Por PEDRO AUGUSTO PINHO -
É um motivo de perplexidade e inquietação o desplante com que o governo golpista de 2016 vem atuando. Retira direitos consagrados há quase cem anos, doa a estrangeiros bens e riquezas naturais brasileiras, provoca a humilhação da nossa nacionalidade no exterior, enfim, é um verdadeiro provocador que não encontra quem o revide com efetividade.
Aqui e ali, um discurso, uma artigo, mais ou menos veemente, uma denúncia, muitas vezes cheia de ressalvas, parece que a ameaça de Aécio Neves, gravada pelo corruptor, de matar o denunciante, intimidou todo mundo.
Tenho plena consciência que não são os arrogantes e imbecis parlamentares, os magistrados, nem mesmo os ruralistas, exportadores, banqueiros e outros sanguessugas da nação, desde o período colonial, quem está mantendo este governo. Também não são os Estados Unidos da América (EUA) ou qualquer outro império de algum estado nacional.
Por trás dos golpistas está um poder colossal, mas não invencível: o sistema financeiro internacional, que denomino “banca”.
Como age a banca para neutralizar reações e obter um apoio suicida de parte do povo? Há várias técnicas no domínio das corrupções, afinal é a banca a maior corruptora de todos os tempos, também no domínio das estratégias de administração e no campo da comunicação de massa.
Neste último, o Brasil talvez tenha sido o mais fácil país para a banca exercer sua ação. Encontrou um sistema quase totalmente privado, dominado por meia dúzia de famílias, mas sendo um monopólio efetivo de uma delas: a proprietária do Sistema Globo.
A banca não tem argumento. Como defender o propósito de criar uma dívida permanente, de preferência crescente, que escravize o devedor? Afinal a banca só faz, rigorosamente, isso: promover a dívida. Tenho a convicção – expressão tão em voga – que esta face da banca se originou com a Revolução Francesa e o “passeio” de Napoleão pelas terras aristocráticas do continente europeu. Deve ter sido um susto, para quem sempre teve na propriedade fundiária seu poder e riqueza, se encontrar, subitamente, despojado de ambos.
Os financistas ingleses, que já haviam se apropriado da revolução industrial, viram um modo de responder a esta inquietante situação da aristocracia e seus apaniguados: a geração de dívida. E, a partir daí, pela dívida, a Inglaterra criou um império colonial. Você, por acaso, está pensando que as ferrovias na Índia objetivavam o progresso daquele país? Triste e ledo engano. Além de facilitar a comercialização das companhias inglesas (precursoras, com as holandesas faça-se justiça, da simbiose público-privada: o público arca com os investimentos e os prejuízos; o privado com os lucros) gerava a dívida da Índia com os bancos ingleses. Aqui, no Brasil, a independência carregou uma enorme dívida com a Inglaterra, que o Império multiplicou, e somos apenas um exemplo entre tantos outros. Nenhuma jabuticaba.
Voltando à estratégia da banca. A forma mais fácil de conduzir uma multidão é colocando-a numa situação de dualidade: ou isso ou aquilo, ou preto ou branco, ou comunista ou democrata e assim, sem outra resposta, você vira um boi no estouro da boiada. Não pode ficar atrás da árvore ou correr em outra direção, segue a boiada ou a enfrenta.
O caminho para o golpe de 2016 foi a corrupção. Nunca tantos corruptos se apresentaram contra uma única corrupção, a do Partido dos Trabalhadores. Dia e noite as redes de televisão e a imprensa martelavam: corruptos, corruptos, corruptos.
E, os próprios tribunais de exceção, constituídos por agentes da banca e corrompidos diversos, para condenar os “petralhas”, chegaram aos denunciantes, aos golpistas de todos os poderes. Era, então, necessário mudar a tônica. Como por milagre, a corrupção sai das manchetes. Entra a violência. Sim, você deve ser a favor do uso policial das forças armadas ou então é um terrorista, um amigo dos marginais. Exceto se for um magistrado conhecido por conceder noturnos habeas corpus.
Assim, a banca prepara a repressão, que um governo provocador, inimigo da Nação terá, mais dia menos dia, que enfrentar. E a pauta da violência, do desastre substitui a da corrupção. Nem importa se é o assalto com vítima no seu bairro ou uma avalanche na Suíça. Você precisa ter medo, como antes tinha revolta. Já prepara, pelo medo, uma grande arma, as prisões e torturas dos opositores. Há até um pré-candidato a qualquer coisa que tem no discurso da agressão seu mote político.
E a banca vai destruindo, dentro de seu plano, mais um país, como o fez com o Iraque, a Líbia, tentou na Síria e insiste na Venezuela. É um projeto nefasto de poder, cujo enfrentamento exige a consciência e a reflexão de quem não se ilude com dicotomias e sofismas. Pense e salve sua Pátria, saia do rebanho ou se tornará um pária.
* Via e-mail. Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado