JOSÉ CARLOS DE ASSIS -
Jair Bolsonaro é carta fora do baralho. A dar crédito ao que circulou na internet, ele perdeu completamente o equilíbrio na avaliação de suas próprias chances de saúde para disputar a Presidência da República. Digamos que o que circulou nas redes sociais foi puro fake. Não importa. Parece ser da natureza dele, por tudo o que abertamente diz das pessoas e de situações, o recurso aos impropérios que desfechou contra a enfermeira que o serve no hospital. Para o bem ou para o mal, ele está eleitoralmente liquidado, pelo menos em 2018.
Não há nada para festejar nesse incidente que lembra Tancredo Neves. O general Mourão, que assumiria na hipótese de Bolsonaro não tomar posse, é uma esfinge conhecida apenas pela metade e tão grosseiro quanto ele. Aparentemente é um retrógrado em questões sociais. Contudo, não se estão disputando posições presidenciais em questões morais. A parte essencial da campanha, tanto no caso de Bolsonaro quanto do general Mourão, ainda não aflorou: ninguém sabe em que consistiria a política econômica de um ou de outro.
O ensaio de Paulo Guedes, um neoliberal radical que se precipitou a anunciar elementos de política econômica de extrema direita, parece ter sido fulminado de uma forma tão rápida quanto surgiu. É claro que a ação de Bolsonaro fulminando-o não foi exatamente por uma questão política. Foi por conveniência eleitoreira. De qualquer forma, se resta a Paulo Guedes alguma réstia de caráter, ele se afastará definitivamente de seu ídolo e buscará outra oportunidade, na turbulenta história brasileira, de se associar a um neoliberal viável.
Considerando a hipótese de Bolsonaro ganhar e não governar, como Tancredo, teremos um período de extrema turbulência na economia, na política e na sociedade. Já na hipótese de Haddad vencer – e esta é uma hipótese razoável, pois o segundo turno está se configurando nessa direção -, não teremos uma situação de turbulência menor. De fato, a posse de Haddad configurará uma peculiar situação em nossa história pela qual um golpe de Estado é revertido no meio do caminho e o poder devolvido, sem maiores traumas, ao anterior derrotado.
Não quero especular mais. Na qualidade de filósofo político engajado, minha responsabilidade cidadã é apontar saídas, mesmo que precárias. E isso tenho feito nestes artigos, acentuando o imperativo de eleição de uma maioria progressista no Congresso Nacional. O fato é que não vejo outro caminho. O que não significa que não continuarei atuando na crítica política mesmo que percamos o Congresso. O Brasil não vai acabar se Bolsonaro ou se Haddad ganhar, ou se não conseguirmos maioria progressista no Congresso. A situação apenas vai piorar ainda mais, sinalizando talvez uma aventura golpista.
Mas o que significa uma maioria progressista? Vá ao site frentepelasoberania.com.br e identifique como votaram os deputados federais e senadores nos projetos propostos por Temer. Basicamente, a infame reforma trabalhista, a lei da terceirização, o orçamento zero para cortar investimentos sociais por 20 anos, a entrega do pré-sal às multinacionais do petróleo. No site estão computados todos os votos, com os votantes. É, portanto, muito fácil identificar quais são os traidores da Pátria, que votaram a favor desses projetos, e quais são os que defenderam os interesses do povo e os interesses nacionais, os progressistas.
Isso não é tudo. Se queremos maioria no Congresso precisamos de eleger mais deputados federais e senadores que os neoliberais, assim como temos que reeleger os progressistas, cujos votos estão identificados o site. Temos também um caminho para os novos. Criamos o Decálogo de Compromissos, pelo qual os candidatos progressistas, antigos e novos, se comprometerão a seguir os princípios que nos levarão a superar a crise brasileira. O Decálogo também está no site, com a síntese desses princípios. Você poderá escolher o deputado ou senador de sua preferência a partir dele.