17.12.13

JOÃO PAULO CUNHA, INCOMPARÁVEL

HELIO FERNANDES -

Discurso, chato como sempre. Para dizer: “Não vou renunciar, não tenho medo de prisão”. Como estávamos em pleno velório universal de Mandela, adiantou: “Ele ficou preso 27 anos, não quero me comprar com ele”. Perdeu tempo, credibilidade e seriedade. O mais crédulo ingênuo e estúpido dos cidadãos, não teria nem um pensamento fugaz sobre isso.

Os ex-presidentes no avião de Dilma, quase o avião do Dirceu

Perfil rapidíssimo dos 5 personagens, e o fato assombroso de terem chegado aonde chegaram. Por ordem de entrada em cena. FHC – mesmo com o patrocínio dos EUA, nem ele nem os americanos, apostavam no futuro. Tinha por trás a Fundação Ford, (que só chama de Ford Foundation) e o privilégio que os americanos adoram, de presidir o “Consenso de Washington”.

Apesar de insistir e repetir que foi cassado, disputou a eleição de 1978 (antes da “anistia”) como suplente de Franco Montoro ao senado. Sua carreira começou como farsa e mentira. (Nisso ele se iguala a Dona Dilma). Em 1994 candidato a presidente, sabia que não ganhava de Lula. O mandato presidencial era de cinco anos reduziu para quatro.

Nem ele acreditava na vitória, quem acredita, aumenta o mandato em vez de reduzi-lo. No Poder comprou a reeleição, que acontecia pela primeira vez na nossa História, era proibida pela Constituição. Não foi “mensalão”, FHC pagou à vista. (Já escrevi muito sobre o assunto na Tribuna da Imprensa de papel. E com o próprio FHC no governo).

A Obsessão de Lula


Esse sim queria ser presidente. Candidato derrotado em 1989, 1994 e 1998, só conseguiu se instalar no Planalto e morar no Alvorada em 2002. Candidato quatro vezes seguidas, fato único e exclusivo em qualquer país do mundo. Gostou tanto, que ficou a segunda vez, (na trilha aberta por FHC) e tentou a terceira, aí já não dava. Haja o que houver, consiga ou não consiga, a verdade é que ainda não “desencarnou”.

Também mente alopradamente, exatamente como os outros. Seu combate à ditadura é um puro filme de ficção. Foi preso uma única vez, com todo o conforto e regalia. Fala “em 30 dias”, não chegou a tanto. Seu parceiro e conselheiro Golbery, não permitiria. Mesmo ou principalmente como líder sindical, jamais imaginou que seria presidente. Apesar de ter mais charme e liderança do que Dona Dilma.

Golbery queria Lula na transição de 1985, não acreditava em Sarney  Apesar da “anistia ampla, geral e irrestrita”, (leia-se: auto-anistia), alguns generais não acreditaram que a ditadura havia mesmo chegado ao fim. Desde a posse de Figueiredo em 1979, tinham candidato em 1985, para não assustar, espalhavam: ”Será o último general”. Seu nome: Otávio Medeiros.Tinham todos os requisitos, curtos e irrefutáveis, que os generais implantaram antes do golpe do 1º de abril, que contrariados, irritados e revoltados, passaram a comemorar em 31 de março.

Era um papel tipo folha de almaço, do mesmo tamanho que foi usado por Lucio Costa para fazer o projeto do Plano Piloto de Brasília. G-E-N-I-A-L. Niemeyer deu a beleza e a grandeza da execução. Mas quem planejou foi Lucio Costa. Só que este cometeu um equívoco insanável e inquestionável: Não era comunista. Por isso, foi quase que totalmente esquecido. Ele e outro arquiteto maravilhoso, Sergio Bernardes.

Nesse papel exigido pelos golpistas, quatro itens, (que ninguém publicou até agora) que teria que ser seguido. 1- O presidente, obrigatoriamente um general. 2 – Do Exercito e de Quatro Estrelas. 3 – Da ativa. 4 – Não poderia nem pensar em reeleição. Prever o futuro é difícil, principalmente a longo prazo, muita coisa aconteceu. Mas não mudou profundamente a permanência dos generais.  

