MIRANDA SÁ -
“A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada”. (Rui Barbosa)
A palavra “bangu” é de origem tupi – “bang _ú” – com o significado de “paredão escuro”. É dicionarizado como adjetivo de dois gêneros e substantivo de dois gêneros, nomeando um bairro de classe média do Rio de Janeiro. Nos primórdios, os índios que atravessavam o Campo de Gericinó davam de cara com a Serra do Medanha, vendo-se de longe como um cerrado alto e enegrecido.
À sombra do Maciço da Pedra Branca surgiu em 1673 um povoado com a fundação do Engenho Bangu, aproveitando a mão de obra indígena e, pela acumulação desordenada dos bagaços da cana para servir de combustível ao forno, criou uma gíria, “banguna”, fazer as coisas a bangu, agir desorganizadamente.
Mas a desorganização não atingiu a Fábrica Bangu, uma grande indústria têxtil, pioneira do Estado do Rio. Foi um investimento inglês com capital financeiro e humano, pois trouxe do Reino Unido vários técnicos, que além da confecção de qualidade, fundaram um dos primeiros clubes de futebol do Brasil, o “The Bangu Athletic Club”, que mais tarde abrasileirou o nome para Bangu Atlético Clube.
Assim nasceu um dos clubes mais tradicionais do futebol do Rio de Janeiro com a participação dos gringos pioneiros do futebol nacional, operários da fábrica, muitos negros, derrubando a visão elitista dos outros clubes cariocas.
No famoso bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro foi criado o “Complexo Presidiário de Bangu”, que, embora situado no Distrito de Gericinó, que virou bairro, e mesmo assim a prisão não perdeu a designação de Bangu.
É sobre esta prisão que pautamos este artigo, agora que não abriga somente criminosos comuns, mas importantes personalidades da política nacional. Lá, já se encontra cumprindo cadeia o ex-governador Sérgio Cabral, e está à espera de outro ex-governador, Garotinho, que adiou o encarceramento por uma engenhosidade digna do patife que é.
Esta situação, além de um prenúncio para um Brasil livre de corruptos e o augúrio de que a varredura da Lava Jato não está esmorecendo, como querem os picaretas do Congresso Nacional e seus cúmplices.
Garotinho, embora um malandro arguto, não cobre letra para Cabral. Fica na casa dos milhões, enquanto Cabral, que recebeu uma atenção especial da Operação Calicute, é do refinado clube dos bilhões.
Preso no dia 17 deste novembro aziago para os políticos – Garotinho denunciado por crime eleitoral; a mulher, Rosinha cassada como prefeita de Campos; e a filha Clarissa, expulsa do partido que a elegeu deputada.
Novembro agourento também para Geddel Vieira, ao melar o que restava de esperança de postura no Governo Temer, que mostrou seu lado vacilante e covarde ao recear que a prisão do mega-corrupto Lula provoque “instabilidade” no País. Não confia na maioria do povo brasileiro que quer Lula na cadeia!
Cabral deu igualmente um mergulho no mau agouro, tendo a cabeça raspada após chegar ao complexo penitenciário de Gericinó. E vestiu o uniforme usado pelos presidiários determinado pela Secretaria de Administração Penitenciária.
Arrogante e presunçoso, quando ocupava o poder, Cabral foi humilhado junto com sua mulher, Adriana Ancelmo, quando levados para a Polícia Federal do prédio onde moram, sob gritos dos vizinhos chamando-os de “bandidos” e “ladrões”.
Adriana foi solta por algum tempo, pois seu comprometimento na corrupção é inegável; e Cabral continua preso por suspeita de desvios em obras do governo estadual feitas com recursos federais e por receber “mesadas” entre R$ 200 mil e R$ 500 mil de empreiteiras.
Por causa de Sérgio Cabral e sua associação com Lula da Silva, o Rio de Janeiro está a bangu, literalmente, e ele em Gericinó… rsrsrs.