HELIO FERNANDES –
Para o funeral de Mandela, a
presidente levou quatro ex-presidentes. Como dois deles são senadores,
Executivo e Legislativo estavam representados. Todos esperavam que levasse
também Joaquim Barbosa, em nome da unidade e da independência dos Três Poderes.
O próprio Presidente do Supremo se preparava para viajar.
Dilma vetou pessoalmente o
convite ao Presidente do Supremo. Mas foi decisão eleitoral e não pessoal.
Dilma ainda acredita que Joaquim possa disputar a presidência, por que exibiria
ao mundo um negro em cargo tão importante? E ainda mais num país de maioria
negra, mesmo que utilize um Poder fictício.
Joaquim pode não ser candidato.
Se for, tem muito mais chance do que Aécio e Marina. Campos não tem uma chance
em um milhão de ganhar de alguém, agora em 2014. Por que então Dilma insuflaria
o ego de Joaquim que já não cabe nem mesmo na presidência do Supremo? Está
“pensando” em telefonar para ele, “se desculpando”. O “destino” juntou os dois,
tomando champanhe com o presidente da França.
Esperamos que brancos e negros
se lembrem dele, na possível ressurreição do Apartheid, que jamais morreu. Estava
encoberto pela grandeza de
Mandela. E pelo seu gigantesco perfil moral. O futuro da África do Sul não
é esperançoso. É preciso uma luta muito grande para não revivermos o passado. O
presente não é nada auspicioso, mas em homenagem a Mandela, pelo menos
repudiemos o retrocesso, lutemos pela permanência das conquistas.
O desengonçado Advogado Geral
da União no Supremo
Luiz Inácio Adams foi fazer a
defesa das doações de empresas para campanhas eleitorais. Se expressa mal, pela
razão evidente de que pensa mal. Textual: “Nos Estados Unidos e na Inglaterra,
a doação de empresas é permitida”. Foi logo interrompido pelo presidente
Joaquim e pelo Ministro Fux: “Lá é proibido”. Outros ministros levantaram a mão
para contestá-lo, já não era mais necessário.
Esse Advogado Geral que já
esteve para ser demitido por envolvimento em irregularidades. Foi mantido não
se sabe a razão. Agora, deveria ser demitido por ter sido desmentido. E isso
publicamente no plenário do mais alto tribunal do país. Será mantido, quem
duvida disso?
Mandela esportivo
Em 1976, com Mandela na prisão,
o Presidente da África do Sul, mandou ofício à FIFA. (Notem bem: o próprio
presidente do país e não a Confederação de Esportes). Textual: ”Comunicamos à
FIFA, que não disputaremos a Copa da África, NÃO JOGAMOS com NEGROS”. Era o
auge do Apartheid.
O Conselho da FIFA se reuniu e
numa decisão imediata e irrefutável, respondeu: “Se a África do Sul não joga
COM NEGROS, também não joga COM BRANCOS. Está expulsa do futebol mundial”. 14
anos depois, Mandela foi libertado, não por generosidade dos brancos do Apartheid e sim pela exigência dos povos do
mundo.
Com Mandela, a África do Sul
voltava ao futebol mundial, e em 2010 sediava a realização do festival
universal que é a Copa do Mundo. Antes, Reconciliava brancos e negros no
mundial de rugby realizado no país.
Os negros não entendiam nada
desse esporte, que era privativo e exclusivo dos brancos. Também não entendiam
porque deveriam torcer pelos brancos e aplaudi-los. Mandela explicou: “Não
torcemos pelos brancos, estamos implantando a reconciliação e reabilitando o
país”.
Estadista, generoso, sem ódio
ou espírito de vingança, colocou a África do Sul no calendário do mundo. Está
indo embora como o único homem destes tempos e de quase todos os outros, capaz
de colocar o mundo inteiro de luto. E já com saudade.