Os generais insensatos queriam continuar em 1985

No meu depoimento à CPI do Terror, em 1981, revelei: “A tentativa de destruição da Tribuna da Imprensa, teve dois objetivos. Primeiro a vingança e calar o Jornal, mais vivo do que nunca. Segundo mostrar que estão mais vivos ao que em 1963 e 1964, não haverá transição”.

Citei Otavio Medeiros, sua atuação golpista, suas credencias de acordo com as exigências de 1964, e uma que mais tarde passou a ser obrigatória: a chefia do SNI. Lógico, eu não sabia do projetado massacre de 1º de maio, que certo ou errado fora projetado em nome da “continuidade”.

Com o fracasso do plano, começou a luta pela transição, mas exigiram: “a eleição terá que ser indireta”. Era uma resposta às “diretas, já”, projeto que transitava na câmara. Perdeu por 24 votos com apoio (contra) dos grandes (?) órgãos de comunicação. Com as “diretas” o Brasil teria sido outro.

Maluf e Sarney em 1985


Ulisses e Tancredo tinham um acordo: DIRETAS, candidatura Ulisses. INDIRETAS, Tancredo. Mas Maluf se lançou logo, Golbery não conseguiu “emplacar” Lula, não queria Medeiros que não era do seu grupo. Apoiou discretamente, ou melhor, não combateu Maluf. Figueiredo não queria INDIRETAS, nem Maluf nem Sarney. Não era golpista, tinha grande apreço pela imagem e memória do pai, general perseguido por combater a ditadura do Estado Novo.

Sarney não se imaginava como presidente. Pretendia ser vice para “continuar no jogo”. Tendo enriquecido e colaborado com a ditadura, tentava se preservar. Como achava que Maluf poderia ganhar, pediu ao grande jornalista Oliveira Bastos, que fosse oferecer a Maluf, “seu nome para vice”. Resposta: “Sarney não passa nem na porta do meu diretório”.

O PT de Lula ficou com Maluf, expulsou deputados jovens, que iam votar em Tancredo. Este, sem explicação, convidou Sarney para vice, surpresa total. O que aconteceu depois é História, dramática, mas também ultrajante.Collor, jovem e sozinho queria a presidência

Outra surpresa: seu lançamento em 1989, com um partido mínimo sem tradição, sem campanha planejada e endinheirada, mas cheia de novidades. Recrutou políticos de todos os tipos, jornalões e televisões “jogaram Collor lá para o alto”. Empresários preferiram ele a Lula, ganhou. O resto também é História, só estou falando ou lembrando os que chegaram ao Poder por obsessão. E por vontade própria, considerada irrealizável.

Mas conquistada, embora desperdiçada pelo primeiro impeachment do país. O que também é a mais pura História, até hoje não decodificada, identificada, explicada.

A dona do avião, jamais se considerou presidenciávelNunca disputou eleição, seu passado é impenetrável, controverso, e quando contado por ela, visivelmente contraditório. Se diz doutora, mas “sua” universidade devia ter um só aluno, nenhum professor, e assim, logicamente não distribuía diploma. Mas adora ser chamada de “presidentA” e de “doutora”.

E sobre prisões, perseguições e violências que teria sofrido, nenhuma comprovação. Começou dizendo: “Fui presa e torturada durante três anos”. Depois não falou mais no assunto, lembra, “levei um soco no rosto”. Isto é possível. “Ser TORTURADA durante três anos”, isso nem no auge da guerra fria, quando americanos e soviéticos se torturavam violentamente, em busca de informações.

Como não obtinham nada, fizeram um acordo, agentes dos dois lados eram presos, mas não torturados. O acordo era respeitado. Se fosse quebrado por um seria também pelo outro.

(Harry Berger foi o homem mais torturado da História do Brasil. De tal maneira, que enlouqueceu. Prestes de 1936 a 1940, que tormento. Berger foi abandonado, estava mais morto do que vivo, os torturadores não se divertiam mais).

