HELIO FERNANDES -
Depois de 12 minutos na tribuna, abrindo a Assembleia Geral, o presidente interino do Brasil, desceu para plenário mais desconhecido do que quando subiu. E, enquanto falava, os representantes conversavam, liam jornais, raros olhavam para o orador. E os que olhavam, não entendiam nada,estavam sem fone de ouvido.Mas não perdiam alguma coisa importante.
Temer não apreendeu a grandeza do momento, discursou como se estivesse fazendo campanha municipal, como a que se realiza no Brasil. Começou tentando explicar a afirmação da véspera, a respeito de refugiados. Garantiu que "o Brasil recebeu 95 mil refugiados", inverdade que ficou evidente. Tentou corrigir assim: "Desde 2010, recebemos 86 mil refugiados do Haiti, o que mostra que estamos sempre abertos á cooperação internacional".
Falsidade que não convenceu ninguém. O Brasil, desde 2004 cumpre missão de proteção no país. E os 85 mil haitianos que vieram para cá, escapavam do terremoto que matou centenas de milhares. (Incluindo uma brasileira de grande importância, em missão de caridade. Irmã do grande Cardeal Evaristo Arns). E os haitianos continuam chegando, é só atravessar pelo Acre.
Considerando que explicara o erro, sem receber nenhum aplauso, passou ao segundo item programado; a salvação do mundo. Aí, divagou sem constrangimento, "ensinando" como o mundo tem que agir para "acabar com a desigualdade, que é a preocupação geral'.
Meteu no meio,a afirmação descabida e inverídica: "O Brasil "utiliza a maior participação de energia limpa do mundo". Incompreensível para os brasileiros , palavras sem repercussão para os que estavam no plenário. Ouviam, não entendiam,esperavam que acabasse logo.Estava perto.
Não podia terminar, sem "exaltar a fortaleza da democracia brasileira". O próprio Temer, como presidente indireto, ao vivo mas não a cores,mostrava a improcedência do que afirmava. Suas ultimas palavras, ele merece a transcrição: "Foi uma crise ocasional, mas que garantiu o fortalecimento cada vez mais solido da democracia brasileira. Que não corre nenhum perigo".
PS- Nenhum aplauso, perdão, alguns fingiam apoiar. Para o repórter, a tristeza e o lamento do espetáculo medíocre. Muitos irão pensar que Temer realmente é o presidente dos brasileiros.