HELIO
FERNANDES –
Reprimida, combatida, proibida, passou a ser
considerada suicida. Entrou para a relação das drogas criminosas, custavam a
reconhecer que não era nem mesmo uma droga. Grandes personalidades que chegaram
aos postos mais altos nos seus países, confessavam que na adolescência fumavam
maconha. Sem maiores conseqüências, não era considerado droga.
O
presidente do Uruguai, o psiquiatra Lester Grinspoon
A tentativa de reabilitar ou liberar a maconha, parou
em muitos obstáculos, principalmente em estados americanos. Faziam concessões
que não concediam nada, permitindo apenas o uso medicinal. Só que agora, o
ex-guerrilheiro presidente do Uruguai, ganhou as manchetes do mundo, fazendo aprovar
no Congresso, liberdade total, para essa maconha que pode ser plantada e
consumida por qualquer um. Voltou a expressão, que foi muito citada no Brasil,
há pouco, por causa das biografias: “É proibido proibir”.
O Uruguai é um país pequeno, com três milhões de habitantes,
mas veio provar que a Justiça provoca satisfação e reconhecimento, muito
maiores do que a injustiça. E o mundo que se prende muito mais a notícias de
assassinatos, de corrupção, e tudo isso junto com penitenciárias como a de Dona
Roseana, colocou nas manchetes, a liberação dessa maconha. Que um psiquiatra
que passou a vida estudando o problema, comparou-a á penicilina.
Agora,
quem vai desmentir o pesquisador?
Ainda me lembro, eu era pequeno e o mar bramia, quando
houve a revolução da Penicilina. Um estrondo de satisfação, o povo que não
tinha direito a coisa alguma, teve aberta a caminhada da descoberta, que servia
para curar doenças sem fim.
Foi uma consagração, primeiro perplexidade, depois o
direito dos povos se utilizarem das mesmas soluções que salvavam e favoreciam
as elites enriquecidas com o dinheiro que sobrava da exploração do esforço do
trabalhador. E isso resistiu até hoje.
O
psiquiatra e suas lições
Grinspoon, com 86 anos de idade, é reconhecido pelo
menos por 60 anos de estudo sobre a maconha. Nunca teve medo da droga, nem
mesmo se pudesse atuar sobre ele. Para os que se surpreendiam com tanto tempo
de convivência com a maconha, respondia sempre: “Uso maconha, pessoalmente, há
mais de 40 anos, se prejudicasse minha memória, é evidente que eu já saberia”.
E continuou devassando essa planta tão idiozincrizada e
assustadora.
Descrição
de apenas alguns dos benefícios
Diz que a maconha tem um extenso e ainda não desvendado
uso medicinal. Nem fala na satisfação e no uso recreativo da maconha. Começa
por dizer que na “Califórnia, médicos receitam para dor nas costas, com sucesso
total”.
A maconha já foi utilizada para aliviar dor de cabeça,
disenteria, baixar imediatamente a febre, como solução para a depressão, até
para acabar com a enxaqueca. E conclui essa lista: “Sozinho, descobri que a
maconha é o tratamento por excelência para a dor de cabeça”. Sem contestação de
especialistas consultados.
A
transformação do psiquiatra
Seu depoimento pessoal é irrefutável. Confessa: “Até 1967
era comum o uso da maconha em festas”. Eu era o primeiro a dizer: “isso deve
fazer mal a saúde”. Mas aí o psiquiatra afirma que começou a questionar suas
próprias afirmações e convicções sobre a maconha. E, mergulhou no estudo dessa
planta, dedicou toda sua vida a constatar sua aplicação e seus benefícios.
Eu
um médico, acreditando em versões
Começou se questionando como profissional, reconheceu
que como quase todas as outras pessoas, estava enganando a si mesmo, acreditava
no que diziam sem o menor fundamento.
Afirmação importante do psiquiatra e pesquisador: “Um
dia fui à biblioteca de Harvard para tentar descobrir a base cientifica da
maconha. Li todos os estudos e fiquei satisfeitíssimo de reconhecer, eu e quase
todas as outras pessoas sofremos lavagem cerebral”. Impressionante a
constatação e a confissão.
“A partir de 1973, 40 anos, comecei a fumar. Não queria
ser criticado pelo fato de recomendar mas não utilizar a maconha. Nunca mais parei”.
O médico, psiquiatra, professor e pesquisador, garante:
“A maconha tem efeito anti-inflamatório, e ação analgésica. Eu tenho
complicações de estômago e diabetes, isso me dá terrível sensação de náuseas.
Por isso, quando vou a um restaurante, carrego um pouco da erva para
emergência, mastigo um pouco e continuo a comer, sem maiores problemas”.
Maconha-penicilina
Para terminar, a consciência e consistência do grande
pesquisador, que mais do que ninguém pesquisou coletivamente a maconha e se
serviu dela, pessoalmente. “A maconha tem múltiplos efeitos, que serão
aproveitados, depois de dissipados os temores. Em muitas doenças ou males, a
maconha será uma descoberta para a humanidade, assim como foi a penicilina”.
Que o mundo e a humanidade, reconheçam essa oitava
maravilha médica.