1.8.19

TALENTOS DO RIO: A LUTA QUE SALVOU A VIDA DE GABRIEL TELES

REDAÇÃO -


Da alegria de vencer o primeiro campeonato nacional à tristeza em perder um membro da família. Aos 17 anos, Gabriel Teles do Nascimento precisou lidar com estes dois sentimentos quando, dias após ter subido ao pódio para comemorar o inédito título brasileiro na Luta Olímpica, recebeu a notícia da morte da mãe. Foi o esporte que pratica desde os 10 anos que fez o adolescente superar a perda, em 2018.

- No dia da minha formatura, não estava presente porque fui competir em Contagem, em Minas Gerais. Ela e meu pai foram me representar na escola, enquanto eu vencia meu primeiro brasileiro. Meu técnico mandou várias fotos para ela, que ficou super feliz com minha vitória. Ela sempre me apoiou e era bem durona com minha educação – contou Gabriel, que mora na comunidade da Chatuba, no Caju, com o irmão mais velho e o pai.

Gabriel lembra que já repetiu na escola, mas este ano está mais focado, com as notas acima da média. Ele diz que consegue conciliar os treinos na Vila Olímpica Mané Garricha, no projeto social e com a equipe da Seleção Brasileira junto com os estudos, que são à noite – falou.

O início no esporte foi aos 10 anos, como uma forma de se tornar popular no colégio igual aos colegas. Foi o professor e hoje técnico Fabrício Xavier quem deu a oportunidade para Gabriel começar a competir.

- Os Jogos Estudantis do Rio foram a primeira competição mais séria que participei, com 13 anos. Foi “em casa”, aqui na Vila Olímpica, com a torcida dos amigos a meu favor. Foi a melhor sensação. Sou tetracampeão estadual e, este ano, vou em busca do pentacampeonato para mais uma vez representar o Rio de Janeiro na etapa nacional – lembrou o atleta, que também comentou sobre a experiência de participar dos Jogos Escolares da Juventude, como é conhecida a competição nacional:

- É como se fosse uma olimpíada nacional, porque temos contatos com outras delegações. A melhor experiência é conquistar uma medalha, não importando a cor e, sim, a sensação do dever cumprido. Embora seja uma competição difícil, espero que este ano eu saia com a dourada – afirmou o atleta, que já conquistou medalhas de prata e bronze.

Referência para a comunidade

Gabriel vai disputar o Sul-Americano, no Chile, em novembro. Ele e o técnico já estão se preparando para a competição.

- Meu professor conhece os principais atletas das categorias de base e isso acaba facilitando na hora de elaborar as estratégias para as lutas. Atualmente, admiro muito os atletas da Rússia, que são os melhores do mundo. Já os do Brasil, meus ídolos são o Caleb e Joílson, pessoas em que me espelho e me dão muito incentivo. Nunca achei que fosse chegar onde estou – refletiu Gabriel, alimentando um sonho:

- Vim da comunidade do Caju e fui conquistando as coisas pouco a pouco. A cada vitória, honro minha mãe no céu, meu professor, meu irmão e meu pai. Dizem que eu sou a referência, mas, na verdade, minha família que é uma referência para mim. No futuro, me vejo um atleta olímpico e ostentando uma medalha de um mundial – revelou o lutador.

*A luta olímpica é uma das modalidades dos Jogos Estudantis do Rio de Janeiro. Em 2019, serão 226 participantes na disputa no mês de setembro. Maior torneio esportivo juvenil do estado, os Jogos Estudantis, da Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude, envolvem cerca de sete mil estudantes fluminenses e 45 cidades participantes. (fonte: Secom, por Carolina Perez)