3.5.18

PREFEITO MARCELO CRIVELLA E UBER, UM CASO DE AMOR

JOÃO CLAUDIO PITILLO -


No último dia 12 de abril, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, decretou a “regulamentação” dos aplicativos de transporte privado. Coerente com as suas declarações durante a campanha eleitoral, Crivella fez um decreto evidenciando o seu caso de amor pela empresa Uber. Decretou a oficialização do popular “liberou geral”.

O referido decreto não traz nenhuma regra ou restrição aos mais de 150.000 carros que rodam em nossa cidade, apenas se preocupou em arrecadar 1% do faturamento bruto das corridas. O decreto na prática é um incentivo para que a balbúrdia automotiva continue imperando em nossa cidade, isto é, a regulamentação é um “fique como está e aqueles que concordem, permaneçam como estão”.

E como está? Está ótimo para essas multinacionais que exploram a mão de obra dos motoristas, lhe pagando valores ínfimos e os negando a proteção das Leis Trabalhistas. Nesse sentido, a Uber e as demais empresas (Cabify e 99), os classificam de “parceiros”. Uma parceiragem onde os motoristas entram com o pescoço e as empresas com a corda.

Com o decreto do prefeito Crivella, essas empresas poderão continuar a explorar quantos carros quiserem sem se preocupar com a qualidade do ar e das vias. Essas empresas também poderão continuar a trabalhar ignorando o Código de Transito Brasileiro (CTB) e o Plano Diretor da Cidade, agora com a chancela do prefeito.

Essa situação criada pela Lei “dos aplicativos”, promulgada pela Câmara Federal no último dia 28 de fevereiro, trarão enormes problemas para a mobilidade urbana em nosso país, já que permite que carros particulares usurpem a função do transporte público coletivo e que nesse rastro inicie o processo de extinção da modalidade de táxi. Esse modelo praticado pelos aplicativos privados de preços baixos cobrados ao público e ganhos irrisórios oferecidos aos motoristas, é visto como predatório e autodestrutivo, já que leva ao inevitável sucateamento do carro e precarização da mão de obra.

Se as autoridades brasileiras não voltarem à mesa de discussão sobre o papel dessas multinacionais e os males do processo de “uberização”, para além da extinção do modelo de táxi, teremos também processo de desordem criminosa em nossas ruas, onde o passageiro logo será a grande vítima da sanha desmedida dessas multinacionais. Quanto ao prefeito Crivella, o amor incomensurável que ele tem ao “Deus Mercado”, não lhe permite ser justo nem com os taxistas e tão pouco com os cariocas, ele prefere a glória que o dinheiro dos aplicativos pode lhe proporcionar.

* João Claudio Platenik Pitillo, Pesquisador do NUCLEAS-UERJ, Doutorando em História Social pela UNIRIO, colaborador da TRIBUNA DA IMPRENSA Sindical