Dona Dilma nem era do PT, ficou anos e anos no PDT, do RS. Falar com Brizola era “competência” do então marido, hoje, como ex, um dos homens mais poderosos. Saiu do PDT na hora certa entrou no PT na hora certíssima. Não admitia que seria presidente, perdão, presidentA. Foi Ministra de Minas e Energia do primeiro governo Lula. Mas achava que era só isso.

No PT, absoluto como sucessor de Lula, José Dirceu. Se não tivesse havido a denuncia de Jefferson e o julgamento do mensalão, quem estaria no avião, dando carona aos outros, seria o então poderoso Dirceu. Este, destroçado, demitido e cassado, Lula impune, “não sabia de nada”.

Assim, a conclusão é obvia: Lula começou a procurar quem viria depois da sua reeleição. Jogou Dona Dilma para a vaga de Dirceu, as duas, (Casa Civil e presidenciável) arriscou, não tinha nada a perder. A partir daí, Lula só aposta em poste.

PS – Para terminar por hoje, por hoje. Sem correligionários, mas também sem adversários, e não conseguindo obter a “reeleição da reeleição”, Lula ficou prisioneiro de Dona Dilma.


PS2 – Tenho que parar, mas com outro esclarecimento. Entre as inverdades de Dona Dilma, a de que participou do assalto ao cofre cheio de dinheiro da amante de Ademar de Barros.

Quase todos que participaram, nem sabiam da existência dela. Dois que atravessaram a fronteira, ligadíssimos a Tribuna, foram para Paris, escreviam normalmente para o jornal. E continuavam ignorando Dona Dilma.

Portuguesa x Fluminense

Eis um jogo que não poderá se realizar em 2014. A Portuguesa se manteve na “primeirona”, o Fluminense caiu para “segundona”. Esses são os fatos verdadeiros, dentro de campo, que querem mudar fora dele.

Como fazer essa mudança clamorosa, desonrosa, no mínimo, no mínimo maliciosa e perniciosa? Simples. Condenando a Portuguesa por ter colocado em campo, de MÁ FÉ, um jogador suspenso. Esse jogador “suspenso” entrou aos 32 minutos do segundo tempo do ultimo jogo, com a Portuguesa fora de qualquer especulação de queda, o Fluminense já derrubado da elite. Mesmo ganhando o ultimo jogo, o que ele conseguiu.

Então como sustentar a MÁ FÉ da Portuguesa? Desculpem, querem utilizar a MÁ FÉ do Fluminense e dos próprios juízes, não conseguem encontrar a porta dos fundos.

Talvez pela primeira vez, profissionais e amadores estão defendendo juntos, o lado ético da questão. Ah! Lincoln, não se pode enganar todos, todo o tempo. 
Se amaldiçoarem a Portuguesa, o Fluminense será vaiado em todos os jogos, merecidamente. E retrocederemos a um tempo em que os grandes conjugavam simultaneamente, as palavras, CAIR e FICAR.

Não adianta fingir que o Fluminense ”não tem nada com isso”. Se não tem, por que a longa e chata entrevista do seu presidente na televisão?

Mantega: economia com duas pernas “mancas” 
        
Serão as próprias e ele, deliberadamente não quis identificar? Poderia aumentar o numero dessas “mancas” se estivesse mirando ou tentando atingir apenas os adversários ou se quiserem, até mesmo inimigos? Tombini seria o primeiro a ser colocado na lista dos vulneráveis.

Mas nem mesmo Dona Dilma ficaria fora dessa rotulagem do Ministro da Fazenda, adepto da “economia do maniqueísmo”. Teria coragem de atingi-la? Não perderia muito, apenas mais 1 ano do Ministério da Fazenda.

Facílimo de adivinhar ou até deduzir, que se for reeleita, Dona Dilma tomara posse com outro Ministro da Fazenda. E o otimista Mantega para onde irá?
Esperava até mesmo ser candidato ao governo de São Paulo, a derrota ficará para Padilha. Ostracismo por ostracismo, a perda do governo de SP ficaria melhor do que a demissão do Ministério da Fazenda, “por perda de validade”.