HELIO
FERNANDES –
Nem Dona Dilma, que está em campanha desde que se
elegeu, tem garantia da candidatura. Se até o fim de março, sua vitória não
estiver registrada nas pesquisas, pode ser substituída, sem trauma e sem
protesto.
Eduardo
Campos
É quem mais trabalha a própria candidatura, embora diga
sempre: “Meu objetivo é ir para o segundo turno”. Se já é uma audácia se
apresentar como presidenciável, seria absurdo dos absurdos, admitir que poderia
ganhar logo no primeiro. Nem sabe quem será seu vice, nem os projetos ou
caminhos que poderá percorrer sem autorização de Dona Marina.
Joaquim
Barbosa
Aos trancos e barrancos, vai ocupando o noticiário. Mas
a cada dia fica mais difícil de concretizar a própria candidatura. Alimenta a
publicidade em torno dessa possibilidade, mas não demora e não haverá mais
tempo. Agora mesmo parece tarde, não fez contato para qualquer legenda.
Aécio
Neves
Pedeu muito tempo, acabou candidato de uma oposição que
não se opõe. Não tem posição definida, não se firma nem se afirma, apenas se
conforma. E não é isso que o cidadão-contribuinte-eleitor está querendo,
perdão, exigindo.
E não se iludam. Aqueles que a partir de 6 de junho,
foram chamados de “povo nas ruas”, estão voltando. E já começam a fazer testes,
em cinco meses vão assustar, como assustaram a partir de junho de 2013. Estamos
em 2014, as coisas pioraram muito. Para todos.
A
sigla Bric, ultrapassada
O Criador dessas quatro letras que ganharam enorme
repercussão, ainda não sabe. Mas as letras, se juntarão e se manterão apenas em
três: CRI. Nada mais natural e compreensível: China, Rússia e Índia. O B de
Brasil foi despejado sumariamente por causa da desadministração de Dona Dilma.
Depois, bem depois, colocaram uma letra referente a
África do Sul, completamente falida. A partir de agora, não há volta. Quem citar
a sigla BRIC, será corrigido na hora, dirão, “é apenas CRI”.
Dilma
desperdiçou 36 minutos para se exaltar como emergente
Era sua primeira ida a Davos. E foi com um objetivo:
provar e comprovar que o Brasil merece toda a confiança do mundo. Mas também
estava decidida a não deixar espaço para ser contestada por alguém.
Não obteve sucesso na tentativa de convencimento, mas
também não foi aparteada nem contestada. Saiu de lá se julgando vitoriosa. O
único aparte que respondeu na hora, recriminando o audacioso, foi o
rebate-deboche contra seu próprio Ministro da Fazenda.
A
corrida entre juros e inflação
Em setembro, escrevi: o BC aumentará os juros em 0,50,
passando de 9%. Os economistas que trabalharam e trabalham para todos os
governos, unânimes, apostaram em alta de 0,25. Erraram, lógico, acertei. Por
quê? Vi que nas cinco últimas vezes a elevação fora de 0,50 e não de 0,25, por
que mudariam? Principalmente quando a inflação se mantinha intocada?
Em novembro: “Os juros vão fechar o ano em 10 por cento
cravado”. Os economistas amestrados falavam em 9,50, alguns chegavam a 9,75.
Foi a 10. Depois, avançando para este 2014, falei que em janeiro haveria outro
aumento de 0,50 (o sexto seguido) e logo, logo iria para 11 por cento, PODERIA
parar um pouco.
A
Selic subirá mais
Agora retiro o condicional, em fevereiro ou março a
Selic estará em 11 por cento e continuará subindo, a inflação também.
A razão deste repórter acertar e os economistas
amestrados não, é que sou bom analista e independente. Exagerado, Carlos
Lacerda escreveu e falou: “O Helio Fernandes adivinha”. Falava sempre e deixou
gravado no seu livro, “Depoimento”.
A
surpreendente reunião dos cinco BRICS. (Ainda)
O jornalista Silio Boccanera recebeu a incumbência de
entrevistar juntos representantes desses cinco países, equivocada e
coletivamente identificados como emergentes. China e Rússia não são emergentes,
embora a China “espalhe” que está tropeçando, o que não é verdade. (Nas páginas
que o jornalista consultava, tudo o que poderia perguntar e até brincar).
A Rússia que também não é, vem enfrentando a batalha
diante do espelho, por causa da ambição e da vaidade colossal de Putin.
A Índia é uma incógnita, apareceu pelo fato de sua
população ter ultrapassado muito a casa de 1 bilhão de habitantes. Brasil, pura
circunstância, que vai se dissipando, era uma nuvem. E a África do Sul,
equívoco mesmo.
