REDAÇÃO -
Interlocutores da futura procuradora-geral da República, Raquel Dodge, admitem reservadamente que ela se expôs de forma desnecessária ao se encontrar, na noite de terça-feira fora da agenda oficial, com o presidente Michel Temer horas após a defesa do peemedebista ter pedido a suspeição do atual chefe do Ministério Público Federal, Rodrigo Janot, em investigações que o envolvem, disse à Reuters uma fonte ligada a ela.
A justificativa dada por Raquel Dodge e pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto foi de que os dois discutiram a posse dela no cargo em 18 de setembro, uma vez que no dia seguinte Temer vai participar da abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, nos Estados Unidos.
A fonte disse, sob a condição do anonimato, que desde a semana passada Dodge tentava agendar sem sucesso um encontro com Temer para discutir os detalhes da cerimônia.
Na quarta-feira, a segundo a fonte, a futura procuradora-geral recebeu a sinalização do governo de que o encontro poderia ocorrer ao longo do dia no Palácio do Planalto e pediu para ela ficar de prontidão.
Mas ela só foi acionada à noite para ir ao Palácio do Jaburu, em encontro ocorrido fora da agenda, um dos argumentos usados por Janot para contestar a atuação de Temer no episódio da delação de Joesley Batista, da JBS. (via Reuters)
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Delator da JBS vai relevar nomes e valores de deputados que elegeram Cunha presidente da Câmara
O executivo Ricardo Saud, delator da J&F, fará um complemento de sua delação premiada em que irá relatar nomes de deputados atribuídos a valores que teriam recebido em dinheiro vivo para apoiar a eleição do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara, em fevereiro de 2015.
Na ocasião, Cunha foi eleito com 267 votos. Ele ficou à frente do candidato apoiado pela então presidente Dilma Rousseff, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que teve 136 votos.
Segundo pessoas ligadas à empresa, o próprio Saud, que na época atuava como interlocutor e lobista da J&F no Congresso, teria sido o responsável por fazer os repasses. Os pagamentos representam R$ 12 milhões dos cerca de R$ 30 milhões desembolsados pelo grupo para dar suporte a Cunha, conforme relatou Joesley Batista, sócio da empresa e também delator.
Pessoas envolvidas nas tratativas afirmaram à Folha que o lobista vai apresentar os nomes dos deputados, os valores pagos a cada um, além de informações sobre o modo que as entregas foram feitas.
Em depoimento, Joesley se limitou a dizer que o grupo atendeu ao pedido de Cunha, que em 2014 solicitou R$ 30 milhões para se eleger presidente da Câmara. “Dos levantamentos nossos, pelo que eu entendi, ele saiu comprando um monte de deputado Brasil afora”, disse. (via Folha)