25.5.18

O DISCURSO DE CIRO

JOÃO FRANZIN -


O candidato ideal ainda está pra nascer. Enquanto não nasce, resta-nos tratar com os que aí estão, com seus defeitos e suas virtudes  – “é o que tem pra hoje”, diz o povo.

Entre estes, se destaca Ciro Gomes (PDT), com grande vivência administrativa e experiência em disputas importantes, incluindo duas candidaturas à presidência da República.

Outra vantagem do ex-governador cearense é, até aqui, não aparecer citado na roubalheira generalizada, que derruba nomes fortes e desmoraliza partidos.

Ciro Gomes é inteligente e tem conteúdo para falar a respeito de vários temas. E tem falado: sobre juros, câmbio, situação fiscal, questões tributárias, fortalecimento do setor produtivo, entre outros.

Por ser experiente e politizado, a seu estilo peculiar, ao falar para o público ou a imprensa, Ciro tem despejado números, índices, avaliações e opiniões. Há qualidade no que ele diz, mas falta uma mensagem central, que identifique claramente a sua ideia principal.

Uma regra básica de comunicação orienta que, ao falar com poucos, podemos expor muitas ideias; ao falar para muitos, poucas ideias. O excesso de ideias, ainda que corretas, mais desorienta que clareia o discurso.

Ciro tem sido suscitado a falar sobre todos os assuntos. Mas três palavras não aparecem com frequência e veemência em seu discurso: emprego, direitos e renda . Vale, no entanto, reconhecer que, entre os candidatos viáveis, é o único que promete revogar a lei trabalhista de Temer, repleta de maldades contra os trabalhadores.

Porém, para pronunciar, de modo convincente, tais palavras fundamentais ao mundo do trabalho, Ciro Gomes precisa abrir espaço e mais canais de diálogo com o sindicalismo. Está certo que ouça o mercado. Mas, a fim de que não seja refém das imposições do mercado, é recomendável que ouça mais os trabalhadores, por meio de suas representações.

Prezado Ciro: fale, diga, soletre e pronuncie como um mantra as palavras emprego, direitos, renda. E o movimento sindical cuidará para que elas ecoem nas bases.

João Franzin é jornalista e diretor da Agência de Comunicação Sindical