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Nadar e morrer na praia não é uma opção para o Sindmotoristas, quando o assunto é a presença dos cobradores dentro dos ônibus que circulam pela capital paulista. O Sindicato já deixou claro que não vai desistir de defender os postos de trabalho da categoria, ainda que jornais, revistas e sites insistam que “Novos ônibus em SP não terão espaço para cobrador”. A veiculação das reportagens está ligada a recomendação do poder público às empresas para que adquiram veículos sem banco e gavetas, ou seja, sem a estrutura atualmente utilizada pelo indivíduo responsável por cobrar as passagens.
Essa não é a primeira vez que a Prefeitura tenta extinguir a função. Em um passado não muito distante, os companheiros chegaram a temer pelos seus empregos. No entanto, o Sindmotoristas se manteve firme levando São Paulo a ser uma das poucas cidades a manter dois funcionários nos coletivos. Não faltaram justificativas para mostrar a importância de uma segunda pessoa para orientar os passageiros e contribuir com os motoristas.
Os rumores de que talvez os trabalhadores tivessem que recomeçar um novo período de lutas começaram, primeiramente, com o anúncio da licitação para mudanças no transporte municipal. Após algumas conversas com a administração, a gestão Noventa conseguiu garantir que os novos contratos acolhessem os cobradores, apesar da prevista redução da frota. No entanto, a concorrência foi novamente suspensa. O motivo foi a decisão do Tribunal de Justiça de derrubar a lei que ampliava o prazo de concessões para 20 anos.
Com a mudança nos planos e o consequente bloqueio da assinatura dos contratos com as empresas que venceram a licitação do serviço de ônibus, a Prefeitura começou a buscar outra forma de retirar os cobradores do sistema. Em entrevista, a SPTrans garante que não há plano de demissão dos trabalhadores. O argumento é de que os funcionários serão reaproveitados em outras atividades como fiscalização, manutenção e administração. Para realizar essas funções, a reciclagem ocorre “de maneira natural nas empresas”. A explicação não é nova, por isso o Sindmotoristas sabe que é fundamental ficar atento e acompanhar de perto o processo.
O presidente em exercício do Sindmotoristas, Valmir Santana da Paz (Sorriso) lamentou a postura de indiferença da Prefeitura. “Foram anos de mobilização e diálogo para evitar que milhares de pais de família ficassem desempregados. Faremos tudo de novo se for preciso. Sabemos que os cobradores são dentro dos ônibus. Os recentes casos de assédio, por exemplo, mostraram isso. A desculpa de que com a tecnologia poucos passageiros pagam a tarifa em dinheiro não é suficiente, pois esses trabalhadores exercem um papel social que vai muito além de receber e dar troco. Infelizmente, a Prefeitura prioriza a redução dos custos do sistema, mesmo que isso implique na perda da qualidade do serviço”.
“Mantê-los no sistema faz parte da nossa missão e ela será cumprida quantas vezes for necessário”, disse o deputado federal e presidente licenciado do Sindmotoristas, Valdevan Noventa.
Fonte: Sindicato dos Motoristas e Cobradores de SP