Um amigo que não
quer aparecer, intuitivamente acertou nas intenções do Coronel Passarinho de me
preservar. Meses depois de voltar de Fernando de Noronha, ainda em 1967, eu
jantava num restaurante de Ipanema, (com Rosinha e um casal) inesperadamente o
coronel vem á minha mesa, cordial, levanto, ele me diz: "Estamos em campos
opostos, mas tenho admiração por você. A ideia de Fernando de Noronha
foi minha, eu só ouvia dizerem, o jornalista tem que morrer, achei
que era a solução".
Ah! Com certeza!
O Jarbas Passarinho foi uma exceção naquela tribo de paletós verdes emedalhados.
Não quero dizer com isso que ele não fizesse parte daquilo, mas com certeza ele
teve consideração e apreço por você. Você só sobreviveu, Helio, devido ao caldo
que resultava dos trabalhos de ambos. Do teu trabalho e do Millôr, porque
enquanto você jogava lenha na fogueira, o Millôr pacificava aquilo com humor. O
casamento era perfeito.
O Millôr era um
combatente nato, só que usava humor e ironia, que são armas de tempera divina.
Mas sabia o que enfrentava. Tempos depois de ser demitido de O Cruzeiro, lançou
o Pif-Paf como revista semanal. 6 números magníficos, vieram os generais
torturadores, fecharam a revista, que ele fazia sozinho.
Completando e
complementando. Já na fase ainda mais combativa do Pasquim, circulou a notícia
que 12 jornalistas do brilhante semanário seriam presos. O Millôr incluído. Ele
não esperou. Escreveu: "Se eu for preso, um dia vão ter que me soltar. Aí,
irei para o exterior e farei a maior campanha contra essa ditadura. Podem me
encontrar em casa ou na redação".
Ninguém
conseguiu explicar, mas o Pasquim teve 11 jornalistas presos, o Millôr
continuou solto, trabalhando e combatendo AS EMPREITEIRAS ROUBALHEIRAS.