
FERNANDES –
A luta pelo poder parece que entrou nos trilhos, apesar
do governador de Pernambuco dizer que Dona Dilma e seu governo estarem fora
deles. Foi um discurso contundente, duro, violento, incisivo, conclusivo,
definitivo. Dona Dilma não gostou, ficou revoltada. E até Aécio Neves se sentiu
atingido.
Por enquanto, e a partir de agora, a sucessão do fim de
ano tem situação e oposição. Dona Dilma convocou logo reunião, não sabe como
reagir, acreditou que a campanha fosse nesse tom e nesse rumo até outubro, que
maravilha viver.
O
governador mostrou que é candidato para valer, não coadjuvante
Não poupou ninguém. Atirando em Dona Dilma, com uma
arma automática de repetição mortal, tudo a ver. Ela é a adversária, não podia
ficar naquela incerteza, um dia a favor o outro também. Deixando que ela
disparasse nas pesquisas, enquanto o ainda governador só falava ou deixava que entendessem,
“que ele pretendia apenas chegar ao segundo turno”.
É quase certo que haverá segundo turno, quem quiser
trabalhar no Planalto e morar no Alvorada, tem que ir para as ruas dialogar com
o povo, sem restrições.
E Campos fez isso de forma retumbante. Não livrou Dona
Dilma, era o que todos esperavam. Haja o que houver o candidato (a) a ser
alvejado era e é a presidente no cargo e querendo a reeleição.
Campos
atirou em Dilma, acertou Aécio e Marina
O discurso de Campos, pelo texto, pelo tom vibrante e
afirmativo, de 0 a 10, merece nota 100. Disse textualmente para Dona Marina que
estava ao lado: “O candidato do Partido Socialista sou eu. Se você quiser ser
vice, nenhuma restrição”. Mas nenhum apelo para que Dona Marina se junte a ele.
Nem o protocolar “será benvinda”, foi pronunciado pelo candidato.
Começou
a campanha de verdade
Quem quiser pode refutar: “Não mudou nada, Dona Dilma tem
o Poder, nas próximas pesquisas, aparecerá em primeiro lugar, como sempre”.
Sofreu apenas uma queda, assustadora, (para ela, o PT e apaniguados, depois de
6 de junho. Não entendeu nada do que estava acontecendo, acumulou bobagens em
cima de bobagens, aparentemente houve alguma recuperação.
Campos
dispersou a auto-confiança de Marina
Na entrevista-apresentação da entrada no partido de
Campos, Marina se mostrava altiva e altaneira, embora não tivesse razões para
isso. Quando perguntaram a ela, “será vice do governador?”, respondeu sem
hesitação: “Não vamos falar em vice”. Agora foi o governador que não falou em
vice, pode até repetir: “A oposição sou eu”. Seguro e certo de que não será
contestado.
E
o passado de Dona Marina?
No lançamento de sua candidatura oficial, Campos
ignorou sua suposta vice. Mas seria muito pior para ela, se lembrasse seu
passado, que passado? Ocupou um ministério no governo Lula, quem recorda sequer
do nome desse ministério? E o que realizou enquanto esteve lá?
E
os oito anos no senado?
Ficou vagando por corredores e subcomissões, não há
registro da presença dela. Nenhum discurso marcante, subia e descia da tribuna,
sem que merecesse aplausos ou reverências. Agora sua aparente obsessão é o novo
e a renovação, nem ela se enquadra nessas propostas. Muito do que prega hoje,
poderia ter começado no próprio senado. De dentro para fora, e não o mais
difícil, de fora para dentro.
Os
20 milhões de votos
Na campanha de 2010 ninguém percebeu sua presença até
quase o final. Nem ela pressentia esse volume de votos. Mas sendo obrigatório
comparecer por causa da legislação, quem não queria Dilma ou Serra, inscreveu o
nome dela. Este repórter disse na época, logo depois da eleição: “Esses votos
não são dela, e sim de protesto”. Agora, Campos ratifica e oficializa essa
interpretação.
Aécio
e Alckmin
Campos derrubou também Aécio, que acreditava ser o
verdadeiro candidato da oposição. Estava certo que disputava campanha
proporcional e não presidencial. Baseado no fato do PSDB ter disputado três eleições
depois de FHC, só que não ter ganhado nenhuma.
E
o acordo Aécio-Campos para o segundo turno?
Continua valendo, “nada mudou entre nós”, como disse o
compositor inspirado e bem informado. Só que agora a palavra está com o
candidato do PSDB. E nem será surpreendente que Aécio siga a trilha de Campos,
diga que Dilma está fora dos trilhos. Tentando mostrar à opinião pública, “quem
pode fazer modificações sou eu”.
Aécio
atingirá também Campos
Aécio não ficará em silêncio, a não ser que siga
conselhos de FHC. E fará o que o “amigo” do segundo turno fez: atirar em Dona
Dilma, de quem precisam tirar votos. Mas atropelando também o candidato que se
declarou o líder da oposição.
Aécio
e Campos, brigarão pelo apoio de Alckmin?
O governador de São Paulo é do PSDB, devia ou deveria
apoiar Aécio, candidato do seu partido. Mas o próprio Aécio foi reticente e
duvidou disso, quando afirmou: “Se eu tiver 2 por cento dos votos de São Paulo,
estou eleito”. Só isso?
Alckmin
“divide” Campos e Marina?
Nesse ponto Dona Marina está certíssima em não querer
uma chapa dela com Campos, apoiando e apoiada por um personagem que desde 1994,
(20 anos) está no Poder em São Paulo. E que tem um projeto teoricamente de mais
12. Quatro da reeleição agora, e mais oito, presumivelmente como presidenciável
a partir de 2018. Estariam portanto, “engordando” um possível adversário.
Presidencialismo-pluripartidário
Eleitoralmente Campos não está errado. Retira o reforço
da candidatura Aécio, e coloca no seu ativo de votos. Desse ângulo, perfeito.
Mas como um candidato que prega e defende a renovação, pode tentar seduzir um
personagem que passou a vida sem sair do governo? (A não ser em 2006 quando
perdeu para presidente).
Ninguém pode negar que é uma contradição. Mas baseada
nesse esdrúxulo e extravagante sistema fracassado que vigora no Brasil.
PS –
Campos e Aécio se forem para o segundo turno, e se ganharem, governarão com 32
partidos e 39 Ministros?
PS2 –
Dona Dilma, só uma incerteza se for reeleita, ficará com 39 Ministros? Ou
aumentará o número, no mínimo para 40?
PS3 –
Os partidos, já se sabe, aumentarão. Passarão no mínimo a 33, há o de Dona
Marina, naturalmente aprovado.