29.6.17

COMO PREPARAR AS CRIANÇAS PARA LIDAR COM DINHEIRO

ISA COLLI -


Qual é, afinal, a importância da educação financeira para crianças? Qual seu papel na formação de conceitos como ganhar dinheiro, gastar, poupar?

Preparar financeiramente os pequenos é o processo de torná-los capazes de fazer o melhor uso possível do dinheiro. Assim, quando chegarem à fase adulta, saberão gerir os seus ganhos e conquistar uma boa qualidade de vida.

Sob esse ponto de vista, a educação financeira é uma ferramenta para garantir tranquilidade no futuro.

O que é o dinheiro?

Ensinar as crianças sobre o que é o dinheiro é o primeiro passo para aqueles que pretendem preparar financeiramente os pequenos. Depois disso, pode-se ensinar  o que é a relação que temos com banco através de conta bancária, cartão de crédito e de débito, exemplificando sobre como tudo isso funciona.

Sem dúvida é importante falar sobre o que é o salário, como se faz para ter direito a ele, como se recebe e como deve ser gasto. Ao mesmo tempo, é fundamental explorar outras formas de aquisição de dinheiro, como o comércio e os empreendimentos, seja o artesanato ou uma fábrica de laticínios, por exemplo. A criança tem o direito de conhecer variadas formas de prover seu sustento.

Os ensinamentos, naturalmente, devem ser apresentados aos poucos, para não tornar o assunto desagradável, e a idade deve ser respeitada. Não adianta despejar um amontoado de informações de única vez na cabeça da criança.

O mais importante é a garotada ser orientada para não encarar o dinheiro como uma “mágica” que realiza todos os seus sonhos; em vez disso, meninas e meninos precisam entender que as moedas, as notas e os cartões estão ligados ao trabalho de alguém. Eles devem saber como funcionam os pagamentos e como funciona cada transação comercial, ou seja, a troca de dinheiro por produtos.

A função dos cofres

Uma forma bastante usada para ensinar a importância do dinheiro é o uso de cofres. Uma sugestão é usar um cofre transparente, onde são depositadas moedas sempre que possível. Assim, a criança vai enxergar o dinheiro como algo real e palpável, que deve ser valorizado, pois é resultado de outra troca: alguém trocou seu tempo de trabalho por dinheiro. Depois disso, deve-se decidir se o dinheiro será economizado e guardado ou se será “trocado” por algum produto ou serviço.

Com esse exercício, os pequenos vão aprender também a exercitar a paciência, vendo que é preciso esperar algum tempo para juntar determinada quantia.

A primeira carteira

Crianças com mais de 4 anos já podem utilizar uma carteira para guardar notas e moedas provenientes de mesadas ou doações de familiares. Quando os pequenos tiverem dinheiro suficiente para comprar algo bem simples (como uma barra de chocolate), acompanhe-os até a loja e ensine que, nesse momento, eles devem ter calma, escolher o produto a ser comprado, verificar o preço, pagar e, se for o caso, esperar pelo troco.

Dizer “não” quando é preciso

Quando as crianças pedirem para comprar algo que, naquele momento, é inoportuno ou desnecessário, o adulto deve conversar e explicar a diferença entre querer e precisar. Isso é fundamental! O indicado é fazer um carinho e deixar o ambiente — mesmo que haja choro.

Ao longo dos anos, as crianças terão aprendido importantes lições sobre querer e precisar, sobre desperdício e sobre o prazer que é conquistar algo desejado e planejado. Em outras palavras, o consumo passará a ser algo feito de modo consciente e equilibrado.

Dê o exemplo

Nada mais eficaz na educação financeira infantil do que o exemplo do adulto. Consumo moderado, consciente, comportamento respeitoso com o dinheiro, sem exageros, tudo isso é importante – mesmo quando se tem muito dinheiro, ele deve ser usado com consciência.  Os pequenos, que sempre observam os seus responsáveis, logo notarão uma incoerência se os grandes gastam além da conta.

Como se pode concluir, também na educação financeira, os conceitos iniciais são recebidos em casa. A boa formação financeira, embora seja um processo longo e demorado, começa na família.

Imagine que sensação prazerosa você, adulto, terá, em alguns anos, quando sua criança puder usar o dinheiro comprando produtos e serviços que tragam a ela uma alegria genuína, ao contrário de amontoados de brinquedos que, poucas horas depois de comprados, já vão, esquecidos, para um canto da casa! Imagine sua criança escolhendo no mercado ou na loja a embalagem que polui menos, o alimento mais saudável, ou seja, sua criança usando o dinheiro para viver melhor!