ILUSKA LOPES -
É a total irresponsabilidade, o inacreditável banalizado, de chorar... a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, uma das maiores do País, diz que é necessário fazer o pagamento dos servidores de novembro, dezembro e do décimo terceiro dos funcionários, além do repasse de bolsas e auxílios. A instituição também pede a liberação de recursos para que possa funcionar e atender o pobre contribuinte carioca e fluminense.
Em uma carta ao governador, Luiz Fernando Pezão, divulgada nesta terça-feira (10), o reitor Ruy Garcia Marques, com apoio de antecessores, acusa o governo do Estado de "desprezar o ensino superior" e "de forçar o fechamento" da universidade. Segundo ele, se as medidas citadas não forem implementadas, "as atividades ficarão impossibilitadas nas diversas unidades". Leia a íntegra da carta:
A Uerj e o Futuro do Rio de Janeiro
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ao longo das suas mais de seis décadas de existência, cresceu e firmou-se como uma das principais universidades do País. Atualmente, é a 11ª colocada em qualidade entre as 195 universidades brasileiras, segundo o ranking da Times Higher Education de 2016, e a 20ª entre todas as universidades da América Latina.
Quando se considera o item "inserção de seus alunos no mercado de trabalho", a Uerj ocupa o 8º lugar e, no item "produção científica", ela é a 9ª, segundo o ranking das universidades brasileiras da Folha de São Paulo.
São cerca de 35 mil alunos em seus cursos de graduação, nas modalidades presencial e de ensino a distância, mais de 4 mil em cursos de mestrado e doutorado, cerca de 2 mil em cursos de especialização e 1,1 mil nos ensinos fundamental e médio (Instituto de Aplicação – CAp-Uerj). Além do Campus Maracanã, dispõe-se em 13 unidades externas, constituindo seis campi regionais espalhados pelo Estado do Rio de Janeiro, colaborando com seu desenvolvimento regional.
São também da Uerj unidades de saúde, como o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), a Policlínica Piquet Carneiro (PPC) e a Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI), esta última um importante projeto de extensão, com várias premiações internacionais.
O HUPE é um dos maiores e melhores hospitais do Rio, com mais de 500 leitos, 10.000 internações/ano e mais de 180.000 consultas ambulatoriais especializadas/ano. A PPC é responsável por mais de 200.000 consultas/ano e cerca de 8.000 cirurgias ambulatoriais/ano.
Fica clara, portanto, a importância da Uerj no cenário educacional de nosso Estado, bem como seu impacto positivo para a nossa economia, preparando recursos humanos muito qualificados para as áreas da indústria, da tecnologia, do comércio, da educação, da saúde e da pesquisa avançada. Um sem-número de nossos alunos tornam-se inovadores e empreendedores, gerando empregos e riquezas para o Rio de Janeiro.
Todos sabemos que a criação de novas indústrias no Rio de Janeiro é um ambicioso projeto de nossos governantes. Como elas poderão se instalar e continuar a oferecer empregos, sem a geração da mão de obra necessária? Como produzirão renda, sem a capacidade instalada laboratorial necessária para gerar inovação? Como produziremos riqueza, sem o conhecimento?
Não há progresso sem educação! São senhores do tempo aqueles que elegem a educação como prioridade, ninguém mais duvida disso.
Foram tempos difíceis aqueles em que a educação não era considerada um direito. Árduos tempos em que se tenta a efetivação do direito à educação em todos os níveis.
Há anos, um enorme esforço tem sido exigido por nossa sociedade nesse sentido. O esforço de um batalhão de operários da educação, em todos os níveis, tem sido recompensado por instituições educacionais mais pujantes para abraçar os ideais de uma sociedade justa e fraterna.
Entretanto, a Uerj está sendo sucateada, numa absoluta falta de visão estratégica por parte dos governantes do nosso Estado, a quem incumbe o financiamento de uma universidade pública e inclusiva como a nossa.
Desprezar o ensino superior, a pós-graduação e a pesquisa é apostar na miséria, na violência e num futuro sem perspectivas positivas.
Forçar o fechamento da Uerj é não pensar no futuro de nosso estado e de nosso país.
A Uerj e o Estado são perenes, os governantes não.
Ruy Garcia Marques – Reitor
Maria Georgina Muniz Washington – Vice-reitora
Com o apoio de ex-reitores da Uerj: Ivo Barbieri, Hésio Cordeiro, Antonio Celso Alves
Pereira, Nilcea Freire, Nival Nunes de Almeida, Ricardo Vieiralves de Castro