MARINO D ICARAHY -
Apesar de todo empenho e brilhantismo da defesa do Rafael, ele teve a sua condenação por tráfico de drogas e associação para o tráfico confirmada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Rafael tem o privilégio de contar com uma defesa de qualidade indiscutível, comprometida com a causa, encabeçada pelo Dr. Carlos Eduardo Martins, que, pelo que soube, fez uma sustentação impactante, mas, incapaz de ultrapassar o caráter de classe que tem o Judiciário.
Rafael Braga é uma das centenas de milhares de vítimas desse Estado perverso, que mata e encarcera a população jovem, negra, pobre e favelada de nosso País. Temos hoje uma população de 726.000 presos, em grande parte formada por inúmeros Rafaéis.
A Lei e a política antidrogas são máquinas de fabricar presos e de alimentar o tráfico não apenas de drogas, mas de armas bélicas, em cumprimento a uma lógica que visa a exterminar e criminalizar os excluídos, que não têm "função" no sistema político-econômico vigente.
Visa também a movimentar o comércio internacional de armas e munições, por duas vias, a legal, para as forças repressivas, e, através de contrabando, vindo dos mesmos fabricantes, para as populações marginalizadas pelo sistema.
Hoje, o cara que é preso por tráfico de drogas na favela ganha logo de brinde a imputação de associação criminosa, às vezes com resistência armada, o que vai agravando a pena de maneira totalmente desmedida e desproporcional, levando a condenações superiores a nove anos, e, às vezes, mais, se o pobre condenado já é "reincidente".
Os Tribunais, fazendo tábua rasa, aplicam automaticamente esse cardápio, diariamente, sem resolver o problema do tráfico e lotando as cadeias e penitenciárias.
Por que será? Alguém desconfia?
Levando em consideração as políticas privatistas, quanto maior o número de presos, maior a eficácia da exclusão social, e maiores os lucros a acumular.
Rafael é vítima disso.
Mas, Rafael também tem uma outra condenação cruel, maliciosa e bizarra, por suposta posse de explosivos, na grande manifestação do dia 20/06/2013, quando, em situação de rua, sem nem saber o que estava acontecendo, foi preso como se portasse explosivos, quando portava desinfetante, água sanitária e uma vassoura.
Aquela outra grave e injusta condenação de Rafael vai servir de paradigma para esse Tribunal, majoritariamente, conservador e punitivista, condenar outros "manifestantes" criminalizados.
Já esta nova condenação tem o condão de prolongar a exclusão e até causar a morte do pobre condenado, mas, principalmente, desqualificar "os manifestantes".
Rafael Braga, hoje, na 5ª Delegacia Policial foi referido por uma policial militar como "aquele black bloc?".
Por isso a importância do Caso Rafael, na verdade, muitas importâncias do caso, que deve ser denunciado aos quatro cantos do mundo, através de vigorosa campanha de apoio e solidariedade a essa simbólica e emblemática vítima desse Velho Estado, para o qual não há remendo que dê jeito nessa bagaça.
Lutar não é crime!
A rebelião se justifica!
Liberdade para Rafael Braga!
* Fonte: Facebook