13.9.16

TÁXIS "PARAGUAIOS" OU "ILEGAL" E DAÍ?

PEDRO PORFÍRIO -


Definitivamente, essa questão do Uber é o fim da picada, que a toda atividade legal afeta, mas que permanece intocável como o jogo do bicho e a exploração da prostituição.

É o retrato sem retoque dos podres poderes, com seus podres políticos e um cordão de dominados pela HIPOCRISIA PODRE como remédio de compensação.

O carro da Uber não tem nenhuma licença e nenhum registro para operar no mercado de transporte individual de passageiros. Não está sujeito a vistoria, a uma porrada de taxas e nem a fiscalização.

O Uber é a prova mais eloquente de que estamos sujeitos a autoridades fracas, quando se trata de deixar correr solta a pirâmide que está levando ao desespero a todos – desde os profissionais legalizados, entre eles os sempre explorados diaristas, até mesmo aos próprios piratas que embarcaram nessa canoa furada.

O mais grave nisso, porém, é o comportamento das vítimas, os profissionais que não são cegos, mas parecem incapazes de ver o jogo duplo de alguns políticos que usam e abusam da sua falta de espírito crítico, às quais oferecem leis que não pegam, por que são apenas leis eleitoreiras.

O Uber não é legalizado e nem pode ser. Ou se pode, todas as vans também podem, gostem ou não os donos das empresas de ônibus, que são também os donos da cidade.

Não pode ser legalizado porque, individual ou não, é um serviço público já prestado há quase um século por taxistas sujeitos ao rigor de todas as fiscalizações, aliás expostos a todo tipo de pressão, como a suspensão da carteira, embora seja o táxi o seu ganha pão.

Mas é preciso reconhecer: o problema não é só das autoridades ou eventualmente da Justiça. É de uma classe não representada, que adora ser enganada, e de uma opinião pública apertada pela crise, que não se incomoda de pegar um "táxi paraguaio", desde que pague menos, porque o seu dinheiro está se evaporando.

Tivesse um sindicato sério e algumas lideranças decentes, de não aproveitadores, o transporte tradicional de passageiros não estaria sucumbindo a esse massacre. Que deveria ser enfrentado com coragem e determinação pelos antigos profissionais, nos quais a população ainda pode confiar.

Dentro de 3 semanas, teremos uma eleição municipal. Seria uma boa oportunidade para virar o jogo. Mas estarão os taxistas devidamente esclarecidos quanto a esse momento crucial? Ou vão preferir entregar o ouro aos bandidos?

Essa é pergunta dramática que fica no ar.

*Escrito originalmente no facebook.