ROGER MCNAUGHT -
As comunidades do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo mais uma vez
choram a morte de mais um trabalhador inocente. Após semanas de confrontos constantes,
mortos e feridos, as associações de moradores haviam programado um ato pela paz
que, infelizmente, não foi respeitado pela política criminosa de confrontos
desnecessários. Desde a parte da manhã
desta quarta-feira dia 28 de junho, confrontos sucessivos impediram a
realização da caminhada pela paz e no processo ceifaram a vida de um
trabalhador inocente que almoçava em casa. Fábio Franco Alcântara, porteiro de um edifício localizado na rua Sá
Ferreira, em frente ao acesso da comunidade foi atingido e veio à óbito durante
intenso confronto.
Durante todo o dia moradores tentaram dar prosseguimento à
realização da caminhada pela paz sendo constantemente interrompidos por
incursões de policiais militares nos acessos à comunidade, ameaças e boatos de
possíveis retaliações após tal caminhada – os boatos alertavam para o risco de
esfaqueamentos durante a madrugada por grupos de policiais caso houvesse tal
manifestação.
Além do falecimento já mencionado, vários moradores ficaram
feridos, sendo atendidos no hospital Miguel Couto. Inúmeros outros moradores, especialmente
idosos, vem sofrendo com a pressão constante que debilita a saúde e a
indignação é geral, mesmo entre moradores das ruas do entorno que conversaram
com a equipe.
Crianças estão sendo postas constantemente em risco pois as
operações estão sendo realizadas em horário escolar e de transito de ida e
vinda de escolas e creches, o que aumenta a revolta de moradores que alegam
estarem há gerações na comunidade e nunca viram a situação degradada a esse
ponto antes.
Ficou mais do que óbvio que a política de enfrentamento a
qualquer custo não visa solucionar questões ligadas à segurança pública – pois
os números mostram que essas ações apenas pioram o problema. Tal política apenas derrama sangue
diariamente e evidencia uma política implícita de extermínio de pobres,
implantando zonas de guerra aonde moram pobres e negros.
Quantos mais terão de morrer antes que a sociedade civil
assuma a responsabilidade pela política genocida que financia com seus
impostos?