CARLOS CHAGAS -
A partir de hoje, e até o dia 2 de janeiro, tudo funcionará no País em meia intensidade. Na indústria, no comércio, nos serviços, a sociedade restringirá parte de seus esforços, adotando apenas um pedaço de seu potencial na produção de obrigações e deveres rotineiros. Nada haverá que criticar. O Natal, assim como o Ano Novo, pouco depois, incluem-se naqueles dias em que por motivos menos religiosos e mais necessários à sobrevivência, a cada cidadão e a cada família é concedida uma espécie de refrigério em meio ao sacrifício permanente do ano inteiro.
Há, no entanto exceções. Certas atividades impõem redobrado vigor, dadas as contingências da vida. Os trabalhadores nos transportes públicos, por exemplo. Condenam-se a maior empenho na execução de suas tarefas. Enquanto pais, filhos e amigos aproveitam as horas de lazer para recarregar a baterias, seja esperando Papai Noel ou preparando as ceias e festejos que os parcos salários permitem, esses sacrificados funcionários encarregados de transportar a população desdobram-se em permanentes atividades suplementares. Na faina de assegurar transporte ao povo em festa, enfrentam duplas jornadas nos trens, ônibus, metrôs, navios, aviões, taxis, restaurantes e atividades similares, para sustentar a massa afinal satisfeita.
Dirão muitos que em cada profissão e em cada período da vida em sociedade essas situações se repetem, sacrificando-se uns em prol do conjunto.
O problema é que agora, às vésperas do Natal e do Ano Novo, a vez é dos trabalhadores em transportes públicos e penduricalhos. A hora seria de compensações. Que tal duplicar-lhes os salários, nesses períodos, oferecendo a justa retribuição pelo sacrifício que há décadas sofrem sem nenhuma contrapartida? Eis o início de uma reviravolta capaz de inaugurar novos tempos nessa quadra em que ao trabalho nada se concede.