ISA COLLI -
No Brasil, ainda existe muito a se realizar na educação infantil.
No que se refere ao plano pedagógico, pode-se constatar na última década um intenso movimento de debate acerca da especificidade do trabalho pedagógico nesse segmento. A superação desse cenário exige dos pesquisadores em educação a explicitação de qual deve ser o papel da educação escolar infantil na formação e na promoção do desenvolvimento humano da criança.
De acordo com Jean Piaget, o nome mais influente no campo da educação durante a segunda metade do século 20, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida. Criança não raciocina como adulto e apenas gradualmente se insere nas regras, valores e símbolos da maturidade psicológica. Essa inserção se dá mediante dois mecanismos: assimilação e acomodação.
O primeiro consiste em incorporar objetos do mundo exterior a esquemas mentais preexistentes. Já a acomodação se refere a modificações dos sistemas de assimilação por influência do mundo externo.
As descobertas de Piaget tiveram grande impacto na pedagogia, mas, de certa forma, demonstraram que a transmissão de conhecimentos é uma possibilidade limitada. Se por um lado, não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não tem condições de absorver, por outro, mesmo tendo essas condições, não vai se interessar a não ser por conteúdos que lhe façam falta em termos cognitivos.
Se o conhecimento se dá por descobertas que a própria criança faz – o aprendizado é construído pelo próprio aluno. Então, educar é provocar a atividade – isto é, estimular a procura do conhecimento.
Quando se propõe ao professor que estimule, acompanhe, oriente e partilhe os conhecimentos, não se quer reduzir a sua interferência na sala de aula a uma mera participação. Trata-se de um acompanhamento do processo de desenvolvimento infantil e das suas descobertas. De uma naturalização do desenvolvimento infantil que não ignora o papel do processo educativo na própria formação dos desejos, interesses e necessidades da criança e, mais que isso, articula-se a uma naturalização das relações sociais em geral. O professor sempre terá o comando.
Então o que deve mudar?
O que deve mudar, é forma de despertar em cada criança a curiosidade e vontade de aprender.