HELIO FERNANDES -
A partir da
arrogância da vitoria no segundo turno, 15 dias de contradições, erros,
desacertos e equívocos insanáveis e irrefutáveis na formação da equipe. E
como consequência, derrotas e mais derrotas, no plano militar, legislativo, judiciário.
A mais clamorosa, acachapante, destruiu o que ele cultivava como "seu
grande trunfo", no caso do visível e previsível fracasso administrativo: o
que insinuava e deixava á mostra, uma intervenção militar.
Isso que ele
tentava deixar público como fato rigorosamente verdadeiro, não resistiu a
uma entrevista do general-ministro Villas Boas. Usando radio jornal e
televisão, retumbou: "A eleição do Bolsonaro não significa a volta
dos militares á vida civil". Muita gente lembrou que o mesmo general
tentou impedir que o STF concedesse HC ao ex-presidente Lula.
Foi um fato de
bastidores, com o sigilo desvendado. Agora, uma entrevista gravada, falada,
escrita, assinada e confirmada. Bolsonaro sentiu o golpe, ficou sozinho e
isolado. As derrotas se acumulariam, registrarei as mais importantes. Uma,
pessoal e irreversível, diante do presidente do senado. Tendo sabido que o
presidente Eunicio de Oliveira, (não reeleito) iria colocar em pauta o aumento
dos ministros do STF, teto para o salário publico, pediu a ele, pessoalmente,
que retirasse o projeto da pauta.
Eunicio fez
exatamente o contrario, em 72 horas estava tudo aprovado. E o presidente eleito
mostrando a falta de prestigio. Ficou revoltado, tinha encontro marcado com o
presidente da Câmara e senado. Revoltado, desmarcou. Hoje estará novamente em
Brasília, talvez mude de ideia.
Faltava Bolsonaro
e suas ligações nada republicanas com Sergio Moro, serem devassadas pelo
judiciário. Não falta mais. O corregedor do CNJ, (Conselho Nacional de Justiça,
presidido pelo presidente do STF, criado para investigar o comportamento de
magistrados) determinou uma devassa para que se esclareça a razão da nomeação
de um magistrado de tão grande participação na campanha e na eleição de
Bolsonaro, logo elevado á condição de ministro de duas pastas, e o
personagem mais importante da Republica, logo depois do presidente eleito.
Não estou
descobrindo o assunto agora. Durante toda campanha eleitoral, e
principalmente de bastidores, denunciei a ligação espúria e
rigorosamente criminosa entre o candidato e o magistrado que aplainou o
caminho, para que ele chegasse ao Planalto. Tive acesso a 3 encontros
entre o candidato e o magistrado. Único assunto tratado, coordenado,
conversado. As providencias para que o ex-presidente Lula ficasse
inelegível.
Era o ponto
vulnerável e fundamental, para que a candidatura Bolsonaro passasse a existir.
Com Lula elegível, Bolsonaro ficaria sem mandato. Nem presidente nem deputado.
Escrevi sobre isso, até o fim.
PS- O CNJ tem
poderes para pedir ao Facebook, a transcrição de tudo que escrevi sobre a
ligação Bolsonaro-Moro.
PS2- Nem precisa,
mas têm minha autorização antecipada.
ARMÍNIO FRAGA
MOSTRA QUE BOLSONARO NÃO VÊ NEM O ÓBVIO
Destacado economista, notável presidente do Banco Central, sabe que a vida
não se esgota apenas nesse assunto. Numa entrevista à repórter Alexa Salomão,
diz que o presidente eleito precisa compreender que os assuntos sociais e
culturais, tem prioridade sobre todos os outros, porque provocam as maiores
desigualdades. Como economista, ele trata de todas as matérias, e se surpreende
com o desconhecimento de um futuro presidente da República.
Falando com a repórter, mas se dirigindo diretamente à Bolsonaro, recomenda
que o debate seja o mais amplo possível. Nem apenas econômico, nem
desconhecendo os assuntos que atingem principalmente as minorias, completamente
abandonadas. Terminando, ele ensina com toda a categoria: "Não sabemos
ainda, as implicações econômicas do conservadorismo cultural".