16.12.13

Dilma-Joaquim Barbosa, o susto com possível adversário

HELIO FERNANDES –

Para o funeral de Mandela, a presidente levou quatro ex-presidentes. Como dois deles são senadores, Executivo e Legislativo estavam representados. Todos esperavam que levasse também Joaquim Barbosa, em nome da unidade e da independência dos Três Poderes. O próprio Presidente do Supremo se preparava para viajar.

Dilma vetou pessoalmente o convite ao Presidente do Supremo. Mas foi decisão eleitoral e não pessoal. Dilma ainda acredita que Joaquim possa disputar a presidência, por que exibiria ao mundo um negro em cargo tão importante? E ainda mais num país de maioria negra, mesmo que utilize um Poder fictício.

Joaquim pode não ser candidato. Se for, tem muito mais chance do que Aécio e Marina. Campos não tem uma chance em um milhão de ganhar de alguém, agora em 2014. Por que então Dilma insuflaria o ego de Joaquim que já não cabe nem mesmo na presidência do Supremo? Está “pensando” em telefonar para ele, “se desculpando”. O “destino” juntou os dois, tomando champanhe com o presidente da França.

Esperamos que brancos e negros se lembrem dele, na possível ressurreição do Apartheid, que jamais morreu. Estava encoberto pela grandeza de Mandela. E pelo seu gigantesco perfil moral. O futuro da África do Sul não é esperançoso. É preciso uma luta muito grande para não revivermos o passado. O presente não é nada auspicioso, mas em homenagem a Mandela, pelo menos repudiemos o retrocesso, lutemos pela permanência das conquistas.

O desengonçado Advogado Geral da União no Supremo

Luiz Inácio Adams foi fazer a defesa das doações de empresas para campanhas eleitorais. Se expressa mal, pela razão evidente de que pensa mal. Textual: “Nos Estados Unidos e na Inglaterra, a doação de empresas é permitida”. Foi logo interrompido pelo presidente Joaquim e pelo Ministro Fux: “Lá é proibido”. Outros ministros levantaram a mão para contestá-lo, já não era mais necessário.

Esse Advogado Geral que já esteve para ser demitido por envolvimento em irregularidades. Foi mantido não se sabe a razão. Agora, deveria ser demitido por ter sido desmentido. E isso publicamente no plenário do mais alto tribunal do país. Será mantido, quem duvida disso?

Mandela esportivo

Em 1976, com Mandela na prisão, o Presidente da África do Sul, mandou ofício à FIFA. (Notem bem: o próprio presidente do país e não a Confederação de Esportes). Textual: ”Comunicamos à FIFA, que não disputaremos a Copa da África, NÃO JOGAMOS com NEGROS”. Era o auge do Apartheid.

O Conselho da FIFA se reuniu e numa decisão imediata e irrefutável, respondeu: “Se a África do Sul não joga COM NEGROS, também não joga COM BRANCOS. Está expulsa do futebol mundial”. 14 anos depois, Mandela foi libertado, não por generosidade dos brancos do Apartheid e sim pela exigência dos povos do mundo.

Com Mandela, a África do Sul voltava ao futebol mundial, e em 2010 sediava a realização do festival universal que é a Copa do Mundo. Antes, Reconciliava brancos e negros no mundial de rugby realizado no país.

Os negros não entendiam nada desse esporte, que era privativo e exclusivo dos brancos. Também não entendiam porque deveriam torcer pelos brancos e aplaudi-los. Mandela explicou: “Não torcemos pelos brancos, estamos implantando a reconciliação e reabilitando o país”.

Estadista, generoso, sem ódio ou espírito de vingança, colocou a África do Sul no calendário do mundo. Está indo embora como o único homem destes tempos e de quase todos os outros, capaz de colocar o mundo inteiro de luto. E já com saudade.

O vascaíno cabralzinho, “caiu” antes do Vasco

A do governador é a queda anunciada desde 6 de junho, quando ganhou relevância o “fora Cabral”. Precedeu a queda do próprio Vasco, cuja pior conseqüência seria a volta de Eurico Miranda, expulso do clube.

Serginho cabralzinho filhinho, anunciou: “Vou disputar o senado em 2014”. Nada surpreendente ou inédito, governadores acabam no senado. O problema é que agora só existe uma vaga. E apesar de não existirem nomes, qualquer um pode ganhar dele. Dornelles diz que “não disputa a reeleição contra o governador”. Mas Jandira Feghali, que perdeu surpreendentemente em 2006, quer o cargo, afirma, “serei candidata”. Dificilmente perderá.

Aécio, o pessimista

Ele e Eduardo Campos almoçaram no Rio. O mineiro que conhece o Rio melhor do que Belo Horizonte, escolheu um restaurante escondido. No qual ficaram 3 horas. Comeram pouco, falaram muito de política.

Surpreendente. Campos pediu a Aécio: “Quero teu apoio para o segundo turno”. Não colocou nem condicional. Aécio garantiu esse apoio, nem pediu reciprocidade, o que seria normal. O PSDB está tão destroçado que só pensa em derrotar Dona Dilma, mesmo que não vá nem para o segundo turno. Isso é inédito. Ou pré-julgamento do mensalão das propinas ao PSDB de São Paulo?

Biografias

Podem divergir, debater, discordar, defender um lado ou outro. Ser a favor da PRIVACIDADE ou da LIBERDADE, posição interesseira ou não, mas é um direito de cada um e de todos. Não chegarão de maneira alguma a qualquer entendimento, apenas às vezes fingem que concordam.

Hoje nem quero examinar o mérito (tudo isso levará muito tempo, não será decidido por biógrafos ou biografados), só quero fazer apelo a todos que escrevem sobre o assunto. Mesmo que não pertençam aos dois grupos que se devoram, sem perceber que contaminam e comprometem até as biografias que ainda não foram escritas ou as que foram censuradas.

Elegância e cuidado, a biógrafos e biografados

Li tudo ou quase tudo o que escreveram sobre o assunto. E confesso, estou surpreendido e decepcionado. Ao tentarem se defender, atacam os que consideram adversários, até rompem com amigos, (ex-amigo) transformando em inimizade o que deveria ser apenas divergência. E como se expressam mal. Compositores colocados no limite da genialidade, como escritores ficam perto dos amadores.

Nota alta só para dois jornalistas, também biógrafos

Vou citar logo as exceções, principalmente em matéria de escrever. Osvaldo Mendes, jornalista, escritor, autor de excelente biografia do Plínio Marcus. E tratando do assunto, tem trazido para o confronto, elementos vividos, estudados, aprendidos e apreendidos.

Arnaldo Bloch é o outro, tem também os três títulos e credenciais. Com Osvaldo Mendes, jamais falei, circunstâncias. É com o maior prazer que cito Arnaldo Bloch. Não acreditei quando ele me disse que ia fazer a biografia dos Blochs, afinal, sua família. (Conheci e convivi com os Blochs, quando dirigi e salvei do nada a revista Manchete que ia fechar se eu não aceitasse).

Biografia que merece o nome

Fui o primeiro a ler o livro do Arnaldo. Quando entregou os originais ao editor, teve a gentileza de me mandar a cópia do autor, logo, li sofregamente, disse a ele, depois escrevi: “Como biografia notável. E o trabalho de investigação, gigantesco e insuperável”.

Arnaldo correu a parte da Rússia de onde eles tiveram que sair em 1917, com a transformação em União Soviética. Saga, drama, epopéia, que Arnaldo foi verificar de perto sem fazer concessões nem ao sobrenome.


Supostos biógrafos e pretensos biografados, deveriam ler. E com total isenção, atenção e compreensão.