EMANUEL CANCELLA -
“Receber salário indevido também é corrupção”, diz Kátia Abreu.
Num governo golpista, que quer impor um teto aos estados congelando orçamento e precarizando mais ainda a saúde e educação, é um acinte manter os privilégios e os salários dos parlamentares, ministros, juízes e de procuradores.
No artigo 37 inciso XI, o texto diz que a remuneração e o subsídio dos servidores públicos não pode “exceder o subsídio mensal dos ministros do Supremo Tribunal Federal”. Atualmente é de R$ 39.293. A farra do dinheiro público se dá, na maioria dos casos, nos próprios salários dessas castas e se agrava com pagamentos dos chamados penduricalhos, como auxilio paletó, viagens, diárias,cartão corporativo de ministros de estado, cessões extras, auxílio moradia (‘para quem tem moradia’), auxílio educação e por aí vai.
Segundo a reportagem do O Globo, de Marco Antônio Villa, de 02/06/2015: “Superior Tribunal de Justiça?”, somente a dois ministros aposentados, o STJ pagou quase 1 milhão de reais, em setembro do ano passado. Ele afirma: “Setembro é considerado o mês das flores. Mas no STJ é o mês do Papai Noel. O bom velhinho, três meses antes do Natal, em 2014, chegou com seu trenó recheado de reais. Somente a dois ministros aposentados pagou quase 1 milhão de reais. Arnaldo Esteves Lima ganhou R$ 474.850,56 e Aldir Passarinho, R$ 428.148,16 — os dois somados receberam o correspondente ao valor da aposentadoria de 1.247 brasileiros.
A ministra Assusete Dumont Reis Magalhães embolsou de rendimentos R$ 446.833,87, o ministro Francisco Cândido de Melo Falcão de Neto foi aquinhoado com R$ 422.899,18, mas sortudo mesmo foi o ministro Benedito Gonçalves, que abocanhou a módica quantia de R$ 594.379,97. Também em setembro, o ministro Luiz Alberto Gurgel de Faria recebeu R$ 446.590,41. Em novembro do mesmo ano, a ministra Nancy Andrighi foi contemplada no seu contracheque com R$ 674.927,55, à época correspondentes a 932 salários-mínimos, o que — incluindo o décimo terceiro salário — um trabalhador levaria para receber 71 anos de labuta contínua” (1).
Já adianta a senadora Kátia Abreu: “Receber salário indevido também é corrupção'. Relatora da comissão criada para vasculhar contracheques que ultrapassem o teto legal, senadora diz que não quer 'fulanizar' a discussão, mas mira em 'efeito cascata' do Judiciário” (2)
Enquanto a farra do dinheiro público se estabelece no país em crise, os presidentes, do STF e do TST, miram no salário já minguado dos trabalhadores. E, sem olhar para seus próprios e altíssimos salários, focam nos direitos trabalhistas e previdenciários, até então garantidos pela CLT. Dizem as duas autoridades desses tribunais, supremo e superior, que o negociado deve se sobrepor ao legislado.
Com essa sinalização de nossas autoridades, adeus 13°, férias de 30 dias, semana de 40 horas, etc. A Petrobrás já sinalizou querendo rebaixar o pagamento de hora extra dos funcionários e tem muito trabalhador ameaçado de ficar sem 13º.
Enquanto nos governos do PT, segundo o Dieese, até 80% das categorias recebiam aumento real de salário, agora, no governo golpista, nenhuma categoria de trabalhador, mesmo com greve, nas negociações, está tendo aumento real de salário (3,4). E a PEC 55, da morte ainda vai limitar drasticamente o aumento do salario mínimo e os valores das pensões e das aposentadorias pagas pelo INSS.
No Estado do Rio de Janeiro, o governador, com apoio de uma maioria na Alerj, queria descontar 30% dos salários do funcionalismo, acabar com o aluguel social e outras malvadezas com os funcionários, como professores e policiais.
Enquanto isso, a presidente do STF, o PGR e o juiz Sérgio Moro fazem uma cruzada contra a aprovação da punição de juízes e procuradores nos crimes de responsabilidade. Será que nossos magnânimos juízes e procuradores esqueceram que, em nosso direito, ninguém está acima da lei?
Na verdade, juízes e procuradores travam uma queda de braço por interesses corporativos. Os parlamentares querem se defender das investigações que, na maioria dos casos, é seletiva.
E os juízes e procuradores estão com medo de serem responsabilizados por uma série de barbaridades praticadas sem o amparo legal, como denunciar sem provas, prender sem o devido processo legal, vazar delação, principalmente os seletivos, grampos ilegais, etc.
Se receber salário indevido também é corrupção', como diz Kátia Abreu, a sociedade quer saber como fica a situação dos parlamentares, juízes, procuradores e ministros que se locupletam com o dinheiro público?
Fonte:1-http://oglobo.globo.com/opiniao/superior-tribunal-de-justica-163264772-http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,receber-salario-indevido-tambem-e-corrupcao-diz-katia-abreu,100000893423-http://www.ptnacamara.org.br/index.php/outras-noticias/item/3018-dieese-80-dos-sal%C3%A1rios-subiram-mais-que-a-infla%C3%A7%C3%A3o-em-20094 http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/05/160505_legado_pt_ru
*Emanuel Cancella que é da coordenação do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)