EMANUEL CANCELLA -
A elite brasileira não aceita os movimentos sociais principalmente o MST e MTST porque estes movimentos expõem as carências do Estado.
O Brasil, para quem não sabe, é dos últimos países no mundo a não fazer a reforma agrária.
“Estudo da Oxfam aponta o aumento da concentração de terras no Brasil, que nunca levou a cabo uma distribuição efetiva das áreas rurais” (1).
E o MST, que empunha a bandeira da reforma agrária, é tratado como bandidos e baderneiros.
Volta e meia assistimos a nossos governos distribuindo terras para multinacionais, nas chamadas guerras fiscais, que pouco ou nenhum retorno traz para o país.
O sem-terra quer a terra para plantar e estabelecer-se com sua família no campo. Assim evita-se o êxodo rural que leva o retirante para a cidade e o consequente aumento da violência. Levar o pessoal do campo para a cidade é como tirar o peixe da água. Nas cidades, essas famílias vão morar nas favelas e se transformam em subempregados.
A Agricultura Familiar, braço do MST, é responsável por 70% dos alimentos do campo que vão para mesa dos brasileiros (1). Com a reforma agrária poderíamos dobrar a produção desses alimentos.
Quanto ao MTST, o tratamento dispensado pelas autoridades não é diferente do MST, já que tratam a questão da moradia como caso de polícia.
O ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, em palestra na faculdade Cândido Mendes no Rio disse. “O sonho número um dos homens e mulheres do planeta, ricos ou pobres, é a casa própria”.
Os dirigentes desses movimentos, que organizam a sociedade em torno do sonho da casa própria, deveriam ser exaltados, pois são eles que evitam a multiplicação de tragédias como a de Niterói no Rio, que matou 14 pessoas (2). Pessoas moram com suas famílias em locais de alto risco, como essas de Niterói. Elas permanecem no local mesmo sendo alertadas pelas autoridades do perigo, porque não têm onde morar.
O déficit de moradia no Brasil é de 7.7 milhões. E o Brasil possui 6,05 milhões de imóveis desocupados há décadas (4).
Agora o governo Michel Temer quer transformar a lei antiterrorismo, que foi criada por Dilma, por exigência internacional, durante as Olimpíadas e Copa do Mundo, para atingir os movimentos sociais principalmente o MST e o MTST. Movimentos sociais não constava da lei (5). Vale lembrar que tanto a luta pela terra como a dos imoveis urbanos são recepcionadas pela Constituição Federal.
Tanto Temer quanto Bolsonaro querem criminalizar os movimentos sociais, principalmente o MST e o MTST. É bom saber deles quantas famílias serão assentadas pela reforma agrária e quantas famílias vão ser contempladas pela obtenção de moradia?
Ou a politica para este setor é só a repressão!
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