4.10.18

MONOPÓLIO JORNALÍSTICO QUE JÁ NÃO MANDA MAIS NADA

JOSÉ CARLOS DE ASSIS -

O sistema Globo monopolizou todos os instrumentos de comunicação no país. Jornal, rádio, televisão, internet, tevê a cabo: tudo o que passa debaixo da terra ou que vai acima da terra, como meio e transmissão de notícia ou de comentário, está nas mãos da Globo. Não há nada parecido no mundo. Claro, para esse grande conglomerado midiático sua atuação apenas reflete competência individual e democracia global. Falso. Não é uma coisa nem outra.


O que se apresenta como competência não passa, no fundo, de uma acumulação progressiva de poder pela qual um elemento do conglomerado, digamos, o jornal reforça o poder do outro, ou seja, a televisão. Eles simulam entre si pagamentos de publicidade recíprocos, sendo que no fundo tudo cai no mesmo caixa, reduzindo artificialmente a capacidade competitiva dos concorrentes que não dispõem da mesma rede.

E que dizer da democracia política que supostamente dá guarida ao sistema como um todo? Bazófia, simples bazófia. Com seu poder monopolista, o sistema Globo distorce a democracia e submete a seus caprichos todo o mundo a sua volta, políticos, artistas, escritores, profissionais, sindicalistas desgarrados de suas bases, lideranças femininas, grupos gay, ambientalistas, ativistas de direitos humanos. A condição para que esses grupos ganhem a proteção “democrática” da Globo é que não se metam em política.

O grande monopólio midiático da Globo, sem paralelo no mundo, só passou ser desafiado no Brasil muito recentemente, pela internet. Diante do novo desafio, acendeu o sinal de alerta: com apoio do ministro Barroso, do Supremo Tribunal Federal, o sistema está desfechando um golpe que se pretende mortal na liberdade de expressão através das mídias sociais. Ainda sem saber exatamente como enfrentar essas novas tecnologias, o atalho perseguido é o que chamam de “fake news”, por enquanto uma arena aberta de notícias.

O jornal Globo de hoje ataca fortemente a geração de fake news sob o argumento de que são mentiras destinadas a enganar o leitor. Segundo afirma, 40% da população temem ser vítimas de fake news. Obviamente existe um fantasma por trás disso que ronda o jornalismo pela internet e se confunde diretamente com censura. Entretanto, como não pode defender abertamente a censura, pois seria um tiro no pé, o que se persegue é uma forma sutil dela, através da Justiça, e através sobretudo da manipulação do poder econômico mediante ações judiciais caríssimas.

Tivemos recentemente os dois maiores casos de fake news no Brasil, ambos fora do domínio da internet. O primeiro foi a falsa notícia relativa à mulher de Bolsonaro, dada escandalosamente pela Veja, desmentida vigorosamente por ela própria e de que resultou grande vantagem eleitoral para ele. O segundo foi a divulgação pelo juiz Moro, no Globo, da falsa delação de Antônio Palocci, de que resultou, provavelmente, grande vantagem eleitoral para Haddad. Isso significa que, independentemente da internet, a era das fake news dos jornalões passou. Seu poder de manipulação da opinião pública está com os dias contados.