HELIO FERNANDES -
A confusão é total entre os presidenciáveis civis e
militares. Bolsonaro dispara na falta de credibilidade para o segundo turno, apesar
de aparentemente estar garantido no primeiro. E mais nada, perde para todos no
segundo, a tendência é "eliminarem" esse segundo decisivo e
definitivo, descumprirem a Constituição, o que não seria inédito nem
surpreendente.
A Republica nasceu militar, militarista e militarizada,
os "Propagandistas da Republica" foram superados,
alijados, ultrapassados, por 2 marechais, (Deodoro e Floriano Peixoto) que vieram
brigados e rompidos da estranha Guerra do Paraguai.
Reconciliados na madrugada de 15 de novembro tomaram o
Poder. Deodoro presidente, Floriano vice, mas acumulando com o cargo poderoso
de ministro da Guerra.
8 meses depois, Floriano demitiu Deodoro, assumiu a
presidência, mandou prender lideres civis, começando pelo notável Saldanha Marinho.
(Que em 1860, em pleno Império, lançou o jornal diário, "A Republica").
Preso por ordem direta de Floriano pronunciou a frase desesperançada e
desalentada, "essa não é a Republica dos nossos sonhos".
Que dura até hoje.
Rui Barbosa protestou, Floriano mandou avisar o
presidente do Senado, Prudente de Moraes, (depois o primeiro presidente civil)
que ia mandar prender Rui Barbosa, tido e havido, "como o maior brasileiro
vivo". Alertado, Rui se exilou na Inglaterra. Só voltou em 1896, quando se
elegeu senador.
Nos 129 anos da Republica, o pais se dividiu entre
ditaduras civis ou militares, inseparáveis e acumpliciados. O civil Vargas ficou
15 anos, apoiado pelos militares. Estes ficaram 21 anos, garantidos pelos civis
corruptos. Com o inesquecível e desonesto Delfim Neto, 12 anos Ministro da
Fazenda e da Agricultura, 4 como embaixador na França.
Voltou, novamente Ministro de João Figueiredo, mais 4
anos ministro da Fazenda da "transição", até á indireta de 1985.
PS- Agora, depois do capitão Bolsonaro, surge o general
Mourão como segundo. Sem nenhuma chance de ser presidente, Bolsonaro tenta
todas as formas de eliminar o segundo turno. E tomar posse apenas com a vitória
plausível no primeiro turno.
PS2- Alguns militares enamorados pelo poder, admitem
voltar, explicam publicamente: "Não queremos o poder pelo poder, e sim
defender a democracia e o equilíbrio do país”.
PS3- Existe uma duvida que não favorece Bolsonaro, e pode
consolidar a sucessão. Se for presidente da Republica, Bolsonaro será o
"comandante em Chefe das Forças Armadas".
PS4- Generais, Almirantes e Brigadeiros, subordinados a
um capitão da reserva, terão que reverenciá-lo e prestar cumprimento e
continência. Muitos consideram isso revoltante.
PS5- Nas 3 semanas até 7 de outubro muita coisa
acontecerá. De 7 a 28, os fatos se agravarão, impossível fazer uma analise
profunda.
PS6- A cada dia aumenta a responsabilidade dos 146
milhões de cidadaões-contribuintes-eleitores, inscritos para votar. É preciso votar,
o voto lúcido e compenetrado, é a salvação e a solução para o país.