2.2.19

CELEBRAR YEMANJÁ

LUIZ ANTONIO SIMAS -


Hoje é dia de festejar Yemanjá, Oxum, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora dos Navegantes e Nossa Senhora da Purificação. Tudo junto, numa encruzilhada entre devoções. Dia de celebrar um sincretismo religioso bem distante da limitação dos que encaram fenômenos de fé cruzada e circularidades culturais complexas apenas como estratégias mecânicas de disfarce, silenciamento ou assimilação dócil. Dia de vivenciar os amálgamas entre devoções como fenômenos de incorporação de força vital, nas encruzilhadas entre as procissões do Corpo de Deus, flechas zunindo nas matas ameríndias e batuques-toques dos atlânticos pretos.

Como nasci em uma família ligada aos xambás de Pernambuco, sempre comemoramos Yemanjá no dia 08 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição. Odoyá! Já Nossa Senhora das Candeias, ou da Candelária, é amalgamada em algumas linhas de santo a Oxum. Orayeyeô!

A data da devoção de Nossa Senhora da Purificação, por sua vez, tem raiz na festa da apresentação do Menino Jesus no Templo e da purificação de Maria, quarenta dias após o parto de Cristo (como era costume entre os hebreus, que sacrificavam cordeiros e pombas na ocasião). Por isso, o 2 de fevereiro, quarenta dias após o Natal.

Qual é o resultado desse babado? O cruzo embranqueceu os orixás ou o que tivemos nas Américas foi o empretecimento e a indianização da Virgem Maria? Um processo exclui o outro? Vai a palavrinha mágica soletrada: m-a-c-u-m-b-a.

Viva o acréscimo de forças vitais como fenômeno de tolerância, harmonia, festa, paixão e fé!

Deixo com as amizades o samba seminal da Unidos de Lucas, de 1976, sobre o 2 de fevereiro na Bahia: Mar baiano em noite de gala:


E Senhora das Candeias, a linda canção de Romildo e Toninho para a Virgem da Candelaria e para Oxum:


Fonte: Facebook