O vascaíno cabralzinho, “caiu”
antes do Vasco
A do governador é a queda
anunciada desde 6 de junho, quando ganhou relevância o “fora Cabral”. Precedeu
a queda do próprio Vasco, cuja pior conseqüência seria a volta de Eurico
Miranda, expulso do clube.
Serginho cabralzinho filhinho,
anunciou: “Vou disputar o senado em 2014”. Nada surpreendente ou inédito,
governadores acabam no senado. O problema é que agora só existe uma vaga. E
apesar de não existirem nomes, qualquer um pode ganhar dele. Dornelles diz que
“não disputa a reeleição contra o governador”. Mas Jandira Feghali, que perdeu
surpreendentemente em 2006, quer o cargo, afirma, “serei candidata”.
Dificilmente perderá.
Aécio, o pessimista
Ele e Eduardo Campos almoçaram
no Rio. O mineiro que conhece o Rio melhor do que Belo Horizonte, escolheu um
restaurante escondido. No qual ficaram 3 horas. Comeram pouco, falaram muito de
política.
Surpreendente. Campos pediu a
Aécio: “Quero teu apoio para o segundo turno”. Não colocou nem condicional.
Aécio garantiu esse apoio, nem pediu reciprocidade, o que seria normal. O PSDB
está tão destroçado que só pensa em derrotar Dona Dilma, mesmo que não vá nem
para o segundo turno. Isso é inédito. Ou pré-julgamento do mensalão das
propinas ao PSDB de São Paulo?
Biografias
Podem divergir, debater,
discordar, defender um lado ou outro. Ser a favor da PRIVACIDADE ou da
LIBERDADE, posição interesseira ou não, mas é um direito de cada um e de todos.
Não chegarão de maneira alguma a qualquer entendimento, apenas às vezes fingem
que concordam.
Hoje nem quero examinar o
mérito (tudo isso levará muito tempo, não será decidido por biógrafos ou
biografados), só quero fazer apelo a todos que escrevem sobre o assunto. Mesmo
que não pertençam aos dois grupos que se devoram, sem perceber que contaminam e
comprometem até as biografias que ainda não foram escritas ou as que foram
censuradas.
Elegância e cuidado, a
biógrafos e biografados
Li tudo ou quase tudo o que
escreveram sobre o assunto. E confesso, estou surpreendido e decepcionado. Ao
tentarem se defender, atacam os que consideram adversários, até rompem com
amigos, (ex-amigo) transformando em inimizade o que deveria ser apenas
divergência. E como se expressam mal. Compositores colocados no limite da
genialidade, como escritores ficam perto dos amadores.
Nota alta só para dois
jornalistas, também biógrafos
Vou citar logo as exceções,
principalmente em matéria de escrever. Osvaldo Mendes, jornalista, escritor,
autor de excelente biografia do Plínio Marcus. E tratando do assunto, tem
trazido para o confronto, elementos vividos, estudados, aprendidos e apreendidos.
Arnaldo Bloch é o outro, tem
também os três títulos e credenciais. Com Osvaldo Mendes, jamais falei,
circunstâncias. É com o maior prazer que cito Arnaldo Bloch. Não acreditei
quando ele me disse que ia fazer a biografia dos Blochs, afinal, sua família.
(Conheci e convivi com os Blochs, quando dirigi e salvei do nada a revista
Manchete que ia fechar se eu não aceitasse).
Biografia que merece o nome
Fui o primeiro a ler o livro do
Arnaldo. Quando entregou os originais ao editor, teve a gentileza de me mandar
a cópia do autor, logo, li sofregamente, disse a ele, depois escrevi: “Como
biografia notável. E o trabalho de investigação, gigantesco e insuperável”.
Arnaldo correu a parte da
Rússia de onde eles tiveram que sair em 1917, com a transformação em União
Soviética. Saga, drama, epopéia, que Arnaldo foi verificar de perto sem fazer
concessões nem ao sobrenome.
Supostos biógrafos e pretensos
biografados, deveriam ler. E com total isenção, atenção e compreensão.