2.10.18

A INDIGNAÇÃO CONTRA O FASCISMO É CRESCENTE, ELE NÃO!

ANA CLARA SALLES -

Neste sábado dia 29 de setembro, o movimento #ELENÃO contra a eleição e a política do candidato Jair Bolsonaro, que concorre ao cargo de presidência da republica, tomou conta das ruas do centro do Rio do Janeiro. Desde a Cinelândia até a Praça XV a população carioca se mobilizou com a intenção de mostrar a indignação contra o fascismo crescente na política e na realidade brasileira.


Bolsonaro é uma figura na política que se utiliza de ideais, propostas e ações ligadas diretamente a um governo autoritário, entreguista no sentido do imperialismo das potencias neoliberais sobre o Brasil e sua produção, que tende a seguir moldes muito parecidos com a ditadura militar de 1964 que trouxe para a legalidade a tortura, censura, assassinatos, perseguições, grandes esquemas de corrupção, desvalorização da educação pública, um modelo grotesco de fascismo.

Além dessas características gerais de seu programa de governo que aparecem sem um fundamento concreto (já que ele mesmo em suas aparições públicas joga a responsabilidade de suas propostas aos seus assessores), seu preconceito e desrespeito a grupos majoritários na sociedade assusta o que esta por vir se ele concretizar sua vitória. A lista é grande, extremamente machista, colocando a mulher num status de maior inferioridade em relação ao homem em vários direitos sociais e individuais. As mulheres brasileiras se tornaram uma ala de resistência de extrema força e importância pelo meio das urnas, graças e esse ódio tão grande que ele destila com seu machismo. Outro ataque recorrente é em relação à população negra e indígena, dissipando um discurso de ódio e morte a grupos quilombolas e indígenas (a questão de demarcação de terra gera um grande genocídio a essas culturas e pessoas). A grande homofobia em seu discurso contra a comunidade de LGBTI defendendo a morte, a “correção ou cura” da orientação dos indivíduos que constroem laços de afeto.  Ademais a grande aversão aos direitos das camadas mais pobres da população, como seu vice Hamilton Mourão recentemente demonstrou em uma fala que iria retirar o direito do décimo terceiro salário dos trabalhadores. Outra questão bastante polêmica é a pauta da legalização do porte de armas como uma das soluções da segurança publica. A situação de uma guerra civil não oficializada que se vive em muitos estados brasileiros, pelo narcotráfico, as vidas das camadas mais pobres são massacradas todos os dias, enquanto a força policial provém dessas camadas também, causando uma síntese desumana e de sobrevivência. O porte de armas pode agravar mais ainda, pelo fato também financeiro de armas serem caras, e apenas classes mais altas hipoteticamente teriam acesso a isto.


Essa breve exposição do que a população carioca e de vários estados se colocou contra mostra que a onda fascista chegou e só anda ganhando mais poder, faltando muito pouco para a eleição. O ato foi programado por via da rede do Facebook com o grupo “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”, mais de três milhões de integrantes mulheres se organizaram junto com outros movimentos sociais que aderiram à causa. Quantitativamente esse ato superou muito a média dos últimos meses, já que as maiorias das manifestações estavam sendo reprimidas pela força policial carioca constantemente, afastando muitas camadas para juntar à luta na rua. O período que nos encontramos de fato precisa de uma resistência muito forte e estratégica contra o fascismo, que no caso desse ato sua aplicabilidade não foi concreta a ponto de tomar conta do território do ato, mesmo com a grande quantidade de pessoas. Foram avistados grupos específicos infiltrados dentro do ato, com simbologias referentes ao nazismo, além de blusas referentes ao próprio candidato. As tentativas de afastar esses indivíduos foram isoladas e abafadas. 

Nas ruas aos arredores a concentração haviam pequenos grupos suspeitos, havendo até um caso de perseguição a um grupo de manifestantes mulheres quando se retiravam. Movimentos e coletivos também apontaram presenças estranhas que estavam sob suspeita de infiltração. Esse ato foi uma das poucas vezes, quem sabe a ultima, que teria uma chance de resposta popular contra essa figura fascista indo a caminho da eleição, já que recentemente temos vários casos que não são isolados de agressão e morte de militantes de esquerda, e lidar com esses fatores pacificamente não parou e não vai parar os casos de morte e perseguição gerados por esse Estado, que agora esta em perigo de nem ser democrático. Um levante da população que realmente fosse incomodar e sair dessa aparente inércia, considerando até o glorificado ativismo virtual que gera grande comodismo em ações mais práticas, esse ato foi à oportunidade perfeita para aplicar alguma estratégia, mas se desenvolveu com uma programação e marcha com uma faceta mais carnavalesca e tendências pacifistas.


O fim foi na Praça XV com programação cultural e um palco extenso para as apresentações com um mar de manifestantes. A disputa eleitoral ocorrerá no dia 7 de outubro, em primeiro turno, e no dia 28 de outubro, nos casos de segundo turno. O voto é de extrema importância assim como os programas e históricos dos candidatos. Além do mais essa eleição anda sofrendo ataques institucionais, como por exemplo, o cancelamento do direito de votos de eleitores devido ao processo burocrático da biometria, e curiosamente os títulos cancelados foram principalmente no norte e nordeste, tendo um grande eleitorado de esquerda. Numa situação de perigo de uma nova ditadura grita-se pela importância de lutas conjuntas nas ruas e no voto, para manter e resistir por direitos essenciais da população.