Cada
um disse o que quis, não havia censura
Os países concordaram, desde que nada fosse oficial. Assim,
os representantes não teriam maiores responsabilidades. Os melhores foram os
que falaram pela China e pela Rússia. China, em tom de lamento: “Foi um custo conseguirmos
elevação do PIB em 7,7%. Se nas próximas décadas mantivermos uma alta de 6,9%
ficaremos satisfeitos”. Ora, 7,7 ou 6,9 alta mais do que suficiente. E isso já
está sendo executado.
Fez uma revelação interessante, ninguém prestou
atenção: “As províncias estão devendo ao governo central, 21 TRILHÕES. Mas isso
não continuará”. Não se embaraçou quando um representante do Peru, “perguntou
sobre direitos humanos”.
Virou para ele, começou a responder delicadamente, com
um minuto já estava do outro lado da fronteira. Embora dissesse, “direitos
humanos são importantes”. Alguns riram baixinho.
Sinceridade
da Rússia
Expondo bem, completamente desconhecido, surpreendeu.
Confessou que o país está com problemas, não apelou para o cansativo, “vamos
virar o jogo”. E Boccanera deu por terminada a reunião, fazendo até
brincadeira. O grande vitorioso foi ele. Quando um jornalista pode aparecer tão
destacadamente? Até recomendou que “relaxassem ou comprassem um carro esporte”.
A controvérsia
do controverso FHC
Há anos, quando era presidente, surpreendeu um
jornalista que perguntou qual o povo que mais admirava: “Os fenícios”. Um
assessor esclareceu: “O presidente está brincando, a sua admiração é porque os
fenícios inventaram o espelho”.
Foi presidente por acaso, nem ele acreditava. O mandato
presidencial era de cinco anos, reduziu para quatro. Quem sabe que vai ganhar,
quer aumentar o mandato. Como fez José Sarney, que depois de assumir com a
morte de Tancredo, pretendia seis anos, não conseguiu.
FHC
não quer ninguém do PSDB
Trabalhou contra Serra duas vezes. Alckmin uma, e agora
fingia que apoiava Aécio, do seu partido. Inesperada mas não
surpreendentemente, falou publicamente: “Aécio e Eduardo Campos bons
candidatos, ambos são novos”. O ex-governador de Minas ficou irritado,
(leia-se, “revoltado”), queria responder a mesma coisa que falou nos
bastidores. Foi impedido. Aécio tinha e tem todo o direito e até a obrigação de
responder.
“De
dia falta água, de noite falta luz”
É musica feita por um carioca, que fotografava a
realidade do Rio. Tudo culpa da Light. Monteiro Lobato escrevia dura e
violentamente contra essa empresa, que começou como canadense, alguns anos
depois passou a propriedade de grupos americanos.
A Light tinha com o Brasil, um contrato de 99 anos.
Naquela época havia isso. No documento estava escrito: “Terminado esse período,
TODOS OS BENS REVERTERÃO À UNIÃO”. Quando a União foi assumir seus bens, a
Light entrou no Supremo, ganhou amplamente. (Não quero citar o relator, morreu
há muito tempo. Quem quiser, consulte a história do Supremo).
O relator votou: “Os bens serão revertidos, sim, mas
pagando”. Inacreditavelmente foi seguido pela maioria, a Light recebeu uma
fortuna da conta do cidadão-contribuinte-eleitor.
Quando foi governador de Minas, Aécio comprou a Light
do Rio, que passou a ser e continua sendo, propriedade da Cemig. As contas
altíssimas. E os cariocas, quase diariamente no escuro.
Quem
será o sucessor de cabralzinho
Muitos candidatos e apenas três verdadeiros: Garotinho,
Crivella e Lindberg. A máquina faz força para Pezão, que disputará a eleição no
cargo. Cabralzinho tem que sair para que o filho possa ser candidato. Para os
três que têm chances positivas, a escolha do vice poderá representar vantagem
substancial.
Cesar
Maia faz campanha para prefeito
Já ocupou o cargo várias vezes. Na primeira vez que
teve que sair, se candidatou a governador, perdeu até para Marcelo Alencar. Na
segunda tentou ser senador, em 2010, chegou em quinto lugar. Conformado, já admite
ser prefeito novamente, em 2016, depois da Olimpíada. Ah! Se fosse antes.
PS-
Surpreendente: Dona Zélia Cardoso de Mello (lembram dela?) escreveu ontem, na
Folha, artigo magistral sobre Dona Dilma e suas convicções pessoais e de
governo, e o que NÃO vai acontecer em 2014.
PS2-
Não imaginava que ela fosse capaz de uma radiografia, (sem nenhuma semelhança
com o agora popular “selfie”) tão perfeita sobre a ainda presidente. São 99
linhas em três blocos muito bem escritos, sem exageros ou restrições.
PS3-
E terminando: “Minha esperança para o Brasil em 2014, além de ganharmos a Copa,
é que 2015 chegue logo”. Se não fosse a citação da Copa, seria “o final feliz”.