WILSON DE CARVALHO -
Me desculpem, mais uma vez, por falar do que é desagradável. Estou fazendo a minha parte! O governo japonês deu o alerta: não aceita gastar tudo que as empreiteiras e picaretas estão pedindo para as obras das Olimpíadas de 2020. Outros países de governantes sérios têm desistido dessa competição e da Copa do Mundo.
A Grécia quebrou com a realização das Olimpíadas. O Brasil não foi diferente, pois também houve superfaturamentos, obras desnecessárias, algumas mais criminosas como a destruição e desfiguração do Maracanã. E roubo, muito roubo, conforme vem provando a Lava Jato. Para isso, construíram cinco estádios a mais, não apenas quatro, pois o Morumbi tinha sido escolhido para os jogos da Copa em São Paulo. Mas vetado pela recusa do São Paulo F.C. em aceitar as obras feitas por empresas ligadas à FIFA, de custo bem acima... Entenderam? Por insistência de Lula, fez-se o Itaqueirão, impagável pelo Corinthians.
Situação semelhante à do desnecessário Engenhão, construído por César Maia, criador também da faraônica Cidade da Música, aproveitando um simples Pan- Americano, em 2006. O Engenhão acabou cedido praticamente de graça para o clube do ex-prefeito, o Botafogo, por apenas R$ 35 mil mensais de aluguel, por 30 anos. Por tudo isso, a quebra maior foi do Estado Rio. Ontem, o susto nas declarações do prefeito eleito Marcelo Crivella: de início, temos dinheiro apenas para a saúde. O que já é extremamente louvável, tratando-se da área de verdadeiro extermínio. Apesar de sempre transparente e correto, Crivella só não apontou o causador dos males, e não poderia, é óbvio: o prefeito Eduardo Paes, amigo de empreiteiras, concessionárias, empresários de um modo geral. Em especial, dos transportes, para quem anuncia novo aumento das passagens, com apenas três dias para completar o governo. Poderia deixar a decisão para o seu substituto, mas já sabe que será diferente. Crivella já se mostrou disposto até a reduzir o preço das passagens do BRT, também altíssima. Pior ainda, metrô e trens, fora da competência de Crivella. O metrô, mais caro que os ônibus (diesel) e os trens, apenas dez centavos menos caro. O próprio VLT, de poucos quilômetros de percurso, e já começa com preço de ônibus urbanos e também privatizado. Um festão de sujeiras contra a sociedade. Embora nada tenha sido provado até agora, contra Paes, que está sendo investigado pela Lava Jato e o Ministério Público, a sua prática tem sido no mínimo suspeita, com obras faraônicas, inclusive. Também desnecessárias como o VLT, recusado pelas grandes cidades em todo o mundo, e o BRT, pela Avenida Brasil, onde existe, há décadas e com sucesso, a seletiva que dá velocidade e exclusividade aos ônibus.
Vale lembrar que a dupla Cabral-Pezão, também “criou” o novo Museu da Imagem e do Som, em Copacabana e, pasmem, na Av. Atlântica, fora do centro cultural do qual eles tanto falam, e o teleférico do Alemão. Obra que se repetiria na Rocinha, não fosse a reação dos moradores que exigiam, sim, saneamento básico. O Museu está com as obras interrompidas há um ano, a exemplo do BRT, do Paes, na Av. Brasil. E o teleférico, parado por tempo indeterminado. Tem obras também mal feitas, que até mataram, exemplo da ciclovia de São Conrado.
O resultado é o que sabemos: hospitais abandonados, restaurantes populares fechados, deixando, em especial, centenas de idosos sem café e almoço. Além de servidores, muitos praticamente sem comer, por não receberem salários, há meses, além do 13º. Entre outras ações criminosas por parte desse lixo político, que merece punição adequada, não apenas prisões.