6.10.18

RECADO DAS MULHERES DO ELE NÃO: POR ISSO NÃO PROVOQUE, É COR DE ROSA CHOQUE!

EMANUEL CANCELLA -


Chico Buarque, no auge da ditadura militar, lançou a música “Vai Passar!”. E passou. Enquanto Chico e os saudosos Elis e Gonzaguinha cantavam para alegrar nossos corações, militantes contra a ditadura militar e pela volta da democracia eram perseguidos, torturados e mortos.

Dilma, estudante aos 19 anos, foi torturada nos porões da ditadura. E o Coiso votou pelo seu impeachment, aliás, a maioria do Congresso Nacional votou.

Mas O Coiso fez mais que votar, na declaração de seu voto elogiou o torturador de Dilma, Coronel Brilhante Ustra. Nada se provou contra Dilma e a resposta dos brasileiros é colocar Dilma como líder absoluta na corrida pelo Senado em Minas Gerais.

Ontem, 04/10/18, perdemos um brasileiro ilustre, o militante das boas causas, o jornalista Mário Augusto Jakobskind que trabalhou em vários jornais tradicionais e, já há alguns anos, compunha o corpo editorial do jornal Brasil de Fato.

Com certeza que Mário Augusto morreu não só por problemas de saúde, como também a tristeza pelo quadro político que atravessamos no Brasil deve ter contribuído, e muito, pelo falecimento de Mário Augusto. Perdemos um jornalista e militante cuja causa, até a hora da sua morte, não temos dúvida, era o Brasil. Mario Augusto presente!

Hoje, 5, na rua que moro, Correia Dutra, no Flamengo,  Rio, conversei com um amigo que trabalha com Uber na porta de um hotel. Ele me disse que apostou R$ 2 mil reais contra R$ 500 de que o Coiso não ganha essa eleição.

Na conversa entrou um funcionário do hotel e, de forma bastante educada, declarou-se eleitor do Coiso. Confesso que, de forma equivocada, agitado e com ar do dono da verdade, esculachei o Coiso dizendo que sua campanha prega o fim do 13º salário e o abono de férias e que o próprio diz que mulher tem que ganhar menos que o homem porque engravida.

E o que me respondeu o eleitor do Coiso: “Mas tem que acabar mesmo com 13º e férias, trabalhador tem que ganhar é bom salário”. E mais, esse mesmo eleitor do Coiso é sindicalista e mesmo assim concorda com a Reforma Trabalhista, que teve voto do Coiso e tirou os direitos trabalhistas, acabando com o imposto sindical, contribuição sindical e tirando a obrigatoriedade da participação dos sindicatos nas homologações.

Na prática, se essas propostas permanecerem, os sindicatos viram peça de decoração. Adeus sindicato de trabalhadores!

Fico lembrando o livro História da Riqueza do Homem, de Leo Huberman. No início do capitalismo, o trabalhador não tinha nenhum direito e trabalhava até a exaustão.  Quantas lutas foram travadas pelos sindicatos no mundo com a participação dos homens e das mulheres?

Cito como exemplo:

“Lutando contra essa discriminação, as mulheres encetaram diversas formas de luta na Europa e nos EUA. Numa dessas acções reivindicativas, no dia 8 de Março de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para exigirem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, deflagrou um incêndio, e 130 mulheres morreram queimadas” (1).

Todas as conquistas dos trabalhadores no Brasil estão agora sendo questionadas pelos golpistas e Bolsonaro representa a continuidade dessa retirada de direitos.

A tristeza que levou nosso companheiro Mario Augusto é de todos nós, militantes da boa causa. Mário era um daqueles homens que Bertold Brechet dizia que era imprescindível, pois lutou a vida inteira.

Quanto ao Coiso, independente do resultado da eleição, ele ganhou a ira das mulheres. Não adianta a mídia golpista, aliada aos institutos de pesquisa, como deboche, apontarem que, com a mega manifestação das mulheres, no Brasil e no Mundo, o Coiso subiu nas pesquisas. Eu conheço pouco sobre mulheres, mas nasci da barriga de uma e me orgulho muito disso:

Fica para o Coiso a mensagem da música de Rita Lee: “Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque!”.

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